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Hino do Corinthians ganha versão inédita feita pela Orquestra Filarmônica da USP

Música é orquestrada por Rubens Russomano Ricciardi, neto de um de seus autores da composição original

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Por Raul Vítor
Atualização:

Rubens Russomano, neto de Edmundo Russomano, autor da melodia que dá ritmo ao Hino do Corinthians, seguiu os passos de seu avô e, quase 70 anos depois da composição original, gravou uma versão musical inédita para acompanhar os populares versos que enaltecem o clube alvinegro há décadas. Rubens Russomano Ricciardi é professor do Departamento de Música da USP de Ribeirão Preto. Ele explicou ao  Estadão que uniu dois fatores para criar a nova versão do Hino do clube, interpretada pela USP Filarmônica.  

Hino do Corinthians ganha versão inédita feita pela Orquestra Filarmônica da USP Foto: Reprodução

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O primeiro fator está relacionado à sua linha de pesquisa, que busca "a reconstrução de memória da música brasileira desde o período colonial, com edições críticas e também novas versões de repertórios antigos". Já o segundo relacione-se estritamente à história de sua família. "Meu tio, Adelino Ricciardi, foi editor da Revista Corinthians nos anos 40 e 50 do século passado. Ele teve a iniciativa, em 1952, de compor novas obras musicais dedicadas ao Corinthians, com letras inspiradas em manchetes de sua revista. Tanto que a letra de Lauro D'Ávila inclui esses slogans anteriores, como 'o campeão dos campeões' e 'és do Brasil, o clube mais brasileiro'. Daí, meu tio convidou meu avô, Edmundo Russomanno, para colocar a música no papel. Depois ela se consolidou como novo Hino do Corinthians", conta o professor.

Edmundo Russomano era compositor de sambas e dobrados. Ele explica que é por isso que o Hino Alvinegro possui "potencial sinfônico" com esses dois gêneros. Na nova versão da música, Rubens fez uma homenagem ao seu falecido avô e acrescentou alguns instrumentos inéditos à obra. "Resolvi experimentar uma nova versão, com violões para conferir um toque dos chorões populares, percussão para caracterizar a marcha-samba, orquestra de cordas para ousar mais no contraponto e a clarineta pelo seu brilho timbrístico, que era o instrumento que meu avô tocava", afirma.

Em decorrência da pandemia e, consequentemente, do isolamento social, o resultado final da obra foi feito em vídeo. Cada músico gravou sua parte e enviou para Vitor Zafer, compositor e ex-aluno da USP de Ribeirão Preto. Ele juntou parte por parte, como se fosse um quebra cabeça, e alinhou a entrada de cada instrumento para que tudo ficasse ordenado em um só ritmo.

"A versão inédita da obra é de suma importância para contribuição histórica e artística do Corinthians. A recuperação de Russomanno é de gigantesca importância em todos os sentidos. Deixa um legado que honra o passado e projeta um brilhante futuro", avalia Fernando Wanner, curador do Memorial do Corinthians.

Rubens, o garoto loirinho, com familiares, entre eles o tioAdelino Ricciardi, de gravata Foto: Arquivo Pessoal

A nova composição é dedicada ao ex-jogador e ídolo alvinegro, Sócrates, ícone da Democracia Corintiana. "O Dr. Sócrates foi médico formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, portanto, tinha forte vínculo com a USP. Ele sempre demonstrou também forte gosto pela música de concerto das personalidades mais queridas em nossa cidade. Além disso, o Magrão atuou na liderança da Democracia Corintiana. Por causa das recentes ameaças à democracia, entendi que esse era o momento de somarmos a arte ao pensamento crítico", explica Rubens. 

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