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Ibirapuera se transforma no parque dos gringos

Ibirapuera vira point diurno entre estrangeiros durante a Copa

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

No campo de futebol, turistas holandeses e mexicanos tentam fazer uma prévia das oitavas de final. Na beira do lago, irlandeses curtem a ressaca e dão telefonemas atrás de ingressos de última hora, na tentativa de ver nesta quinta-feira Coreia do Sul e Bélgica. Dentro do Museu Afro-Brasileiro, uma TV belga mostra obras de arte para oito crianças loiras e com chapéus vermelhos e amarelos. O colombiano e a australiana, que se conheceram no hostel, decidem não assistir a nenhum jogo ontem e passar o dia fazendo piquenique. Se a Vila Madalena é o ponto de encontro dos turistas da Copa durante a noite, o Parque do Ibirapuera, na zona sul da cidade, é o lugar dos estrangeiros quando o sol brilha em São Paulo. Nos últimos dois dias, foi quase impossível andar por ali sem esbarrar em chilenos, belgas, coreanos e italianos. Muitos vão atraídos pelo recente ranking que colocou a principal área verde da capital paulista, de 1,4 milhão de metros quadrados (um terço do tamanho do Central Park, por exemplo), como o oitavo melhor parque do mundo. "E, quer saber? Esse é mesmo um dos parques mais bonitos que já conheci. Tem espaços democráticos, com skatistas juntos com os turistas, áreas para cachorros. Gostei muito de São Paulo no geral", comentava o belga Geers Rogers, de 55 anos, dono de um açougue em Bruxelas. Ele veio com a amiga Stephanie D'Vier, de 26, e um grupo de 40 amigos.

Grupo acompanha equipe de TV belga Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os belgas, aliás, estavam ontem por toda a parte no parque. Frederic Beaupere, produtor da Belgiun TV RTBF, trouxe para o País oito crianças que ganharam ingressos para a partida desta quinta, no Itaquerão, na zona leste. "É um país tão diferente do nosso, as crianças estão encantadas. E o Museu Afro é um dos melhores que eu já vi", afirmou o belga. O relato do produtor de TV é o mesmo de outros europeus que dizem ter ido ao parque para ver o acervo do Museu Afro-Brasileiro. "Quando a gente fala do Masp, eles já dizem que não querem, porque só tem arte europeia. E é incrível como esses turistas estrangeiros da Copa, principalmente o europeu, já vêm sabendo os lugares aonde ir. O Museu Afro-Brasileiro tem sido minha principal saída todos os dias", afirma o guia Bruno Ferrari, de 49 anos, que ontem servia como tradutor para um grupo de 60 belgas. RESSACAMas teve turista também que só queria ficar deitado no gramado, lendo e curtindo a ressaca. Como o grupo de amigos irlandeses Johnny Brennan, de 31 anos, Louise O'Farrell, de 28, Sabrina Deveraux, de 30, Richie Egan, de 30, e Kieth Egan, de 26. "Esse lugar é adorável, encantador", disse Louise. Muitos estrangeiros de diferentes nacionalidades, que se conheceram durante a Copa, também passeavam juntos pelo parque. O colombiano James Caleron, de 26 anos, conheceu ontem a australiana Kimberly Post, de 34, no hostel em que estão, no centro. E ambos desistiram de assistir à partida entre Argentina e Nigéria. No parque ainda conheceram o holandês Thom Van Der Menlen, de 23 anos. "Chega de tanto ver futebol o dia inteiro. Daqui, vamos direto para a Vila Madalena", comentou o holandês. E no Ibirapuera havia até quem não soubesse quais países disputam a Copa. Como os suecos Adam Bott, de 27 anos, e Asa Ekman, de 25. "Não estou nem aí com essa Copa. Estamos viajando pelo Brasil", admitiu Asa, que fazia piquenique no parque no final da tarde. DISPUTAEstrangeiros que estavam com saudades de bater uma bolinha, instigados pelas partidas da Copa, também puderam jogar futebol no Ibirapuera. Um dos campos virou uma espécie de prévia das oitavas de final entre Holanda e México. A partida foi organizada pelo mexicano Zayed Rodriguez, de 30 anos. "Vi que havia holandeses no nosso hotel, já vi que tinha campo aqui. Aí, eles chamaram outros amigos. Vamos dar uma surra neles agora", brincou o mexicano antes da partida. Após 15 minutos, porém, os holandeses já ganhavam de 2 a 0. Procurada pela reportagem, a Prefeitura informou que 148 grupos guiados de estrangeiros visitaram o parque desde o início da Copa. Em fins de semana comuns, o local recebe, em média, 200 mil pessoas.

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