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Ídolo na Arábia, Marcelinho prepara volta

Por Agencia Estado
Atualização:

Atraídos por salários milionários, muitos jogadores brasileiros abandonaram o atual Campeonato Brasileiro e foram se aventurar em países com futebol desconhecido e sem destaque na mídia. Um deles foi o meia Marcelinho Carioca, que saiu do Vasco para ser reverenciado no Al-Nassr, da Arábia Saudita. Lá, ele é comparado a Rivellino, que também foi ídolo no Corinthians, e toda vez que deixa sua marca, é saudado efusivamente pela torcida com o grito: "Carioca Good" (Carioca Bom). Apesar do sucesso, Marcelinho já cogita a possibilidade de mudar de ares. Nesta entrevista para a Agência Estado, o jogador revela o seu medo com os atentados terroristas, diz que tem proposta de clubes brasileiros, fala do amigo Vampeta e confirma o desejo de voltar a vestir a camisa da seleção brasileira. A rigidez das leis locais e o controle dos dirigentes se fizeram presente quando a conversa com o atleta já caminhava para o final. Marcelinho, por três vezes, pediu um tempo para falar com alguém no local onde se encontrava. Quando voltou, começou a cochichar e alegou que estava escondendo o celular. De repente, a ligação caiu. Mais tarde veio a explicação. Os jogadores não podem falar no celular na concentração. AE - As notícias que chegam aqui no Brasil são as melhores possíveis sobre suas atuações no Al-Nassr. Por que a decisão de deixar o clube? Marcelinho - Moro numa zona diplomática. Há duas semanas, um carro-bomba destruiu um prédio que fica a 800 metros da minha residência. Estava em um supermercado próximo e só ouvi o barulho. Quando fui para rua, vi tanques de guerra, soldados armados parando vários carros. Só tinha visto isso no cinema. Gelei completamente. Fui na embaixada brasileira para saber se havia esquemas de emergência para deixar o país. Um rapaz me tranqüilizou dizendo que isso tudo era comum. Vi muita gente indo embora. AE - O seu contrato só termina em maio de 2004. Você pensa em cumpri-lo ou já quer deixar o Al-Nassr o quanto antes? Marcelinho - A princípio eu pretendo cumprir meu contrato. Mas já decidi que não vou renovar de jeito nenhum. Pode ser um caminhão de dinheiro que eu não fico. Dependendo de algumas propostas posso até rescindir meu contrato este mês. Posso ir para a Europa, já que agora vai abrir a temporada de contratações, ou então voltar ao Brasil. AE - Você tem propostas de clubes brasileiros? O Corinthians seria um deles? Marcelinho - Tenho proposta de alguns clubes brasileiros, mas não posso revelar os nomes. Quanto ao Corinthians, minha história lá foi muito bonita e não descarto a possibilidade de um retorno no futuro. Mas, no atual momento, tem pessoas no clube que se julgam mais importantes do que os títulos e glórias conquistadas no período que estive lá. Eles sempre vão fazer de tudo para impedir minha contratação. AE - O Vampeta declarou recentemente que gostaria de vê-lo de volta no Corinthians. Você ficou sabendo disso? Marcelinho - Claro que sim. Fiquei muito feliz com as declarações do Vampeta porque, assim como eu, ele é um jogador que nunca se omitiu em campo e sempre se doou ao máximo pelo Corinthians. E, além de tudo isso, é meu amigo. AE - Apesar do clima de guerra, você é admirado na Arábia, chegando a ser comparado com o Rivellino. Como isto aconteceu? Marcelinho - O Al-Nassr está em segundo lugar no Campeonato Árabe e sou o artilheiro da equipe com 11 gols, em 13 jogos. A comparação com o Rivellino surgiu por causa das cobranças de falta (fez 6 gols desta maneira). Eles queriam saber os mistérios das cobranças. Somente disse que tive a felicidade de ver o Zico treinando quando eu ainda era juvenil do Flamengo. E, depois, desenvolvi meu estilo próprio. AE - Com esta sua boa fase no futebol árabe, você ainda sonha em voltar a vestir a camisa da seleção brasileira? Marcelinho - Enquanto eu estiver jogando, vou continuar pensando na seleção. Em 1998, meu ciclo foi cortado porque o Vanderlei Luxemburgo não me deixou continuar. Mas não guardo mágoa dele. Na minha carreira, eu só não ganhei a Taça Libertadores da América e uma Copa do Mundo. Ainda vou lutar bastante por estes dois títulos. AE - Como o Campeonato Árabe não tem a mesma visibilidade do que um Espanhol ou Italiano, não fica difícil para o Carlos Alberto Parreira acompanhar seu desempenho e, assim, poder convocá-lo? Marcelinho - Tanto o Parreira quanto o Zagallo sabem do meu potencial. Sabem que eu sempre mantive uma regularidade e que sempre estou à disposição da seleção. Não preciso provar mais nada para garantir uma convocação. Respeito o trabalho de ambos e tenho certeza que, mais cedo ou mais tarde, serei convocado.

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