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Entenda: o que sabemos sobre o incêndio no CT do Flamengo

Dez pessoas foram mortas e três ficaram feridas após local pegar fogo na manhã do dia 8 de fevereiro

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Por Daniel Batista
Atualização:

Um incêndio no CT do Flamengo, em Vargem Grande, zona oeste do Rio, nas primeiras horas da manhã do dia 8 de fevereiro, causou a morte de dez pessoas e mais três ficaram feridas. O local em que os jovens da base do clube ficavam alojados pegou fogo por volta das 5h. O Estado explica, em tópicos, o que aconteceu nessa tragédia, que abalou o esporte em todo o mundo.

Todos os dez corpos foram reconhecidos. As identificações foram feitas através de análises de arcadas dentárias ou pelas digitais dos atletas. São eles: Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Pablo Henrique, Vitor Isaías, Gedson Santos, Áthila Paixão, Christian Esmério, Rykelmo Viana, Jorge Eduardo dos Santos e Samuel Thomas.

Visão aérea de como ficou o CT do Flamengo Foto: Fabio Motta/Estadão

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Arthur Vinícius foi enterrado no dia seguinte à tragédia, em Volta Redonda, no Rio, data em que completaria 15 anos. Pablo Henrique, primo do zagueiro Werley, do Vasco, foi o primeiro a ser encontrado nos escombros e foi velado na cidade de Oliveira, a 150 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Bernardo Pisetta e Vitor Isaías são de Santa Catarina, para onde seus corpos foram levados. Outras vítimas que terão seus corpos transportados para outros estados são Áthila Paixão, de Sergipe, e Gedson Santos, do interior de São Paulo. Vitor Isaías, de Florianópolis, foi velado na manhã deste domingo (10).

O corpo do goleiro Christian Esmério foi sepultado por volta do meio-dia de domingo, sob forte comoção. O enterro levou pelo menos duas centenas de pessoas ao cemitério do Irajá, na zona norte do Rio. Antes de ser sepultado, a pedido do pai do jogador, foi cantado o hino do clube rubro-negro.

Uma das vítimas afirmou à Polícia que um aparelho de ar condicionado do alojamento possuía gambiarras em sua instalação. De acordo com o depoimento, ao qual a TV Globo teve acesso, o sobrevivente afirmou que o aparelho era menor que o local onde foi instalado e, para preencher o espaço restante, foram utilizadas madeiras e uma espuma. O Flamengo afirmou que o material que a compõe não favorecia a propagação de chamas. Já a Prefeitura do Rio afirmou que o clube rubro-negro não possuía autorização para manter um contêiner como forma de alojamento.

Quem são os jogadores que morreram no incêndio?

Todos os dez mortos tiveram seus nomes divulgados. O goleiro Christian, de 15 anos, foi a primeira vítima fatal identificada. A segunda vítima reconhecida foi Arthur Vinícius, zagueiro de 14 anos, e o terceiro corpo identificado foi o de Vitor Isaías, de 15 anos. Na sequência, Pablo Henrique da Silva Matos, Bernardo Augusto Manzke Pisetta, Gedson Corgosinho Beltrão dos Santos, Áthila de Souza Paixão, Rykelmo de Souza Viana, Jorge Eduardo dos Santos Pereira Dias e Samuel Thomas de Souza Rosa foram identificados, sendo que a morte dos dois últimos foi confirmada apenas no domingo (10).

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Qual foi o local do acidente?

A tragédia ocorreu em uma parte do CT Ninho do Urubu, local onde o Flamengo treina e os garotos da base ficam alojados. Veja mais detalhes abaixo. No local em que existia o alojamento, segundo a Prefeitura, deveria funcionar um estacionamento. O local não estava regular junto ao Corpo de Bombeiros.

Quais são as causas do incêndio?

Ainda haverá uma perícia para ter certeza do motivo, mas segundo relato dos jovens que conseguiram escapar do local, um ar-condicionado teve um curto-circuíto e provocou o início do incêndio. O Governo do Rio determinou que seja feita uma minuciosa investigação para saber o que aconteceu. Em nota oficial, o Flamengo afirmou que a espuma utilizada nos contêineres não favorecia a propagação de chamas.

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Qual foi o posicionamento do Flamengo sobre o incêndio?

Na figura do CEO do clube carioca, Reinaldo Belotti, o clube negou responsabilidade pelo incêndio. Em pronunciamento, o dirigente rebateu afirmação do Corpo de Bombeiros de que os contêineres eram um "puxadinho" e afirmou que as instalações eram consideradas "confortáveis". "Jogadores do time profissional do Flamengo e da seleção olímpica já passaram pelos contêineres". Ele falou, ainda, que o rubro-negro "não poupa esforços para dar o melhor aos seus jogadores". No entanto, a Prefeitura rebateu declarações do dirigente no domingo, ao informar que não liberou o contêiner onde os atletas estavam hospedados para ser utilizado como dormitório.

Antes, o presidente do clube, Rodolfo Landim, visivelmente emocionado, deu uma rápida declaração sobre o que aconteceu e prometeu apoio aos familiares de quem morreu. "Estamos todos consternados. Esta é certamente a maior tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos com a perda dessas 10 pessoas. Vamos agora tentar minimizar o sofrimento dessas famílias. Não vamos poupar esforços", afirmou. "O Flamengo também está colaborando com as autoridades. Ninguém tem mais interesse nisso do que nós. Por fim, quero dizer que nós todos no clube estamos de luto. É uma tristeza enorme que estamos sentindo. É o que posso falar para vocês", completou. 

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E o que acontece agora?

O Ministério Público (MP) do Estado do Rio de Janeiro convocou uma reunião para esta segunda-feira (11), entre autoridades do Estado, da Prefeitura do Rio e diretoria do clube carioca. O MP informou que o objetivo da reunião é buscar soluções "imediatas" relativas às famílias atingidas, além de assuntos relativos à regularização das instalações do clube. O Corpo de Bombeiros informou que o CT não tem o Certificado de Aprovação emitido pela corporação, enquanto que a Prefeitura do Rio emitiu nota declarando que os alvarás estariam irregulares.

Além de promotores do MP, o encontro desta segunda contará com a presença de representantes do Ministério Público do Trabalho - que já abriu investigação sobre o caso -, da Defensoria Pública do Estado, da Secretaria de Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da Prefeitura do Rio.

Ex-presidente do Flamengo é indiciado por homicídio

A Polícia Civil do Rio indiciou por homicídio o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, além de outras sete pessoas. O indiciamento se deve ao incêndio no Ninho do Urubu, o CT do Flamengo, no início de fevereiro. Na ocasião, dez jogadores da base do clube rubro-negro morreram, e outros três ficaram feridos. As informações são da Globonews.