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Itália começa a julgar passaportes

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dida não tem jogado no Milan por opção técnica. Mas o ex-titular da seleção pode ficar muito tempo fora da equipe milanesa por decisão judicial. O atleta brasileiro é um dos estrangeiros que correm risco de suspensão por utilização de passaportes falsos. Alguns dirigentes também estão envolvidos no processo aberto nesta segunda-feira pelo Tribunal de Disciplina da Federação Italiana de Futebol. A primeira reunião do tribunal para tratar de fraudes na obtenção de documentação "européia" foi confusa. Nenhum dos jogadores acusados compareceu à sessão, em Milão, e os advogados dos clubes e dos cartolas tentaram recorrer à tese adiamento como melhor opção para "facilitar os trabalhos". O único que obteve sucesso nessa estratégia foi o representante da Sampdoria, clube genovês da Segunda Divisão. Como houve falhas nas intimações para os depoimentos dos africanos Mekongo Ondoa, Francis Zé e Thomas Job, o tribunal decidiu analisar esses casos só em maio. O mesmo não deve acontecer com Dida e outros brasileiros, como Dedé e Jeda (Vicenza), Thiago Henrique (ex-juvenil da Inter), mais Alberto, Warley, Jorginho - todos contratados da Udinese. Além deles, há os uruguaios Alvaro Recoba (Inter) e Da Silva (Udinese). Esse grupo entrou na mira do promotor Carlo Porceddu e deve saber, no máximo até quarta-feira, o que lhe reserva o destino. Se prevalecer a intenção de Porceddu, ninguém escapa de suspensões, que podem variar de três meses a um ano. Punição idêntica foi solicitada para alguns dirigentes. O responsável pelo processo acena ainda com a ameaça de tirar oito pontos dos três clubes, a serem descontados na atual temporada. "Trata-se de processo absurdo", rebateu Giuseppe Prisco, advogado da Inter. "Estamos discutindo eventuais danos provocados por uma norma racista, que limita o direito ao trabalho de jogadores de fora da comunidade européia". Prisco refere-se ao fato de atletas que vêm principalmente da América do Sul e da África procuram antepassados que lhes garantam o direito de obter passaporte europeu e a liberdade de jogar no continente. O problema é que nem sempre os "parentes" existiram. A indústria de passaportes falsos só vai acabar, na opinião de Adriano Galliani, vice-presidente do Milan, quando houver liberação total. "E será logo", prevê. "Acredito que, dentro de um ano, não haverá mais essa discriminação entre comunitários e extracomunitários".

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