Publicidade

Itália usa malandragem para derrotar a França e fatura a Copa de 2006

Equipe da Velha Bota derrota franceses de um Zidane em grande fase nos pênaltis e é tetracampeã

PUBLICIDADE

Por Renan Cacioli
Atualização:

A Copa das improbabilidades. Seria uma boa definição para a edição disputada em 2006, na Alemanha. A seleção mais vistosa da época acabou eliminada enquanto um de seus protagonistas ajeitava o meião, o candidato a craque do torneio se aposentou do futebol dando uma cabeçada no peito do zagueiro adversário e o país envolto em escândalo nacional de manipulação de arbitragem ficou com a taça após ganhar sua primeira decisão por pênaltis na história dos Mundiais.

Confira a página especial sobre a Copa do Mundo de 2018

ESPECIAL - 15 anos do Penta, nossa última conquista

Depois do título da Copa dos Confederações no ano anterior, com direito à goleada por 4 a 1 sobre a Argentina na decisão, tendo estrelas mundiais do calibre de Ronaldinho Gaúcho e Kaká no auge, alguns astros ainda com lenha para queimar, a exemplo de Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo Fenômeno, além de diversos “coadjuvantes” de luxo (Robinho, Adriano e Juninho Pernambucano, entre outros), o Brasil pisou em solo alemão carregado de favoritismo.

Cannavaro levanta a taça de campeão mundial. Foto: Jonne Roriz/Estadão

A campanha sem sustos, com quatro vitórias (Croácia, Austrália, Japão e Gana), pavimentou um caminho tranquilo até as quartas, quando se deparou com uma França já sem o brilho do time campeão mundial de 1998 e um Zidane prestes a se aposentar. Os franceses haviam feito uma primeira fase sofrível, com empates diante de Suíça e Coreia do Sul e vitória por apenas 2 a 0 sobre a modesta seleção de Togo. Nas oitavas, despacharam o embrião do que viria a ser a Espanha multicampeã dos anos seguintes, uma Fúria ainda imatura.

As coisas começaram a ficar esquisitas, porém, quando Zidane, até então em participação modesta para os seus padrões, desfilou chapéus e talento dos velhos tempos diante dos brasileiros, fazendo o fantasma de 98 surgir com força no Waldstadion, em Frankfurt. Aos 12 do segundo tempo, aconteceu o lance que acabaria menos lembrado pelo gol de Henry em cruzamento de Zizou e mais pelo lateral Roberto Carlos abaixado no canto da imagem da TV, arrumando o meião enquanto os franceses mandavam a bola em direção à área de Dida: 1 a 0 e fim melancólico de Copa para o time de Parreira.

Publicidade

Mas como aquela era a edição das contradições, veio o desfecho perfeito sintetizado pela final entre italianos e franceses.

Em 2006, o futebol italiano vivia o auge de um novo escândalo de arbitragem que assolara o campeonato nacional, a exemplo do que já havia ocorrido em 1982, antes do time faturar o tri. No decorrer do Mundial, houve até jogador deixando a concentração da Azzurra para ir prestar depoimento ao inquérito que resultaria, semanas depois, no rebaixamento de Juventus, Lazio e Fiorentina.

Em campo, porém, nada disso parecia abalar o desempenho da equipe dirigida por Marcelo Lippi. Sem nenhuma estrela, mas apoiado em um sólido sistema defensivo – que coroaria, posteriormente, o zagueiro Cannavaro com o prêmio de melhor jogador do mundo –, a Itália foi deixando a desconfiança para trás até chegar à final contra os franceses e, para desespero de sua torcida, a decisão por pênaltis após empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.

Até ali, os italianos haviam definido seu futuro em uma Copa na marca da cal em três ocasiões: derrotas para Argentina (semi de 1990), Brasil (final de 1994) e a própria França (quartas de 1998). Mas, definitivamente, havia algo de estranho no ar alemão. Afinal, pouco antes de as equipes cobrarem as penalidades, Zidane, o símbolo da elegância em campo, perdera totalmente a compostura na prorrogação e desferira uma cabeçada inesquecível no peito de Materazzi. De adeus aos gramados com um cartão vermelho e, do vestiário, viu pela TV um lateral de sobrenome Grosso (quanta ironia!) estufar as redes de Barthez para coroar o tetra da Itália.

FICHA TÉCNICA DA FINAL

ITÁLIA 1 (5) X (3) 1 FRANÇA

ITÁLIA: Buffon; Zambrotta, Cannavaro, Materazzi e Grosso; Camoranesi (Del Piero), Pirlo, Gattuso, Perrotta (Iaquinta) e Totti (De Rossi); Luca Toni. Técnico: Marcelo Lippi.

Publicidade

FRANÇA: Barthez; Sagnol, Thuram, Gallas e Abidal; Makelele, Vieira (Alou Diarra), Frank Ribéry (Trezeguet) e Zidane; Malouda e Henry (Wiltord). Técnico: Raymond Domenech.

GOLS: Zidane, aos 7, e Materazzi, aos 19 do 1º tempo; Pênaltis: Pirlo, Materazzi, De Rossi, Del Piero e Grosso (Itália); Wiltord, Trezeguet (errou), Abidal e Sagnol

ÁRBITRO: Horacio Elizondo (ARG)

CARTÕES AMARELOS: Zambrotta, Sagnol, Makelele, Malouda

CARTÃO VERMELHO: Zidane

DATA: 9 de julho de 2006

PÚBLICO: 69.000 pessoas

Publicidade

LOCAL: Estádio Olímpico, em Berlim

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.