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Jogadores africanos na Europa enfrentam temores sobre Ebola

Atletas que voltam aos seus clubes depois de dias na África são recebidos com temor e desconfiança pelas comissões técnicas

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Por Mark Gleeson
Atualização:

Os jogadores africanos que atuam em clubes europeus, especialmente aqueles que estão voltando para o continente depois das partidas das suas seleções, começaram nesta sexta-feira a sentir a reação motivada pelo surto do vírus Ebola.

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Um jogador de Serra Leoa foi orientado a ficar longe do seu time da Grécia depois de competir nas eliminatórias da Copa Africana de Nações, enquanto o ex-campeão francês Montpellier exigiu que o seu jogador fizesse exames médicos após retornar do continente africano.

O lateral da Costa do Marfim Siaka Tiene, que jogou nas duas partidas contra a República Democrática do Congo na última semana, recebeu pedido para realizar exames médicos ao retornar para o Montpellier na sexta depois de viagens para as cidades de Kinshasa e de Abidjan. 

Grupo de imigrantes de Guiné recebe orientações sobre o Ebola Foto: Fabiana Cambricoli/Estadão

"Pedir para ele ser examinado parece ser um passo prudente e lógico", disse o técnico do clube, Roland Courbis, para a Rádio Monte Carlo. 

Já John Kamara foi comunicado pelo time da segunda divisão da Grécia Lamia para ficar longe pelas próximas três semanas depois de ter retornado das partidas de Serra Leoa contra Camarões. 

Serra Leoa é um dos três países da África Ocidental que está no centro do pior surto de Ebola registrado na história que matou mais de 4.500 pessoas, mas as partidas da seleção foram realizadas em Camarões, onde não teve registro da febre hemorrágica, porque Serra Leoa está proibida de receber partidas internacionais. 

"É uma coisa de louco. O clube me disse que não deveria estar com eles pelos próximos 15 a 21 dias porque eu fui jogar na África e por conta do vírus Ebola", disse o jogador de 26 anos para a BBC nesta sexta. 

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"Eles deixaram bem claro que eu deveria ficar na minha casa e não ir treinar. Eu disse para o time que estou pronto para realizar qualquer exame médico que eles quiserem – até onde eu sei, não tenho o Ebola. Eu não entendo, mas tenho que respeitar a decisão deles", acrescentou. 

O período de incubação do vírus Ebola entre o período de infecção até o aparecimento dos sintomas é de dois a 21 dias, segundo explica a Organização Mundial de Saúde no seu website. 

Os jogadores de Serra Leoa ficaram confinados no seu hotel em Camarões e tiveram a sua temperatura checada duas vezes por dia. 

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Foi noticiado semana passada que o jogador da seleção da Guiné Lass Bangoura recebeu pedido do seu time, Rayo Vallecano, para não jogar nas eliminatórias da Copa Africana de Nações contra Gana, mas no fim o jogador do time espanhol não foi chamado para as partidas. 

O antigo jogador da seleção ganesa Michael Essien negou na segunda-feira os rumores que se espalharam na Internet que diziam que ele havia contraído o vírus. "O Ebola é uma questão muito séria e as pessoas não deveriam estar fazendo piada com isso", ele disse no Instagram. "Quem escreveu esse artigo é muito pouco profissional e insensível." O treinador do Newcastle United, Alan Pardew, disse que o seu time está trabalhando para criar planos para o retorno dos jogadores africanos das partidas das seleções."O nosso médico está analisando as opções que podem surgir e que podem protegê-los. É algo para se ter preocupação. Precisamos todos estar atentos", disse.

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