No Campeonato Inglês, a principal liga nacional do mundo, o jogador brasileiro é produto cobiçado e muito valorizado. Iniciado neste fim de semana, o torneio teve alguns dos principais clubes postulantes ao título investindo nos últimos dias na chegada de nomes do País para tentar evitar o bicampeonato do Manchester City. São 19 jogadores brasileiros em um torneio que cada vez mais aposta em grandes estrelas, em um cenário diferente ao dos primeiros anos da era Premier League, iniciada em 1992.
“Na minha época já havia organização impressionante, estádios cheios e gramados impecáveis, mesmo no inverno. O que mudou foi que o jogo se tornou menos físico com a abertura para a chegada dos estrangeiros”, relembrou Juninho Paulista ao Estado. Ele foi o segundo jogador brasileiro a atuar na Inglaterra, tendo sido contratado em 1995 pelo Middlesbrough – o primeiro foi o atacante Mirandinha, que deixou o Palmeiras em 1987 e foi para o Newcastle.
Fechada na quinta-feira, a janela para contratações dos participantes do Inglês movimentou 1,2 bilhão de libras (cerca de R$ 5,8 bilhões), sendo que uma parcela significativa desses gastos envolveu brasileiros.
Campeão com cem pontos na temporada 2017/2018 – 19 à frente do vice Manchester United –, o City é o clube com mais brasileiros no elenco (Danilo, Fernandinho, Ederson e Gabriel Jesus). E o time só não ganhou um quinto nome agora porque o clube não conseguiu visto de trabalho para o volante Douglas, ex-Vasco, que deverá ser emprestado nos próximos dias, após atuar nos últimos meses pelo espanhol Girona.
Finalista da última Liga dos Campeões, mas sem faturar o título inglês desde 1990, antes do início da era Premier League, o Liverpool conseguiu passar pelo Manchester City na sua campanha no torneio continental na temporada passada, embora tenha ficado a 25 pontos na classificação no Nacional. E agora tenta superá-lo “em casa”. Para isso, o time conhecido pelo seu poder de fogo, com um trio ofensivo formado por Salah, Firmino e Mané, olhou para o sistema defensivo. Já contando com o zagueiro mais caro do mundo, o holandês Virgil van Dijk, agora terá também o segundo goleiro mais caro do mundo, o brasileiro Alisson, que chega após ser titular da seleção na Copa do Mundo. Além disso, tirou Fabinho do Monaco, em uma aposta para dar mais consistência ao seu meio-campo.
“Não demorei para dizer ‘sim’ porque se fosse para sair do Monaco, seria para uma equipe que iria brigar por todos os títulos, como é o Liverpool. E vim para uma liga que gostaria de conhecer”, disse Fabinho, ao Estado. “A equipe foi montada para brigar por títulos.”
Rival direto do City, o Manchester United também apostou na chegada de um brasileiro para o seu meio-campo: Fred. A confiança no clube é de que ele dê solidez ao time e, também, mais liberdade a Pogba.
Longe dos seus melhores momentos, mas ainda assim ostentando nove títulos ingleses, o Everton também apostou em brasileiros. Gastou 39,2 milhões de euros (R$ 172,8 milhões) para tirar Richarlison do Watford e aproveitou o fim do contrato de Bernard com o Shakhtar Donetsk para contratá-lo sem precisar pagar nada ao clube ucraniano.
Entre esses reforços há algo em comum: nenhum desses jogadores chegou do Brasil, sendo contratados após passagens por times europeus, onde se firmaram. Já deixaram de ser meras apostas e chegam experimentados para ajudarem a elevar o nível dos clubes.
Foi o que fez também o Chelsea, ao tirar o brasileiro naturalizado italiano Jorginho do Napoli quase após a chegada do técnico Maurizio Sarri ao clube, para contar com o seu controle do ritmo de jogo, investindo 50 milhões de libras (R$ 246,5 milhões) na contratação.
Além disso, o West Ham tirou Felipe Anderson da Lazio, enquanto o Brighton contratou Bernardo do RB Leipzig, em transações com a mesma lógica, de confiar no talento brasileiro que já fez uma escala em outro país e agora chega à mais rica e poderosa liga do futebol para tentar evitar que o Manchester City se torne o primeiro bicampeão inglês desde 2009.
