Os 30 torcedores do Corinthians presos em flagrante domingo, após brigar com policiais militares na arquibancada do Maracanã, vão continuar presos no Complexo de Bangu, no Rio. A juíza Marcela Assad Caram decidiu nesta terça-feira converter as prisões em flagrante em preventivas, por prazo indeterminado. Um outro torcedor, menor de idade, foi encaminhado à delegacia da criança e do adolescente.
Os presos são acusados de praticar lesão corporal, dano qualificado, resistência qualificada, associação criminosa e de promover tumulto em evento esportivo. Os corintianos ficarão em uma ala neutra, separada dos outros presos, por solicitação da magistrada. Eles já estavam encarcerados em Bangu.
A audiência em que foi decidida a manutenção das prisões foi realizada na Central de Audiências de Custódia e teve duração de quase três horas. A juíza questionou os torcedores sobre suas ocupações, ganhos e nível de escolaridade, entre outros itens. Na decisão, a Marcela Caram considerou que as prisões preventivas eram necessárias, uma vez que os torcedores são oriundos de outro Estado, o que poderia colocar em risco a instrução criminal.
“Os fatos foram cometidos mediante o emprego de desmedida violência contra policiais que faziam a segurança do estádio, prestando, portanto, relevantíssimo serviço público, garantindo a integridade física e a incolumidade de todos os que ali estavam no intuito de se divertir”, justificou.
A magistrada também considerou que, apesar de os torcedores não terem combinado previamente o “cometimento de crimes’’, os presos, no momento das agressões, “uniram-se covardemente contra os agentes da Lei e da ordem’’.
O processo vai tramitar no Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos e advogados de alguns dos presos disseram que vão entrar a partir desta quarta-feira com pedido de habeas corpus, visando ao relaxamento da prisão.
A confusão, domingo, ocorreu antes do início da partida entre Flamengo e Corinthians. Ao fim do jogo, todos os torcedores corintianos, cerca de 3 mil pessoas, foram impedidos de deixar o estádio até que a polícia analisasse imagens das câmeras de segurança e identificasse os envolvidos no tumulto. A retenção durou aproximadamente três horas.
Em seguida, 64 torcedores foram encaminhados à Cidade da Polícia, no Jacarezinho, onde todos foram ouvidos. Na segunda-feira, os 30 que continuaram presos em flagrante foram transferidos para a Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo de Bangu, onde irão permanecer.
AGRESSÃO Dos presos, 15 relataram que foram agredidos por PMs ainda durante o processo de detenção no Maracanã. Um deles mostrou à juíza marcas pelo corpo, a pedido de um advogado. Foi aberta uma investigação para apurar se houve ou não as agressões e os torcedores que fizeram a denúncia foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo delito.