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Kerlon faz sucesso com drible de cabeça

Por Agencia Estado
Atualização:

A jogada ficou conhecida no Sul-Americano Sub-17 da Venezuela, conquistado recentemente pela seleção brasileira. O meia Kerlon, revelado no Cruzeiro, tira rapidamente a bola do gramado, antes de a marcação se aproximar, e a coloca na testa. Um, dois, três, quatro, cinco, seis toques de cabeça e ele caminha quase 10 metros, cercado pelos adversários boquiabertos e diante dos torcedores incrédulos. Não há como roubar-lhe a bola sem cometer falta. Kerlon, de 17 anos, se agiganta com seu 1,67m entre os zagueiros do outro time. O drible, ainda sem batismo, entra para a história do futebol brasileiro da mesma forma que a eterna pedalada de Robinho sobre o corintiano Rogério na final do Nacional de 2002. E as pessoas começam a pedir para o garoto repeti-lo a todo instante. Kerlon, no entanto, não pensa em banalizá-lo. "Não faço essa jogada pensando em humilhar os adversários ou mesmo para alegrar os torcedores na arquibancada. É um recurso que tenho treinado, e que pode me ajudar a superar a marcação, assim como as pedaladas do Robinho", explica. 0 drible aéreo nasceu por acaso, quando Kerlon brincava de bola com o pai em Ipatinga-MG, cidade natal onde deu os primeiros chutes num campo de futebol. Atuou no Ipatinga, atual campeão mineiro, durante oito meses apenas, e logo foi transferido para o Cruzeiro. Os dois clubes mantêm um convênio na busca de craques. Foram três toques de cabeça e quatro passos adiante. "Meu pai gostou da jogada e me incentivou a desenvolvê-la. Disse que ela seria mais um recurso", conta o meia. Foi o que aconteceu. Desde os 12 anos, Kerlon tenta aperfeiçoá-la. Hoje, ele diz que consegue carregar a bola na cabeça de gol a gol. Estamos falando de 100 a 110 metros de distância. E sempre que pode, o jogador treina o drible aéreo na Toca da Raposa. "Quero fazer desta jogada minha marca registrada. É uma ginga, só que de cabeça." A jogada é bonita e eficiente, sobretudo porque até agora só encontraram uma maneira de tirar-lhe a bola: a falta. "Sei que mais cedo ou mais tarde os zagueiros vão encontrar uma forma de me parar sem fazer falta. Mas até lá, posso tirar proveito", brinca. Existe uma segunda opção para os marcadores: a intimidação. Quando está com a bola na cabeça, o jogador do Cruzeiro diz que sua visão, apesar de estar olhando para cima, é quase perfeita. "Vejo a bola, os marcadores, as marcas do campo e até os companheiros", diz. "E também ouço muita besteira. Os caras falam que vão me quebrar, pedem para eu parar de fazer gracinhas. Mas isso não me mete medo, só me motiva ainda mais." Kerlon cansou de dar o drible aéreo no Sul-Americano de Maracaibo. As tevês mostraram a façanha à exaustão. Contra os colombianos, fez a jogada na beira do campo, pelo lado esquerdo. Um beque truculento não teve dúvidas: deu-lhe um chute no peito - desnecessário. "É como eu disse, eles pensam que é provocação, gracinha. Não é." Contra os uruguaios, o jogador brasileiro repetiu o feito para invadir a área. Caminhou entre os adversários uns seis metros, até, claro, sofrer a infração. "Tomo muita porrada, mas não deixarei de dar esse drible. É a minha marca." Kerlon foi artilheiro do Sul-Americano com oito gols em sete jogos. Também foi eleito o melhor do campeonato. Na semana passada, recebeu um prêmio em Minas por sua boa participação na seleção. "Esse Sul-Americano veio para mudar minha vida, meu destino. Estou mais maduro e quero ser usado no Brasileirão. Só aguardo um chamado do Levir (Culpi, técnico do Cruzeiro)." Kerlon não pretende queimar etapas, mas se sente preparado para vestir a camisa do time principal. Não se incomodaria de ficar no banco. O Cruzeiro está cauteloso. Pretende puxá-lo para os juniores. Seu vínculo vai até 2006. No contrato, há uma cláusula que dá ao Cruzeiro prioridade de renovação por mais três anos. Dirigentes, contudo, já se reuniram e não devem esperar para melhorar sua vida, temendo que clubes de fora o seduzam.

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