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"Laranja" revela esquema de Eurico

Por Agencia Estado
Atualização:

Aremithas José de Lima, acusado de ser o "laranja" do presidente do Vasco, o deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), revelou nesta sexta-feira ao relator da CPI do Futebol, senador Geraldo Althoff, como funciona o esquema de desvio de dinheiro no clube carioca. Funcionário do Vasco há mais de 25 anos, com salário em torno R$ 3 mil, suas contas bancárias receberam depósitos da ordem de R$ 13 milhões provenientes da arrecadação do clube, entre 1996 e 2000. O dinheiro foi empregado, entre outras coisas, no pagamento de material da campanha eleitoral de Eurico e nas empresas de sua família. Aremithas disse a Althoff que foi o deputado quem planejou esse tipo de operação, com a finalidade de usufruir ilegalmente de recursos do clube. Segundo ele, parte dos saques era feita aleatoriamente, sem apresentação de notas fiscais que comprovassem sua aplicação a favor do clube. As informações desmentem a versão de Eurico, de que o uso da conta de um terceiro só ocorreu enquanto as do Vasco estavam bloqueadas judicialmente. A CPI nunca "engoliu" a explicação, até porque a data dos desvios e a ação movida pela mulher do jogador Dener, que resultou no bloqueio das contas do clube, não coincidiam. O depoimento do funcionário desvendou uma série de indagações da CPI. Segundo Althoff, foi confirmado, por exemplo, que o destinatário do cheque de R$120 mil, assinado por Aremithas, foi a empresa Quintas do portal, pertencente a familiares do deputado. "Aremithas é um pobre coitado utilizado por Eurico", constatou o senador. "Ele está aliviado em contar tudo o que sabe." O mais difícil para a CPI foi chegar ao funcionário do Vasco. As duas convocações feitas a ele foram respondidas com atestados médicos, segundo os quais seu "estado debilitado e os graves problemas de saúde" o impediam de se manifestar. A comissão resolveu, então, ouvi-lo de surpresa. O primeiro passo foi preparar, com a ajuda da Polícia Federal, uma espécie de campana para averiguar se a visita não acarretaria danos à sua saúde. Para o espanto dos agentes, não faltava disposição a Aremithas para programar churrascos e receber convidados na sua casa da Ilha do Governador. O encontro ocorreu na manhã desta sexta-feira, quando Geraldo Althoff, o delegado da Polícia Federal Luiz Carlos Zubcov, um médico do Senado e assessores da CPI chegaram à casa do funcionário do Vasco. "Muito solícito", segundo Althoff, ele respondeu a tudo o que lhe foi perguntado. "Ele está aliviado", reiterou o senador. "Finalmente conseguiu fugir do Eurico para conversar conosco". Aremithas é funcionário do Vasco há mais de 25 anos. Seu nome passou a ser encarado como suspeito pela CPI logo no início das investigações, pois apesar de ganhar cerca de R$ 3.000,00 por mês, movimentava milhões de reais. Para Althoff, seu depoimento atendeu a uma série de indagações da CPI. Mas as investigações nas contas do Vasco vão continuar. Na terça-feira, os senadores vão ouvir o ex-presidente do clube Antonio Soares Calçada e os conselheiros Geraldo Teixeira Silva, Vanderlei Doring e Carlos Cavalheiro. O depoimento de Eurico Miranda, que deveria se realizar no último dia 11, foi desmarcado pelos senadores. Eles rejeitaram a exigência do deputado de ser ouvido em seu gabinete, sem a presença da imprensa.

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