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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Lavadas corintianas

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Por Antero Greco
Atualização:

O corintiano está com a alma lavada, enxaguada, clareada e cheirosa por causa dos 6 a 1 de ontem à tarde, ponto alto da festa pelo título brasileiro de 2015. O são-paulino até agora amarga mau humor e raiva com a surra de vara de marmelo que o time levou no Itaquerão. A trupe tricolor cruzou a cidade para passar vergonha. Mas o constrangimento vai muito além do olé que Michel Bastos, Alan Kardec, Luis Fabiano e grande elenco tomaram dentro de campo. A questão supera o número de bolas na rede.

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A diferença se acentua em mentalidade. A distância entre Corinthians e São Paulo não se mede, hoje, pelos quilômetros que separam o Morumbi de Itaquera, nem pelo placar estampado no telão do moderno estádio da abertura do Mundial de 2014. Ela está na forma como cada clube conduz a política e como trata o futebol.

O Corinthians da atualidade esbanja união – ou ao menos assim parece. Claro que tem suas divisões internas, comuns em toda atividade humana. Há oposição, sempre indispensável; porém, prevalece um projeto de trabalho que dá resultados. O crescimento se vê aqui e na China. Nos últimos anos, mesmo com troca de comando na cúpula, veio uma enfileirada de taças, do Brasileiro, do Paulista, da Copa do Brasil, da Libertadores, do Mundial, da Recopa Sul-Americana. O Corinthians se consolida como gigante mundial.

O São Paulo nesse mesmo período encolheu, nas conquistas e sobretudo no modo de agir. A agremiação que durante décadas se gabou de espírito profissional e vocação para vanguarda retrocedeu, ficou amarrotada, virou casa da mãe joana. Se, antes, barracos eram coisa dos "maloqueiros alvinegros", agora encontraram terreno fértil na nobre Zona Sul. Os tricolores recentemente trombaram com a humilhação de ver um presidente renunciar, após denúncias e gravações feitas por antigo correligionário e colaborador.

Bobagem e ingenuidade qualquer tentativa de isolar cartola e bola. Uma influencia a outra – em especial a primeira. Administração determina o rumo da equipe. No caso do São Paulo, o desastre desaguou na constante mudança de treinador, 4 na temporada, e na montagem de elenco instável. O Corinthians, ao contrário, manteve Tite e auxiliares do começo ao fim, abriu mão de alguns jogadores, Guerrero o principal deles, mas soube remontar o grupo. O time fecha o ano muito mais forte do que aquele que foi a Orlando participar de amistosos na Disney.

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O abismo abriu-se de vez nos 90 e tantos minutos de bola a rolar na tarde de domingo de festa alvinegra. Tite permitiu-se colocar no banco um punhado de boleiros fundamentais na campanha do hexa e deu espaço para os reservas receberem aplausos do público. Ignorou o risco de ter as faixas carimbadas por um rival que briga pelo G-4.

Desconfio que teve são-paulino a esfregar as mãos ao ver a escalação. Lá estavam Lucca, Romero, Dracena, Bruno Henrique. Só opções. Para provar a força corintiana, o quarteto marcou quatro gols – Cristian, outro reserva, fechou a conta, em pênalti. Bom, quando a maré está a favor, não há nada que pare um time. Na outra banda, como desgraça pouca é bobagem, Hudson fez contra e Kardec chutou pênalti que Cássio defendeu. Para aumentar a farra.

O Corinthians, com uns retoques e a permanência dos principais nomes, fará estragos na concorrência em 2016. O São Paulo precisa submeter-se a recauchutagem, limpar o mofo e o encardido para retomar o caminho do sucesso. Ainda lhe resta uma esperança: apesar de todas as gafes, tem chance de disputar a Libertadores. O futebol é uma bênção! Alerta verde. Por razões diversas das do Corinthians, no sábado o Palmeiras também escalou reservas para no duelo com o Cruzeiro. Marcelo Oliveira manteve as estrelas da companhia em repouso para o jogo de quarta-feira com o Santos, pela final da Copa do Brasil. A equipe alternativa foi um fiasco, como tem sido a principal. Torcida à espera de milagre. 

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