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Leão, um técnico na marca do pênalti

"O presidente Ricardo Teixeira disse que o torneio do Japão e a Copa América deixaram de ser prioridade", afirmou o treinador.

Por Agencia Estado
Atualização:

Emerson Leão tem mais de 30 anos de experiência no futebol profissional e ainda acredita na palavra de cartolas. O treinador da seleção acha que seu futuro em um dos cargos mais importantes do País não estará ameaçado, caso o time venha a ser um fiasco na Copa das Confederações. A aposta de sucesso em seu projeto concentra-se nos seis jogos restantes pelas eliminatórias - a começar pelo clássico com o Uruguai, em Montevidéu, no dia 1º de julho. "O presidente Ricardo Teixeira disse que o torneio do Japão e a Copa América deixaram de ser prioridade", afirmou Leão, no final da tarde de hoje, em São Paulo, onde passará o fim de semana. "Vamos concentrar forças na luta por vaga para o Mundial de 2002", emendou, com base em informações que recebeu de Antônio Lopes. "O coordenador me repassou o que lhe foi relatado pelo presidente." O temor de eliminação inédita estaria na base da mudança de discurso de Leão e de Teixeira. Na semana passada, o treinador deixou a sede da CBF, depois de reunião de cúpula, certo de que não seriam feitas concessões aos clubes, especialmente os brasileiros. Em seu planejamento, a maioria dos atletas de primeira linha estariam a sua disposição a partir do dia 20. "Eu não posso fazer nenhum acordo com os clubes", explicou. "Isso é por conta da CBF. Houve então entendimento de que não seriam convocados jogadores que estivessem participando de etapas decisivas de torneios", recordou. "Em contrapartida, nos foi dada a palavra de que poderemos ter quem quisermos, até do exterior, e por 15 dias, para jogos importantes, como o do Uruguai", assegurou. A partir das restrições que surgiram desse acerto, Leão procurou montar sua lista prévia com 35 nomes com as alternativas que considera mais eficientes. "Não é o ideal, mas o que podemos ter no momento", frisou, para emendar em seguida. "Isso não significa que não confio na qualidade desses atletas", observou. "Não quero que ninguém se sinta menosprezado, nem se considere abaixo dos demais. Há grande possibilidade de se consagrarem", imagina. "Não se fala tanto que temos enorme capacidade de revelar talentos? Então, preciso acreditar no valor de quem eu chamei." As limitações, segundo Leão, foram do Brasil à Europa. São Paulo e Corinthians não tiveram convocados porque estão empenhados na Copa do Brasil. E o time do Parque São Jorge ainda luta para ir às finais do Paulista. "A exceção é o Júlio Baptista, que subiu da seleção de juniores e nos foi liberado pelo Vadão", destacou. O Santos, em contrapartida, teve seis convocados. Se chegar à decisão do título regional, poderá liberá-los no dia 27. "Eles chegariam ao Japão no dia 29, em cima da hora. Mas é o que se pode fazer." A lista de empecilhos inclui Palmeiras, Vasco, Cruzeiro (Taça Libertadores da América), Grêmio, Goiás, Coritiba, Atlético-PR, Atlético-MG, Juventude, com compromissos em torneios domésticos ou nacionais. "Não pude chamar também ninguém da Espanha e da Itália, porque os times estão em fase de definição de títulos ou brigam por vaga em copas européias." Até o retorno de Dida não seria estranho, na visão de Leão. O ex-titular da seleção brasileira está treinando "normalmente" no Milan, o que o habilitaria a voltar ao time nacional. "Conversei com ele, em Milão, e com seu treinador de goleiros", disse. "Dida está em forma e tem grandes serviços prestados à seleção." Leão esforça-se para mostrar resignação com a fase delicada que atravessa. Mas também tem cuidado excessivo em não bater de frente com Teixeira. "O presidente liberou jogadores e sabe o que se passa", argumentou. "Vamos trabalhar com quem temos à disposição e reafirmo minha confiança no grupo." Profissão de fé que se estende ao cartola da CBF e a suas promessas públicas. Leão faz questão de ignorar os riscos que corre, se a campanha no Japão e na Colômbia não for satisfatória. "A realidade de momento é esta", constatou. Um quadro que coloca em dúvida o futuro do "futebol bailarino", como Leão definiu, no dia em que assumiu o cargo, o estilo que queria na seleção. "Isso é o que todos queremos e desejamos", relembrou. Nesse ponto, coloca um pouco as garras de fora ao ressaltar. "Mas me dêem toda a munição e depois me cobrem."

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