
19 de dezembro de 2020 | 10h44
Líder do Campeonato Francês, o Lille foi vendido para um grupo de investidores como consequência da crise financeira provocada pelo rompimento do contrato de transmissão das partidas e pela pandemia do coronavírus. O empresário Gerard López, que adquiriu o clube em 2017, anunciou a venda para o grupo Callisto Sporting, um subsidiário do fundo inglês Merlyn Partners.
O Lille disse em um comunicado que a venda foi aprovada na sexta-feira em razão das dificuldades financeiras. "Dadas as recentes dificuldades na primeira divisão francesa e especialmente a incerteza em torno dos direitos de TV para a liga francesa, é importante para o Lille ter um dono de referência, conhecido por ser financeiramente sólido, como Merlyn", afirmou trecho da nota, assinada por Lopez.
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"Alcancei meu objetivo e acredito nisso, agora é a hora de um novo proprietário assumir o controle e de me concentrar em outros negócios esportivos. Sob o meu comando, e mantendo elevadas ambições desportivas, investimos mais de 150 milhões de euros na compra de jogadores e geramos ainda mais receitas. Portanto, estou deixando ao clube um legado de talentos para o futuro", completou o dirigente.
Lopez e o diretor de futebol Luis Campos, um caçador de talentos renomado com uma enorme rede de contatos na Europa e América do Sul, já deixaram o Lille. O agora ex-dono da equipe francesa foi substituído por Olivier Létang, ex-diretor esportivo do Paris Saint-Germain e ex-presidente do Rennes. Já o espanhol Marc Ingla renunciou ao cargo de diretor geral, mas permanece no conselho de administração.
"Acreditamos fortemente no potencial do clube e trabalharemos para que o Lille desempenhe todo o seu potencial", afirmou Merlyn em um comunicado. "Pretendemos dar a Olivier Létang e sua equipe os meios necessários para ter sucesso em seu novos papéis", acrescentou a empresa, que terá a missão de reestruturar financeiramente o clube do norte da França.
"A minha intenção é que o clube atinja todo o seu potencial e irei assegurar que o Lille seja bem gerido esportivamente e financeiramente, para o benefício dos torcedores e da comunidade do time, com o futebol no centro do projeto", declarou Létang.
O Lille ainda deve 123 milhões de euros (R$ 770 milhões) dos 225 milhões (R$ 1,4 bilhão) emprestados dos credores JP Morgan e Elliott Management, e precisa liquidar dívidas históricas da gestão anterior. O clube disse que Merlyn irá "reduzir consideravelmente" essas dívidas e que "novos recursos serão injetados".
Em campo, o Lille vem se saindo muito bem. O time perdeu apenas duas das 21 partidas nesta temporada. No Campeonato Francês, foi derrotado apenas uma vez e lidera com 32 pontos, um a mais que o vice-líder e estrelado Paris Saint-Germain. Neste domingo, os dois se enfrentam em duelo direto pela primeira colocação.
O técnico do Lille, Christophe Galtier, tinha uma boa relação de trabalho com Lopez, mas ele elogiou o novo CEO. "Olivier fez um trabalho notável com Reims, PSG e Rennes e com ele eu acho que vamos ter ainda mais bons momentos", comentou o treinador.
O fim do contrato da Mediapro pelos direitos de transmissão de quatro anos do futebol francês afetou diretamente os clubes, já impactados pela pandemia, e pode fazer com que as equipes tenham de vender mais jogadores quando for aberta a janela de transferências em janeiro. A França é já considerada uma liga vendedora, mas espera-se que os clubes sejam forçados a negociar seus talentos antes do que planejavam.
O Lille, por exemplo, revelou jogadores contratados por outras importantes equipes da Europa. As vendas de Nicolas Pépé (Arsenal), Osimhen (Napoli), Rafael Leão (Milan) e do brasileiro Gabriel Magalhães (Arsenal) renderam mais de 200 milhões de euros (R$ 1,2 milhão) ao clube.
A Mediapro pagava cerca de 3 bilhões de euros (R$ 18 bilhões) para os 20 clubes da liga francesa. Em crise financeira, a empresa espanhola não efetuou o pagamento de duas cláusulas do contrato em novembro e dezembro. Com isso, as equipes deixaram de receber aproximadamente 332 milhões de euros (R$ 2 bilhões). Os tribunais franceses, que ordenaram a mediação do litígio, devem agora validar os termos do fim do acordo e as indenizações a serem pagas.
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