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Líderes em ranking, humilhados em campo

Por Agencia Estado
Atualização:

Rankings no esporte servem para indicar tendências e estimular discussões entre torcedores. Nada além disso. Nem devem ser tomados como constatações científicas. Uma dessas listas ­ a da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol ­ até se transformou, no momento, em referência irônica. A entidade com sede na Alemanha, e sem ligação com a Fifa, apontou Milan, Real Madrid e Santos como os três melhores times do mundo no período de 1º de abril de 2003 a 30 de março. O trio entrou nesse pódio virtual em função dos resultados que obteve em torneios domésticos e internacionais. Mas, nos últimos dias, os três foram atropelados por adversários que não lhes chegam aos pés, quando se trata de comparar troféus, coroas, conquistas, fama, prestígio e fãs. Para complicar, as derrotas foram incontestáveis e humilhantes. O Santos apanhou de 4 a 0 do São Caetano, pelo Campeonato Paulista. O Real levou passeio do Monaco, nos 3 a 1, na Liga dos Campeões, que viu também o Milan se despedir quarta-feira com a lavada de 4 a 0 para o La Coruña. Esses tropeços não só significaram eliminação em competições das quais participavam como favoritos como agitaram o ambiente e podem provocar mudanças no comando técnico e em elencos. O estrago maior se concentra nos dois gigantes europeus, já que ao Santos resta a possibilidade de ganhar a Libertadores da América. A temperatura no Real Madrid subiu como há muito tempo não acontecia. Os galácticos foram tratados como plebeus, nesta quinta-feira, na volta aos treinos. Gordo - Torcedores irados foram à Ciudad Deportiva, a concentração do clube, e pediram empenho aos atletas. Ronaldo, o artilheiro, foi chamado de ?gordo? e bateu boca com quem o ofendeu. A imprensa critica a falta de união do time e se dá como certa a saída do português Carlos Queiroz ao fim da temporada. Para substituí-lo, fala-se em treinadores como Arsene Wenger (Arsenal), Claudio Ranieri (Chelsea), Sven Eriksson (seleção inglesa). Os astros foram malhados como judas traidores. O Milan retornou da Espanha sob fogo cerrado. Os jornais italianos desta quinta-feira foram impiedosos em suas análises. ?A queda dos deuses?, afirmou La Gazzetta dello Sport, ?O Deportivo conseguiu um milagre?, escreveu La Stampa, ?Decepção?, atestou o Corriere dello Sport. A soberba, a certeza de que a vantagem de 4 a 1 não seria anulada foram os pecados capitais do Milan, que agora só tem a Série A doméstica para festejar. A desclassificação dos dois milionários ? sem contar a queda do Arsenal diante do Chelsea ? pode colocar em dúvida seu poder. Polêmica normal em situação como esta, mas estéril. Real Madrid e Milan comprovaram à exaustão, ao longo da história, que não são fenômenos isolados, nem nas crises nem em momentos de euforia. Ambos são clubes sólidos, que têm títulos como poucos, mas que também tropeçam, como ocorreu nesta temporada mesmo com Bayern de Munique, Manchester United e Juventus. A ascensão de La Coruña, Chelsea, Monaco, que jamais disputaram uma final de Copa dos Campeões, deve ser vista com simpatia, mas há muita estrada a percorrer até serem considerados potências. Raciocínio que se aplica ao Azulão do ABC, que segue trilha semelhante à de emergentes europeus.

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