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'Samba Boys' embalam Liverpool na busca por fim de tabu

Na terra dos Beatles, quem dá o tom em campo é o trio formado por Philippe Coutinho, Lucas Leiva e Roberto Firmino

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Por Renan Fernandes e Rafael Pezzo
Atualização:

O Liverpool sempre esteve associado aos quatro rapazes mais famosos da cidade, onde nasceu um capítulo importante da história do rock com os Beatles. Mas quem anda fazendo sucesso atualmente por lá é outro grupo, batizado de “Os Samba Boys”. É dessa maneira, fazendo um paralelo entre música e futebol, que os torcedores e a imprensa inglesa chamam Philippe Coutinho, Roberto Firmino e Lucas Leiva, o trio de brasileiros responsável por manter viva a esperança de conquista do tão esperado Campeonato Nacional, algo que não acontece há exatos 26 anos.

O Liverpool é segundo maior vencedor na Inglaterra, com 18 troféus, mas não fatura a Liga Inglesa desde a temporada 1989/90, ou seja, antes mesmo da criação da Premier League nos moldes atuais, que ocorreu na temporada seguinte à sua última volta olímpica. Neste período, o caneco bateu na trave em 1996/97, 2001/02, 2008/09 e 2013/14.

Firmino, Lucas Leiva e Philippe Coutinho são os 'Samba Boys' que lideram o Liverpool Foto: Andrew Powell| Getty Images

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Dos três estrangeiros a tentar mudar a sorte do Liverpool, o primeiro a chegar em Anfield Road foi Lucas Leiva. Revelado pelo Grêmio, o volante deixou o Brasil em 2007, um ano depois de ganhar o prêmio de Bola Ouro do Campeonato Brasileiro, e hoje ocupa papel de destaque no time. É o jogador com mais tempo de casa do elenco. Ao Estado, ele contou que, apesar da referência ao samba brasileiro dada pela imprensa, o estilo que toma conta do vestiário do grupo inglês é outro.

“Quando a brasileirada se junta, é o sertanejo que mais toca”, diz o jogador, sem deixar de fazer referência a John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison. “Sem dúvida, os Beatles são uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.”

Aos 29 anos, Lucas não consegue apontar apenas uma coisa que lhe atrai em Liverpool. “Gosto da atmosfera da cidade, do povo, do clima, do próprio estádio do time. Eu me acostumei com tudo e com certeza sentirei muita falta quando tiver de deixar Liverpool.”

Lucas diz como foi a despedida de Steven Gerrard, considerado um dos maiores jogadores da história do clube, e se arrepia. “Foi até estranho (não ter mais Gerrard), mas precisamos entender que, como tudo na vida, os ciclos têm início, meio e fim. E o dele no Liverpool chegou ao fim. A história que ele construiu ficará para sempre. Continuará sendo amigo e exemplo para todos que conviveram com ele aqui.”

Os “Samba Boys” ganharam a simpatia do torcedor nesta temporada por motivos óbvios: são a sustentação do time que ocupa o alto da tabela. Os brasileiros não faziam tanto sucesso no futebol inglês quando Lucas cruzou o Atlântico. Após um período de adaptação, ele se tornou titular e peça chave da equipe. Prova disso foi o prêmio de melhor jogador em 2010/11 em votação da torcida, desbancando, além de Gerrard, o espanhol Fernando Torres.

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Mas sua sequência no Liverpool e seleção acabou prejudicada em diversas ocasiões devido à série lesões. Aos 29 anos, Lucas tenta ver o lado positivo disso. “Sem dúvidas, as lesões graves me atrapalharam. Mas hoje sou um cara mais maduro e forte graças a elas também.”

O dono das últimas duas edições do prêmio de melhor jogador do Liverpool é outro brasileiro: Philippe Coutinho. Com a chegada de Tite à seleção, ele se tornou um dos protagonistas do Brasil também, artilheiro com cinco gols. No Liverpool, o meia assumiu o status de “dono do time” com a saída de Luis Suárez.

“O Liverpool continua sendo uma equipe com ritmo. É Coutinho quem dá ao time a verdadeira ofensividade com visão, segurança no toque e equilíbrio supremo, que dão a ele uma capacidade crucial de se esquivar em campo”, avaliou o jornal inglês Daily Mail no começo da temporada. Outro veículo que também se derreteu ao comentar o desempenho recente do “Pequeno Mágico” foi o site local Liverpool Echo.

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“O que mais falar de Philippe Coutinho? Ele participou de oito gols nas últimas sete partidas do time no Campeonato Inglês, com três gols e cinco assistências para gols.”

Em entrevista ao site Goal.com, Xavi foi mais um a se render ao talento do “Samba Boy”. Para o espanhol campeão mundial de 2010, “em forma, não há nenhum meio-campista melhor do que Coutinho em toda a Europa”. Na sequência de algumas especulações de mercado envolvendo o meia, Xavi foi certeiro: “existem poucos jogadores que podem melhorar o Barcelona, e Philippe Coutinho é um deles. Ele se encaixaria bem na filosofia do clube.”

Último a desembarcar em Liverpool, Roberto Firmino afirma que a presença dos compatriotas ajudou na sua adaptação ao trocar o Hoffenheim, da Alemanha, por um rival inglês. “O Lucas e o Coutinho me ajudaram bastante na minha chegada e hoje nós nos apoiamos dentro e fora de campo. Tem sido bom. A ajuda deles foi fundamental pra mim”.

Essa proximidade também acontece fora do ambiente do futebol, já que as famílias dos três estão sempre juntas, revela Firmino. “Existem restaurantes bons na cidade, alguns brasileiros. Estamos sempre variando ou nos encontrando na casa de alguém”, conta o atacante.

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Firmino tomou conhecimento pelos amigos da ligação de Liverpool com os Beatles. “Lógico que, chegando aqui, me explicaram toda a ligação e a história da banda com a cidade, mas não é muito o meu estilo musical”, confessa. Na goleada por 5 a 0 da seleção brasileira sobre a Bolívia, nas Eliminatórias, Firmino foi comparado pela torcida de Natal com o cantor Wesley Safadão. O atacante, que ouviu gritos de “vai, Safadão” após marcar um gol naquele jogo, aprova a música e a comparação com o cearense – mais seu estilo do que dos quatro de Liverpool. “Não posso negar que o cabelo é parecido com o Safadão, mas fora isso não acho que somos iguais. Da música dele, eu gosto faz tempo.”

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