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Lula adota a ?diplomacia do futebol?

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta quarta-feira à capital do Haiti, onde assistirá ao amistoso da seleção brasileira. É justamente na viagem ao país mais pobre do continente americano que Lula, pela primeira vez em um ano e oito meses de governo, deixa de lado o discurso social do combate à fome e inicia a "diplomacia do futebol". Em vez de perdoar dívida ou assinar acordos de cooperação, como fez em visitas a países da África e América do Sul, o presidente vai aproveitar a notoriedade da seleção pentacampeã para defender a liderança do Brasil no mundo em desenvolvimento. A partida vem despertando o interesse da mídia internacional. Centenas de jornalistas dos Estados e Europa vão trabalhar no evento. Com uma população de 7 milhões de pessoas, o país da América Central está destruído. Cerca de 90% dos adultos não têm emprego. Diante da queda do presidente Jean Bertrand Aristide em fevereiro, uma onda de violência tomou conta do país. Sob desconfiança de vários setores sociais, as Nações Unidas mandaram tropas para controlar a situação e diminuir os saques e mortes nas ruas e favelas haitianas. O povo haitiano, que conseguiu sua independência da França em 1804, não vê os americanos e franceses com bons olhos, identificando-os como "colonizadores". Desde junho, no entanto, a força de paz da ONU é liderada pelo Brasil. Um total de 1,2 mil militares brasileiros atua no país. Logo que chegaram ao Haiti, os militares brasileiros perceberam que podiam aproveitar a paixão dos haitianos pela seleção brasileira. Os motoristas de taxi, os guardas da alfândega ou os vendedores mudam a expressão quando descobrem que o estrangeiro é da terra de Ronaldo, Kaká e Roberto Carlos. Foi o caso do taxista Pierre Louis Salomon. A princípio silencioso e sério, Salomon começou a buzinar e gritar ao perceber que estava levando um grupo de brasileiros ao hotel. Mais calmo e depois de quase perder a voz, ele disse não saber o motivo de tanta empatia pela seleção brasileira. "Se isso for loucura, todo o Haiti está louco", afirmou. As ruas de Porto Príncipe foram enfeitadas com bandeiras do Brasil e do Haiti para a chegada da seleção. Os jogadores brasileiros, que treinam na República Dominicana, país vizinho, chegarão a Porto Príncipe horas antes da partida, que deverá começar às 14h30 (16h30, horário de Brasília). A seleção fará o trajeto do aeroporto ao estádio em carros abertos blindados Urutus. O estádio Sylvio Cator, local do amistoso, tem capacidade para apenas 15 mil pessoas. Serão instalados telões e televisores de 29 polegadas em vários pontos da capital para os que não conseguirem ingresso. Antes de assistir ao jogo, o presidente Lula visitará o comando das tropas brasileiras instalado em uma antiga universidade de Porto Príncipe. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, é uma das personalidades aguardadas no estádio. Os ministros do Esporte, Agnelo Queiróz, das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Defesa José Viegas, fazem parte da comitiva de Lula. O retorno do presidente ao Brasil deverá ocorrer logo após o amistoso.

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