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Lusa confirma contrato e diz ter provas contra a CBF

De acordo com o dirigente, foi Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da CBF quem mandou e-mail

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - O presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, confirmou nesta segunda-feira a veracidade dos documentos apresentados em reportagem da ESPN Brasil, domingo à noite. De acordo com o dirigente, foi Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), quem mandou e-mail ao departamento jurídico da Lusa com um contrato em que o clube paulista receberia um adiantamento de R$ 4 milhões, referente às cotas de televisão do Brasileiro de 2014, e em troca abriria mão da disputa jurídica na Justiça Comum para permanecer na Série A."Isso (o contrato) existe. Foi enviado por e-mail. Eu não gostaria que isso tivesse sido divulgado, mas infelizmente foi divulgado. Quando vou na federação vou acompanhado, sempre para mostrar que existe transparência", disse Ilídio, em entrevista à Rádio ESPN.Segundo o dirigente, ele mesmo se encontrou com José Maria Marin, presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, padrinho político de Marin e possível candidato à sucessão na CBF. Na reunião, pediu ajuda financeira. Só não esperava a chantagem."O ex-presidente da Portuguesa (Manuel da Lupa) antecipou 80% da cota do Paulista. Então a gente recorreu a quem é de direito. As federações são mantidas pelos clubes. Pedimos para nos ajudar. Ele falou: ''Vou te arrumar R$ 4 milhões''. Fiquei feliz, né? Ele falou: ''Vou te mandar o contrato'' e chegou esse contrato. Seria um empréstimo, mas a gente não esperava as cláusulas que vieram", explicou Ilídio.O dirigente afirma que tem como provar que a CBF tentou chantagear a Portuguesa. "O contrato está assinado. Veio do e-mail da CBF. Temos o e-mail. É uma prova, naturalmente", afirmou. Questionado se o e-mail veio de Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da Confederação, Ilídio disse que sim.Diante da circunstância, o presidente da Portuguesa se mostrou revoltado com a história toda. "Quando vimos o contrato a gente ficou indignado. Tanto eu quanto as pessoas que viram. Muito deles ficaram revoltados, pelas cláusulas. É lamentável que aconteça com a Portuguesa. Esse contrato é indecente, indecente, revoltante. A gente já está nervoso aí vem um contrato desse. É para tirar proveito da situação", denunciou.EXPLICAÇÕESO procurador geral do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, já preparou um ofício solicitando explicações da CBF sobre o suposto documento, mas manteve a cautela. "Não podemos nos posicionar baseados em hipóteses, mas já solicitei à secretaria do tribunal que fosse enviado um ofício à CBF pedindo que se manifestem sobre o documento", relatou Schmitt à reportagem. O ofício deve chegar à CBF na terça-feira, já que nesta segunda a entidade está fechada por causa do feriado na cidade do Rio de Janeiro, onde está sediada.De acordo com o documento revelado pela ESPN, a Portuguesa receberia R$ 4 milhões à vista como adiantamento das cotas de TV, sendo que este valor seria devolvido pela Lusa, em dez parcelas de R$ 400 mil, em 2015. A ESPN Brasil informou que a terceira cláusula do documento traz o seguinte trecho: "Da antecipação de cota por participação em campeonato. A CBF antecipa à Portuguesa a quantia de R$ 4.000.000,00 (R$ 4 milhões) em moeda corrente nacional, por conta de sua participação na Série B de 2014, cujo recebimento é, neste ato, por ela confirmado, tendo em vista depósito na conta corrente de titularidade da Portuguesa".Uma outra cláusula do documento prevê também a confidencialidade sobre o acordo, sendo que o mesmo termina com os espaços para as assinaturas de José Maria Marin, presidente da CBF, e Ilídio Lico, presidente da Portuguesa.ENTENDA O CASOPunida com a perda de quatro pontos pela escalação irregular do meia Héverton no jogo contra o Grêmio, no Canindé, a Lusa segue lutando para permanecer na elite nacional. Depois de ter recorrido da sentença inicial do STJD, o clube também não teve sucesso ao ser julgada novamente pelo Pleno do tribunal, no final do ano passado.A decisão do STJD, porém, vem provocando uma série de liminares por meio de ações impetradas por torcedores na Justiça Comum. No último dia 10, o juiz Marcello do Amaral Perino, da 42ª Vara Cível Central de São Paulo, concedeu liminar obrigando a CBF a devolver os quatro pontos retirados pela escalação supostamente irregular de Héverton na partida contra o Grêmio.Ao punir a Lusa, o STJD se baseou na legislação esportiva e não levou em conta o que determina o Estatuto do Torcedor. Foi com base nisso que torcedores levaram a causa à Justiça Comum. A ação que beneficiou a Portuguesa foi interposta por Artur Monteiro Vieira, defendido pelo advogado Leonardo Cesar Montes Dainese.A decisão do STJD de punir a Portuguesa com quatro pontos acabou salvando o Fluminense, que se safou no tapetão de sua queda dentro de campo para a Série B.

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