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Luxemburgo confiante no título nacional

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Por Agencia Estado
Atualização:

Vanderlei Luxemburgo tem a convicção de que o Santos já teria sido campeão do Brasileirão há seis ou sete rodadas. Só não colocou a faixa por problemas administrativos e terremotos, como o que tirou Robinho do campo de jogo. Apesar dos percalços, não tem dúvida de que seu time vai levar a taça - a vitória fácil de ontem sobre o São Caetano mostra que ele não está exagerando. Após a partida no Anacleto Campanella, ele já falou como campeão brasileiro - seria seu quinto título nacional, marca que só ele terá conseguido -, tamanha a confiança que tem no elenco e em si próprio. Como as coisas não se apresentaram tão fáceis como imaginou, Luxemburgo anda na bronca. Alvos não faltam. Imprensa, treinadores, dirigentes, não escapa ninguém. Por ele, o futebol brasileiro teria uma nova ordem. Antes de disparar o tiroteio, o técnico defende sua tese de que o Santos já poderia ter garantido o título. "Todo mundo diz que o campeonato estava equilibrado, não tinha favorito. Não concordo, este campeonato estava fácil de ganhar." AE - Por que então o Santos não definiu o título? Luxemburgo - Se não tivéssemos cedido ao interesse da televisão, que obrigou o Santos a inscrever os titulares na Copa Sul-Americana, o time não teria se desgastado tanto. Estaria voando nas sete últimas rodadas e em condições de ser campeão com bastante antecedência. AE - Não é uma desculpa? Claro que não, pô! Eu e o Mello (Antônio Mello, preparador físico) temos o gráfico do desempenho do time antes, durante e depois que fomos eliminados da Sul-Americana. É impressionante. Antes, estávamos lá em cima na tabela e o Atlético-PR lá embaixo. Durante a Sul-Americana, caímos e o Atlético subiu. E quando fomos eliminados, encostamos de novo no Atlético. É por isso que Luxemburgo atribui a queda de rendimento do time a problemas administrativos. A lança é certeira: o comando do clube, que cedeu aos interesses da tevê. Em tempo: a TV Globo, detentora dos direitos de transmissão da Sul-Americana, obrigou o Santos a inscrever 25 jogadores, dentre os quais todos os titulares. Luxemburgo queria colocar 35 atletas, a maioria do time B e dos juniores. "Não deixaram. No meu projeto, os titulares teriam uma semana inteira de treinamentos e recuperação. E os meninos do time B e meus reservas do profissional ganhando quilometragem na Sul-Americana. Todo mundo ficaria motivado, em condições de jogar." Este foi o primeiro obstáculo, segundo o técnico, contra a conquista antecipada do Brasileiro. Teve um pior, difícil de controlar: o seqüestro da mãe de Robinho. Terremoto que provocou estragos irreparáveis na campanha e no lado psicológico dos atletas. "Essa história da mãe do Robinho arrebentou com todo mundo. Ninguém imagina o quanto foi difícil administrar a crise. Aconteceu na véspera do jogo contra o Criciúma. O time estava voando. Robinho, muito bem. Quando a notícia chegou no sábado à noite na concentração, em Santa Catarina, foi um pânico só. Trabalhei pesado naquela noite. No domingo, fomos para o jogo sem o Robinho e empatamos. Se a gente tivesse vencido, o Santos passaria o Atlético-PR e ninguém mais iria alcançar." Dali para frente, Robinho, o jogador mais importante do Santos, não atuou mais. Não foi só isso. Surgiu no Brasil o iraniano Kia Joorabchian com uma proposta pra lá de milionária para tirar Luxemburgo da Vila e levá-lo ao Parque São Jorge. O treinador, que já não comunga com a imprensa esportiva, passou a bater forte contra jornais, emissoras de rádio e televisão que insistiam em confirmar a proposta de Kia. A cada nota, matéria ou comentário nos programas, ele batia. "Olha aí o ombudsman da imprensa esportiva", brincou um repórter, quarta-feira, no hotel da concentração do Santos, em Atibaia. "Ombudsman, eu? A imprensa publica o que quer, cria factóides, tira frases minhas do contexto e joga como se fosse uma declaração isolada e eu é que tenho de explicar", rebate o técnico. "Quando convoquei a coletiva para falar da consulta ao meu nome pela MSI e do Kia, disseram na imprensa: tá vendo, esse é o Luxa que não tem ética. Que ética é essa? A imprensa esportiva está muito fraca." Vanderlei Luxemburgo anda irritado com muitas coisas no futebol brasileiro. Ressalta a pouca importância que a mídia deu ao fórum de treinadores, promovido por Carlos Alberto Parreira, no Rio, na segunda e terça-feira. "O fórum foi muito bom. Discordei só de algumas coisas. Com todo respeito que o Bernardinho (técnico de vôlei) merece, acho que ele não acrescenta muito ao futebol. Deu uma palestra motivacional e foi aplaudido de pé. Também dei palestra forte, mas voltada ao futebol. Falei uma hora e meia. Os treinadores anotaram tudo que falei.Também me aplaudiram de pé." No ano que vem, Luxemburgo espera por aplausos. Em que clube? "Não sei. Pode ser o Santos, Corinthians, Boca Juniors. Recebi proposta do Boca. Imagina, eu dirigindo um time argentino... Deixa para lá."

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