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Luxemburgo dá receita para o Brasileiro

Por Agencia Estado
Atualização:

Campeão com o Cruzeiro, em 2003, e com Santos, em 2004, Vanderlei Luxemburgo deixou a concorrência livre no Campeonato Brasileiro de 2005, também de pontos corridos, que começa já neste sábado. Procurado pela Agência Estado para dar a sua opinião sobre a melhor forma de conquistar o título nacional, o técnico do Real Madrid receitou: não esperar para pontuar nas rodadas finais; vencer sempre os times que tendem a ser rebaixados; não perder pontos para os concorrentes diretos ao título e valorizar o planejamento. "Tem outras coisinhas também, mas que prefiro não comentar. É segredo", disse Luxemburgo, na última sexta-feira, depois de comandar mais um treino dos "galácticos" no Real Madrid. Na Espanha desde o final do ano passado, o treinador garantiu que está totalmente adaptado ao Real e à cidade de Madri. Avisou que pretende ter vida longa no futebol europeu e que ficou ?deslumbrado? com a força do espetáculo do clássico Real Madrid 4 x 2 Barcelona, há uma semana. Agência Estado - O Brasileirão começa sábado. É a terceira versão consecutiva de pontos corridos. Nos dois últimos, só deu você. Tem alguma receita especial para os treinadores? Vanderlei Luxemburgo - Difícil falar alguma coisa porque não acompanhei os campeonatos regionais. Não sei bem quem cresceu. Posso dizer que São Paulo, Cruzeiro e até o Santos, que não foi regular no Campeonato Paulista, são favoritos. Têm times fortes e as bases do ano passado foram mantidas. Os três podem se sair muito bem. AE - No sistema de pontos corridos, qual deve ser o planejamento? Luxemburgo - O campeonato deste ano mudou um pouco em relação aos últimos dois. Tínhamos 24 clubes, agora são 22. É uma pequena mudança, mas acaba interferindo porque diminui a faixa entre os que lutam pelo título e os que lutam contra o rebaixamento. A tabela deve ser bem estudada para não ser surpreendido na reta final. AE - Diante desse quadro, é vencer e vencer sempre? Luxemburgo - Nos pontos corridos, você nunca pode deixar para pontuar nas rodadas finais. Tem de marcar pontos sempre. Entrar com a mentalidade de que todos os jogos são decisivos, uma decisão mesmo. AE - Até contra times teoricamente mais fracos tem de jogar pensando que é uma decisão? Luxemburgo - Essa é outra coisa fundamental. Antes do campeonato começar, você deve estudar os adversários e imaginar aqueles que tendem a ser rebaixados. Quando for jogar contra esses times, você é obrigado a vencer porque o seu concorrente ao título pode perder pontos para estes times. Nesse sistema de disputa, não se pode perder pontos para times candidatos ao rebaixamento. AE - Quanto aos concorrentes ao título, o que fazer? Luxemburgo - Vou dar um exemplo: se o São Paulo é um dos favoritos e perde para o Coritiba, no Paraná, quando você for lá jogar contra o Coritiba tem de vencer de qualquer jeito porque assim você vai somar pontos que o teu concorrente perdeu e não recupera mais. Isso pode fazer a diferença nas rodadas finais. AE - E no confronto direto com os candidatos ao título? Luxemburgo - Não tem saída, vencer em casa e pelo menos não perder na casa do concorrente. AE - Como o time tem de jogar: apostar tudo no ataque? Cruzeiro e Santos, campeões na sua mão, marcaram mais de cem gols cada um. Luxemburgo - É claro que nos pontos corridos seu time tem de jogar voltado para o ataque. Se você escala seu time na retranca, fechado, a tendência é não vencer e, no máximo, empatar. Isso provoca um grande prejuízo na soma dos pontos. AE - O negócio é fazer cem gols? Luxemburgo - Não digo cem gols. Essa coisa de jogar no ataque é uma característica minha, que eu não gostaria de comentar nem dar muitos detalhes. A minha vida inteira como técnico sempre joguei no ataque. AE - Você assumiu o Real no final do primeiro turno do Espanhol. Teve pouco tempo para se adaptar ao sistema de pontos corridos dos espanhóis. É muito diferente do sistema de disputa do Brasileirão? Luxemburgo - É diferente. Aqui, o Real Madrid vai jogar contra o Valencia na casa deles e a cidade de Valência pára. É o jogo da vida deles, a mobilização é muito grande. Quando o Valencia vem jogar aqui contra o Real, eles jogam duro, pesado mesmo. Não tem moleza. Todo mundo quer tirar uma casquinha em cima do Real Madrid. AE - Mas no Brasileirão não é a mesma coisa? Luxemburgo - Não é não. Quando você joga fora de casa no Brasil, no máximo a torcida do adversário se mobiliza, faz uma pressão forte. Com uma ou outra exceção, tem sido assim. Aqui, o envolvimento é bem maior. O jogo é um acontecimento. AE - Voltando ao Campeonato Espanhol. O Barcelona está na frente do Real. Ainda dá para conquistar o título? Luxemburgo - A Liga está aberta. Faltam seis rodadas e muita coisa pode acontecer. O Barcelona depende só de suas forças para ser campeão e nós temos de continuar acreditando até o final.

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