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Maradona ignora dieta e volta a hospital

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma "overdose" de croissants levou nesta quarta-feira o ex-astro do futebol argentino, Diego Armando Maradona, de novo à UTI da Clínica Suíço-Argentina. Na noite da véspera, "La Mano de Dios" (A Mão de Deus), como é popularmente chamado, recebeu o time de vôlei da cidade de Bolívar, na província de Buenos Aires. Os jogadores levaram a Maradona um pacote de "facturas", a denominação genérica popular para os croissants e demais variáveis com creme e doce de leite. Segundo testemunhas, Maradona - que não conseguiu resistir ao poder de atração dos quitutes - "se morfó todo" ("comeu tudo", na gíria portenha). O comunicado oficial da clínica foi mais sutil, preferindo denominar o caso de "transgressão alimentícia". Isso teria agravado o quadro sensível de insuficiência respiratória que sofre. Nesta quarta-feira à tarde, o quadro de Maradona era "estável". O estômago e fígado do ex-jogador - que pesa atualmente 110 quilos - já acumulavam uma comilança da segunda-feira à noite, durante um churrasco que organizou para dezenas de pessoas a modo de despedida. O ex-jogador pretendia embarcar nesta quinta-feira para Cuba, onde continuaria seu interrompido tratamento contra as drogas. O programa de TV "Intocables en el espetáculo", que nos últimos dias dedicou-se intensamente a averiguar o real estado de saúde do ex-jogador, sugeriu nesta quarta que a necessidade de comer desesperadamente de Maradona é só a ponta de um iceberg imerso em um mar de problemas. "Intocables" indicou que o ex-jogador, que há alguns dias não consome drogas, está sofrendo os efeitos da síndrome de abstinência, fato que lhe causa grande ansiedade. O programa também relatou que alguns dos quartos da chácara onde Maradona esteve hospedado desde a quinta-feira passada estariam pixadas com frases alusivas ao líder guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara, o médico argentino que junto com Fidel Castro comandou a revolução socialista em Cuba. Maradona tem a imagem de "el Che" tatuada no braço. Amigos do círculo íntimo de Maradona explicaram aos jornalistas nas portas da clínica que ele estava "muito nervoso" e que parecia "um leão enjaulado". Segundo os amigos, ninguém conseguia impedir Maradona de comer constantemente ou de fazê-lo dormir adequadamente. EXCESSOS - "Era de se esperar". Essa foi a frase mais ouvida nesta quarta-feira na capital argentina quando nos cafés, nas ruas e nos escritórios os portenhos conversavam sobre o assunto do dia: a volta de Maradona à UTI. As conversas sobre "El Diez" arrematavam com uma especulação: "será que desta vez escapa?". Para muitos argentinos, Maradona "tem sete vidas", como os gatos. Mas, os analistas esportivos e os médicos especializados consideram que está brincando demais com suas possibilidades de "sobrevivência felina". Depois de cinco dias de excessos - demasiados para quem estava recuperando-se de uma pneumonia e uma infecção pulmonar (e extra-oficialmente, uma overdose de cocaína) - Maradona começou a sentir-se mal no fim da noite da terça-feira. Na madrugada da quarta-feira, à 1:00, o médico do ex-jogador chamou uma ambulância. No entanto, quando o veículo passou pela portaria da chácara, "El Diez", colérico, mandou a ambulância ir embora. Horas depois, Maradona sentiu-se pior. Desta vez, às 4:00, a ambulância não teve impedimentos para entrar. Ele foi colocado às pressas no veículo e levado para a clínica. Seu médico pessoal, Alfredo Cahe, tentou minimizar a notícia sobre a internação, afirmando que Maradona havia sido internado apenas para um check-up antes de viajar à Cuba. O check-up, segundo o médico, levaria de dois a três dias e já estava programado há tempo. No entanto, o argumento do check-up não está sendo levado à sério, tanto pela raridade de realizar um exame desses no meio da madrugada, como pelo fato de que Maradona já estava com as reservas feitas para o vôo para Havana nesta quinta. Cahe admitiu que Maradona estava com problemas para respirar. Segundo ele, o peso excessivo de Maradona é o que lhe provoca problemas para respirar. Após a divulgação da notícia de que seu ídolo estava novamente internado, dezenas de fanáticos foram até a clínica. AGITADO - Nos cinco dias que esteve na chácara, Maradona passou o tempo como na canção de Ricky Martin "livin´ la vida loca" (vivendo a vida louca). No primeiro dia, poucas horas depois de ter deixado a UTI, ele causou surpresa ao jogar golfe durante 40 minutos no campo da chácara. No fim da noite, reuniu-se com velhos amigos e disparou fogos de artifício. No dia seguinte, jogou golfe, deu uma entrevista a Susana Giménez, uma das divas da TV argentina. Na conversa, com a voz embrulhada, sem conseguir terminar as frases, "El Diez" conseguiu explicar que havia visto a morte "de perto" e que quando estava em um "túnel escuro" que o levaria para o além, foi salvo no último minuto por "uma multidão de torcedores". Ao longo dos dias que se seguiram, Maradona jogou golfe durante longas horas (em ocasiões sem camiseta, no meio de um frio que oscilou entre 13 e 16 graus), fez uma festa de despedida, e de quebra, deixou de lado a dieta, devorando tudo o que encontrava na geladeira e fora dela.

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