'Marcar não é só dar carrinho', diz Roque Júnior

Zagueiro pentacampeão em 2002 inicia carreira como treinador dirigindo o XV de Piracicaba

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Por Gonçalo Junior
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No jogo-treino em que Roque Júnior foi apresentado oficialmente como novo treinador do XV de Piracicaba, ele foi saudado por dois mil torcedores no estádio Barão de Serra Negra como a grande contratação da temporada. Seu filho do meio, Felipe, de 7 anos, ficou assustado e começou a chorar. Não sabia que o craque do time estava no banco de reservas e era seu pai. 

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Roque está ao lado de outros técnicos novatos do Paulistão, como Maurício Barbieri, do Red Bull, e Tarcísio Pugliese, do Ituano, e se preparou para o posto. Fez MBA em Gestão e Marketing Esportivo e estágios com treinadores top, como Jurgen Klopp, do Borussia Dortmund. Tem diplomas de treinador no Brasil e no exterior. Nesta entrevista exclusiva ao Estado, o pentacampeão de 2002 mostra que está pronto para a nova carreira. 

Você fez cursos que alguns treinadores só buscam depois de anos de profissão. Por que essa vontade de estudar? 

Foi uma necessidade pessoal. Não foi para me diferenciar dos outros ou me promover. Eu senti que precisava aprender e fui atrás de conhecimento. Uma vontade interna. Não é possível fazer comparações entre a formação de um treinador e outro. Foi importante, mas não significa que será bom para todo mundo. 

Depois de uma carreira de sucesso como jogador, você sente que está recomeçando?

Não acredito na liderança tradicional, de hierarquia. Acredito em uma liderança por influência, de conquistar os jogadores em torno de um objetivo. Quando eu comecei não tinha muito diálogo, mas com a influência é possível liderar. A liderança não é algo que tem de vir de cima para baixo. 

O ex-zagueiro Roque Júnior estreia como treinador no XV de Piracicaba Foto: Claudio Coradini

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Como traduzir esses conceitos para o campo e lidar com a pressão em um time tradicional como o XV de Piracicaba? 

Estou acostumado com a pressão. Isso faz parte da carreira. Sempre me dei bem com ela. Obviamente, existe uma grande expectativa, mas temos um grupo forte. 

Aonde o XV pode chegar no Paulistão?

Nosso primeiro objetivo é permanecer na primeira divisão. É o torneio estadual mais difícil do País. Mesmo que o time esteja na elite desde 2012, o objetivo principal é se manter na Série A e espero conseguir esse objetivo. É muito importante ter a consciência real do objetivo pelo qual você luta. 

Como a equipe vai jogar para conseguir esse objetivo?

Quero montar um time que tenha a posse de bola e uma transição rápida, tanto defensiva quanto ofensiva. Quanto maior a posse de bola, maior a chance de marcar e menor a chance de ser atacado. Essa é a ideia que estamos colocando em prática nos treinamentos e vamos levar para os jogos. 

Já é possível classificar o seu estilo como treinador?

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Quero atacar com mais gente possível e também defender com o maior número de jogadores. E quero ganhar os jogos. Essa é a ideia. 

Você pode destacar algum ponto que você traz da Europa para o futebol brasileiro?

É difícil falar... estou implantando isso por causa do Ancelotti (Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid). E vi isso no futebol alemão. O que faz toda a diferença é a bagagem acumulada, a experiência adquirida. Essa experiência permitiu que eu tivesse uma nova visão de futebol. 

Qual é essa visão?

Os jogadores modernos são dinâmicos. Eles não jogam apenas com a bola nos pés. Precisam ter qualidade para participar de todas as fases do jogo. Marcar não é só dar carrinho. Não preciso escalar três volantes para montar um time forte na defesa. O atleta tem de participar do jogo o tempo todo. 

Qual é o peso da individualidade em um time moderno?

Não vi nenhuma equipe se sobressair apenas com individualidades. Nosso objetivo é ter um jogo coletivo forte. 

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