Márcio Braga barganha verba junto à CBF

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Por Agencia Estado
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Na busca por mais dinheiro para os clubes de futebol, depois de exigir a divisão dos recursos da Lei Piva, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, representando Corinthians, São Paulo e Vasco, partiu nesta quarta-feira para a ofensiva contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Durante duas horas e em um clima formal, o dirigente rubro-negro sustentou ante o presidente Ricardo Teixeira a idéia de que as agremiações devem ser "compensadas" financeiramente pela entidade e ainda solicitou que a "ajuda" feita às federações estaduais de futebol seja extinta. "O que queremos é que a CBF volte a pagar aos times por utilizar seus jogadores na seleção. E que ela também reembolse o clube que revelou o atleta convocado", disse Márcio Braga, citando o exemplo, do atacante Adriano, da Internazionale de Milão, chamado para o amistoso contra a Irlanda, em Dublin, dia 18. "O Flamengo o revelou e deveria receber uma premiação por isto. Se a CBF não quiser dar dinheiro, que pague passagens e hospedagens para os times no Campeonato Brasileiro." De acordo com o presidente do Flamengo, a intenção de exigir que a CBF repartisse 50% de suas receitas com os clubes foi abandonada. Mas, o dirigente apontou outros caminhos para os times serem beneficiados pela entidade. "A CBF tem o direito a fazer propagandas na TV, então, ela poderia disponibilizar esse espaço para os clubes venderem seus carnês, seus produtos. Esse conjunto de medidas já seria melhor do que a divisão dos lucros", afirmou o presidente do Flamengo. "O que não pode é a CBF continuar dando dinheiro para as federações estaduais, como fez com a federação carioca, em 2003, quando a socorreu com cerca de R$ 1,3 milhão." Diante dessas reivindicações, o presidente da CBF prometeu estudá-las e dar uma resposta a Braga, "assim que for possível". Mas, se em assuntos domésticos o dirigente do Flamengo não conseguiu apoio imediato de Teixeira, nos tópicos referentes à divisão dos recursos da Lei Piva, de uma nova legislação para o contrato de trabalho dos atletas e em um novo programa de refinanciamento para as dívidas fiscais dos clubes (Refis-3), ambos mostraram-se alinhados. "Concordo com o Márcio quando ele fala que os recursos da Lei Piva devem chegar à base. Acho justo que os clubes que participam das revelações dos atletas recebam um percentual desses recursos", disse o presidente da CBF, referindo-se à Lei Piva, que determina o repasse de 2% dos rendimento bruto da Loteria Federal aos Comitês Olímpico e Paraolímpico Brasileiros. "E a CBF está estudando uma fórmula de passar a participar desses recursos." Guerra Fria - Braga e Teixeira vêm divergindo politicamente no futebol há anos. O reencontro desta quarta-feira terminou com um silêncio de 13 anos entres ambos, mas não serviu para encerrar as diferenças, como deixou claro, o presidente do Flamengo. "Dizer que as divergências acabaram é uma afirmação muito forte. Hoje foi como se estivéssemos no tempo da Guerra Fria, em que o presidente dos Estados Unidos tivesse vindo visitar o primeiro mandatário da Rússia", frisou o dirigente rubro-negro, presenteando Teixeira com uma camisa e fotos do clube, do qual é torcedor. Em retribuição foi agraciado com uma réplica da Taça Fifa-Copa do Mundo. "O capitalismo é diferente do socialismo, mas eles podem coexistir para o bem da humanidade. E nós podemos e devemos nos entender para o bem dos clubes e do futebol."

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