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Márcio e jogadores não entram na briga

Por Agencia Estado
Atualização:

O técnico Márcio Bittencourt gosta de repetir que tem 14 anos de Corinthians. Ele acompanhou várias brigas políticas e, por isso, não pensou duas vezes quando soube da discussão entre o presidente da MSI, Kia Joorabchian, e o presidente do Corinthians, Alberto Dualib. Deu ordem aos jogadores para não tomarem partido e não se envolverem em polêmicas pela imprensa. "Eu já acompanhei vários desentendimentos entre os dirigentes buscando o bem do Corinthians. O que deve estar acontecendo agora deve ser a mesma coisa. A minha obrigação é treinar a equipe e a dos meus jogadores é entrar em campo e fazer o melhor possível. Não temos que participar da política do clube. Não cabe a nós falar nada", diz o técnico. Os jogadores receberam as ordens e acataram. "Não estou sabendo de nada. E acredito que se houver alguma coisa entre os nossos dirigentes não pode afetar o time. A nossa preocupação é com a bola, jogar futebol e só. E é isso que estamos fazendo", diz Jô. A maior preocupação do técnico Márcio está na possibilidade de os atletas comprados a peso de ouro pela MSI tomarem partido de Kia Joorabchian, de quem ficaram íntimos graças a vários jantares e encontros fora do Parque São Jorge. "Gosto do Kia. Conversamos algumas vezes, mas não posso dizer que sou íntimo dele. Ao contrário. Não perdi a noção de que ele é o dirigente do fundo de investimento que gastou muito dinheiro para me trazer para o Corinthians. E só", repete Roger. Dualib é mais próximo dos jovens jogadores que surgiram nas categorias de base do Parque São Jorge. O dirigente gosta de propagar ter sido graças à pressão que fez sobre Kia que os ?garotos? receberam aumento salarial. "Eu sou muito próximo do presidente Dualib. Ele sempre esteve ao meu lado me apoiando desde que comecei. Nosso relacionamento é excelente. Sei o quanto ele aposta no meu futebol", diz Betão. O fato de Kia estar em Londres, resolvendo problemas particulares, segundo a assessoria da MSI, baixou um pouco a temperatura da crise política criada com a assinatura do contrato de US$ 13 milhões (cerca de R$ 31,2 milhões) com a Samsung. Kia fechou a publicidade nas camisas por dois anos. Só que a neta de Dualib, Carla, quer receber 10% da transação, alegando que sua agência de publicidade começou a negociação. O iraniano não quis pagar. Ela então procurou a Justiça e Kia foi intimado a pagar. Os advogados da MSI prometem recorrer. O presidente Alberto Dualib ficou irritado ao perceber que Kia está muito próximo dos vices Andres Sanchez e Nesi Curi. Seu medo é que a proximidade tenha a ver com apoio político, logístico e, principalmente, financeiro para a eleição da diretoria do clube, em janeiro de 2006. Dualib é candidato à reeleição e não quer que o seu grupo político sofra um racha pela disputa do poder. Sua aposta era a neutralidade do poderio financeiro de Kia. Só que o iraniano não está se mostrando neutro. Ao contrário. Kia não esperava a resistência de Dualib em situações como a assinatura de contrato com a Samsung. O presidente da MSI deu o troco em várias entrevistas falando sobre a necessidade de modernização da administração do Corinthians. No Parque São Jorge todos os conselheiros sabem que o presidente corintiano só aceitou a MSI comandando o futebol por causa de dívidas que passavam dos R$ 80 milhões. O dirigente corintiano estava preocupado com o seu final de mandato com o clube endividado. Kia chegou e passou a fazer valer os 51% do futebol. Toma as decisões e faz contratações sem consultar Dualib. Desgastado e sentindo o risco de perder o poder, o presidente corintiano comprou essa briga, de resultado imprevisível.

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