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Marin completa um ano de ‘calvário’ nos EUA

Ex-presidente da CBF está há 365 dias em prisão domiciliar em Nova York e tenta levar ‘vida normal’

Foto do author Raphael Ramos
Por Raphael Ramos
Atualização:

Envolvido em um grande esquema de corrupção na Fifa e acusado de ter cometido vários crimes, como o de receber propinas nas negociações de direitos de TV, entre outros, em edições da Copa América e suborno em contratos da Copa do Brasil, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, completa hoje um ano de prisão domiciliar em Nova York, após ficar 160 dias detido na Suíça.

Com início do julgamento nos Estados Unidos marcado para apenas novembro de 2017, o ex-dirigente tem levado uma vida “razoavelmente normal, dentro do possível”, segundo pessoas próximas a ele. Isso porque Marin pode sair até sete vezes por semana do seu apartamento localizado na 5.ª Avenida, no arranha-céu Trump Tower, numa das regiões mais valorizadas de Nova York.

O ex--presidente da CBF, José Maria Marin, durante a Copa do Mundo de 2014 Foto: Fábio Motta/Estadão

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Às segundas, quartas e sextas-feiras, ele vai à academia de ginástica do prédio para fazer exercícios físicos. Às terças, quintas e sábados, das 12h às 17h, e aos domingos, das 12h às 18h, Marin está autorizado pela Justiça dos Estados Unidos a sair de sua residência para “comprar alimentos, acompanhar eventos religiosos e participar de atividades recreativas, como caminhadas”. Tudo desde que permaneça dentro de um raio de até duas milhas (o equivalente a 3,2 quilômetros) de seu apartamento e esteja acompanhado de um segurança durante todo o trajeto.

O Estado teve acesso às solicitações de relaxamento da prisão domiciliar feitas à Corte de Nova York. Em um dos pedidos, datado de 20 de abril, a defesa diz que o objetivo da autorização para que ele saia de casa “é permitir que ele obtenha um pouco de ar fresco, areje a cabeça, ande com sua esposa (Neuza Augusta) e apenas seja uma pessoa”. Marin tem 84 anos. 

Solicitações feitas pelos defensores de Marin Foto: Arte/Estadão

DISTRAÇÃO Uma das atividades preferidas do ex-dirigente da CBF é ir a uma livraria que fica perto do Central Park. Mesmo morando há um ano nos Estados Unidos, ele não se comunica bem em inglês. Tem apenas “compreensão geral do que lê”, de acordo com pessoas próximas. Ele, no entanto, gosta de se manter informado, apesar de preferir não falar sobre futebol.

Nos próximos dias, Marin deve entrar com um pedido na Justiça para que possa sair de casa sem a companhia de segurança, só com monitoramento eletrônico por meio de tornozeleira. A justificativa é de que não há risco de fuga, já que o seu passaporte brasileiro está nas mãos das autoridades americanas desde o ano passado. 

O pedido também visa reduzir os custos da prisão domiciliar de Marin em Nova York, já que o ex-presidente da CBF tem de arcar com todos os custos de sua vigilância. O gasto inicial era de US$ 20 mil (R$ 63 mil) por semana, mas ele conseguiu, em março, acordo com a Justiça que o livrou da obrigação de ter um agente dentro do seu apartamento 24 horas por dia. Mesmo assim, Marin continua pagando a manutenção de câmeras de segurança instaladas na porta de seu apartamento e em todas as saídas do edifício Trump Tower.

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No mês passado, reportagem do Estado revelou que, para ajudar a bancar suas despesas em Nova York, o ex-cartola do futebol colocou para locação uma mansão em São Paulo comprada por ele em 2014. O aluguel do imóvel, localizado no Jardim Europa, uma das regiões mais nobres da cidade, é de pelo menos R$ 110 mil por mês. O casarão fica em um terreno de 2.600 m² e tem 818 m² de área útil. Possui dois andares, 12 salas e dez banheiros. A área externa tem estacionamento com capacidade para até 30 carros. Marin pagou R$ 13,5 milhões pelo imóvel, cujo custo anual do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) é de R$ 199,6 mil. A mansão está em nome da empresa JMN Empreendimento e Participações, constituída pelo dirigente para administrar seus bens.