Marin fica proibido de manter qualquer contato com a CBF
Fiança foi estipulada a partir de patrimônio acumulado pelo dirigente quando foi governador de São Paulo, em 1983
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Por JAMIL CHADE - CORRESPONDENTE EM GENEBRA
Atualização:
O ex-presidente da CBF José Maria Marin tem até esta sexta-feira para fazer o depósito de US$ 1 milhão para o governo americano e não poderá ter qualquer contato com a CBF, conforme previsto no acordo de prisão domiciliar que assinou na última terça-feira, quando chegou a Nova York. O pagamento em dinheiro é um dos pontos do acordo, obtido pelo Estado, e que ainda revela que a Justiça calculou a fiança de US$ 15 milhões a partir do patrimônio acumulado pelo ex-cartolas desde o momento que foi governador de São Paulo, em 1983.
Assim como em um reality show, todos os movimentos de entrada e saída do apartamento de Marin passaram a ser filmados por uma câmera apontada para a única porta de seu apartamento na Quinta Avenida, em Nova York. A instalação da câmera de segurança 24 horas por dia desde sua chegada nos Estados Unidos também está no acordo firmado entre o brasileiro e a Justiça americana, assim como a entrega dos passaportes de Marin e Neusa, sua esposa, para o FBI.
José Maria Marin - Julgamento
1 / 4José Maria Marin - Julgamento
Marin
Marin foi oficialmente acusado de fraude, conspiração e lavagem de dinheiro nos EUA. No total, pode pegar até 20 anos de prisão no país Foto: REUTERS/Brendan McDermid
Marin
Ex-presidente da CBF não pode falar com seus antigos aliados Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero. À Justiça, ele deu uma garantia de R$ 56 milhões Foto: REUTERS/Brendan McDermid
Marin
José Maria Marin está em prisão domiciliar nos Estados Unidos Foto: Brendan Mcdermit/Reuters
Marin
Muito abatido, Marin chegou a pedir para se sentar e tomar água durante o julgamento nos EUA. Durante a audência, ele só falou para declarar seu nome Foto: REUTERS/Brendan McDermid
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Conforme o Estado antecipou na quinta-feira, Marin vai arcar com todas as despesas referentes ao aparato necessário para sua prisão domiciliar, como a tornozeleira eletrônica que já monitora seus passos desde sua primeira noite em casa. O valor da fiança considerou todo o patrimônio acumulado por Marin desde que foi ex-governador de São Paulo até antes de ser banido do mundo do futebol pela FIFA, em maio deste ano. Também entrou na conta o patrimônio de sua esposa que precisou assinar as garantias dadas à Justiça americana.
Ao assinar o acordo, Marin e Neusaconcordaram em não ter qualquer contato com nenhum dos funcionários das empresas de marketing esportivos Torneos, Full Play e Traffic, todas sob investigação. Tampouco podem falar com associados da Concacaf, Conmebol ou Fifa. Entre as entidades "associadas" está a CBF.
Para sair de casa, Marin terá primeiro de aguardar uma aprovação da Justiça americana, após uma requisição formal. Mas não pode deixar os distritos do Sul e Leste de Nova Iorque. Além disso, um segurança particular aprovado pelo FBI já acompanha o brasileiro até mesmo dentro de casa e deve reportar os passos do ex-dirigente à Justiça.
A trajetória de José Maria Marin
1 / 13A trajetória de José Maria Marin
Início
Marin foi jogador de futebol profissional durante cinco anos, chegando a atuar pelo São Paulo. Iniciou sua carreira na política em 1963, quando foi el... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Ditadura Militar
Filiou-se à Arena, partido que deusustentação ao regime militar, em 1966. Foi eleito deputado estadual pela sigla em 1971.Em seu mandato, ficouconheci... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Governador
Em eleição indireta, Marin tornou-se vice-governador de São Paulo. Entre 1982 e 1983, governouo Estado, substituindo Paulo Maluf. Foto: Oswaldo Junor/Estadão
Federação Paulista
Tornou-se presidente da FPF em 1982, entidade que dirigiuaté 1988. Foto: Helvio romero/Estadão
Medalha no Bolso
Antes mesmo de chegar à CBF, Marin ficou conhecido por ter 'embolsado' uma medalhana cerimônia de premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Foto: Reprodução
Confederação Brasileira de Futebol
Assumiua presidência da CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira, em 2012. Ficouna entidade até 2014 e ajudoua eleger Marco Polo del Nero para o substi... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Na CBF
Uma das primeiras medidas à frente da CBF foi a de demitir Mano Menezes para trazer de volta Luiz Felipe Scolari para o cargo de técnico. Foto: Wilton Junior/Estadão
Polêmica
Outra medida de Marin foi a de batizar, com seu próprio nome, a nova sede da CBF, inaugurada no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação
Prisão
Num hotel em Zurique, polícia da Suíça prendeu sete dirigentes ligados à Fifa, entre eles Marin, sob acusação de crimes de corrupção. No mesmo dia, Fi... Foto: Paulo Whitaker/ReutersMais
Extradição
Marin foiextraditado para os EUA em novembro de 2015. Após cinco meses preso em Zurique, fechouacordo para ficar em prisão domiciliar em Nova York, on... Foto: Don Emmert/AFPMais
No tribunal
Julgamento no Tribunal Federal do Brooklyn começou em novembro de 2017.No primeiro pronunciamento aos jurados, defesa de Marin disseque quem tomava re... Foto: Amr Alfiky/ReutersMais
Condenação
Marin foiconsiderado culpado de 6 das 7 acusações de crimes do "caso Fifa"; inocentado de lavagem de dinheiro na Copa de 2014, foi condenado por três ... Foto: Amr Alfiky/ReutersMais
Conclusão
No dia 22 de agosto de 2018, a corte norte-americana condenouMarin a quatro anos de prisão pelos crimes cometidos de 2012 a 2015. O ex-dirigente també... Foto: Amr Alfiky/ReutersMais
Para os US$ 15 milhões do acordo foram considerados o depósito de US$ 1 milhão, que deve ser feito até esta sexta-feira na conta do governo americano, a caução do imóvel em Manhattan, e uma carta bancária de crédito que garanta US$ 2 milhões.
Pessoas próximas ao ex-dirigente de futebol garantem que Marin encara o acordo de forma positiva, já que com ele tem melhores chances de defesa em seu julgamento, que deve levar cerca de um ano e meio.
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Sua primeira audiência em Nova York está marcada para o dia 16 de dezembro. Segundo fontes ligadas ao ex-dirigente, o brasileiro tem interesse em encerrar o processo o quanto antes.
Em companhia da mulher, Marin passou seu primeiro dia em Nova York assistindo ao noticiário e lendo revistas. Por enquanto, o brasileiro que se diz inocente das acusações não tem planos de sair de casa.