A pontaria certeira de Jesús Dátolo evitou, no início da noite de ontem, injustiça com o Corinthians. O gol do meia, aos 45 do segundo tempo, garantiu vitória do Atlético-MG sobre o Figueirense e, por extensão, adiou a definição do Brasileiro. O grito de campeão pode vir no dia 19, após a pausa para os jogos da seleção pelas Eliminatórias para o Mundial de 2018. Eis a proeza.
Não se trata de ironia; acompanhe o raciocínio. Se o Galo tivesse empatado, os corintianos explodiriam de alegria, evidentemente, pois a diferença (13 pontos) não seria anulada nas quatro rodadas restantes. Mas ficaria a sensação de euforia incompleta, chocha, porque não veio de apito final de jogo do líder. Correto, coerente e fecho de ouro é soltar a voz com os atletas a festejar no calor da hora, com público em volta, no estádio, mesmo que seja fora de casa.
O título virá para o Corinthians, o torcedor não tem com o que se preocupar. Não vale nem a pena gastar tutano, tinta e papel com volteios inúteis, elucubrações do tipo “nunca se sabe o que pode acontecer”. Bobagem. É só questão de dia mais, dia menos. E ainda bem que agora vai se tornar realidade como manda o figurino, com Cássio, Renato Augusto, Jadson e grande elenco a desfilarem no gramado, de preferência após o duelo com o Vasco.
Seria esquisito estourar fogos, lascar buzinaço e fazer carreata um dia depois da vitória contra o Coritiba. E, pior: porque o segundo colocado, que mal se enxerga com lupa, teria tropeçado. Foi melhor assim, graças ao prodígio desse Jesús argentino.
Fiasco verde
Por falar em xarás do Salvador (Aquele, o divino e verdadeiro), Gabriel Jesus e companheiros de Palmeiras deram mais um vexame – novamente em casa e contra rival na zona de rebaixamento. O desempenho diante do Vasco foi ruim de doer, merecedor de vaias bem barulhentas. O time badalado pelas dúzias de contratações realizadas ao longo de 2015 teve comportamento ridículo, pareceu um bando de colegas de trabalho a disputar pelada após o churrasco dominical.
Aliás, até menos, porque nessas partidas de barriga abarrotada de carne, farofa e cerveja, os participantes ainda se divertem com chutes a gol. Nem isso o Palmeiras fez. Passou o jogo inteiro perdido, desorientado, aparvalhado. Não incomodou o goleiro Martin Silva uma vez sequer! O distraído que fosse ao antigo Palestra Itália para o ver o clássico imaginaria que o Vasco era o mandante, tão à vontade circulou em campo. Fez os dois gols valiosos no primeiro tempo e depois se divertiu a valer ao ver as trapalhadas verdes.
Não há desculpa convincente para o desabamento de produção. Não adianta Marcelo Oliveira referir-se a contusões, suspensões e outros babados. Tudo soa conversa fiada. Se foram feitas tantas compras, era para ter elenco à altura para compensar baixas. Tem mais: o Palmeiras perdeu 14 vezes! Retrospecto de equipe pequena, daquelas que entram num torneio só para fazer figuração. Pelo visto, esse foi o papel que o Palmeiras se acostumou a desempenhar na Série A.
O torcedor apoiou o ano todo, mas já se encheu. E, de fato, é complicado ver Alecsandro, Egídio, Fellype Gabriel, Kelvin, João Pedro, Thiago Santos perdidos em campo, sem criar nada. Um festival de horrores. Ah bom, o otimista dirá que resta a Copa do Brasil. Verdade. Mas, com essa bola murcha, pode preparar-se para duas lambadas do Santos.
Enigma tricolor. Quando se fala que o São Paulo é enorme ponto de interrogação, há quem se sinta incomodado. Ora, como assim, se tem 53 pontos e luta por vaga na Libertadores? A dúvida quem provoca são os boleiros, com a oscilação incessante e maluca deles num mesmo jogo.
Como se viu de novo, desta vez na derrota por 2 a 1, de virada, para o Cruzeiro. O São Paulo começou bem, abriu vantagem com Luís Fabiano, para depois embarcar na gangorra de sempre. Outro clube que precisa passar por reforma geral...