24 de abril de 2020 | 14h05
A pandemia do novo coronavírus, que vem afetando o esporte de maneira avassaladora, fez, por enquanto, duas vítimas entre os times de futebol. Patrocinense-MG e São Caetano anunciaram que não vão participar da Série D do Campeonato Brasileiro, a quarta divisão nacional. O Estado ouviu todos os 66 times que estão inscritos na competição e apesar do momento difícil, a maioria das equipes é a favor da disputa, mas exige uma definição rápida por parte da CBF para saber o que vai precisar para armar um time em condições diante da atual situação financeira.
No meio de tantas incertezas, a semana ficou agitada por conta da desistência do São Caetano, ocorrida na última quarta-feira. No dia seguinte, a CBF não aceitou que o EC São Bernardo ocupasse a vaga deixada pelo rival. A alegação é de que o clube do ABC paulista infringiu o regulamento em seu artigo 34, que exige que a desistência seja oficializada até 50 dias antes do início da competição. A data inicial seria 13 de março, o que, em tese, mudou com a pandemia.
Anteriormente, o Patrocinense, de Minas Gerais, manifestou estar com a saúde financeira debilitada e também ficará de fora da Série D. Como a desistência foi oficializada dentro do prazo previsto pelo regulamento, a Federação Mineira de Futebol (FMF) indicou o Villa Nova, de Nova Lima, como substituto.
A CBF, responsável por organizar todos as divisões do Campeonato Brasileiro, prometeu, no dia 6, uma ajuda de R$ 120 mil a todos os participantes da Série D para cobrir prejuízos em seus Estaduais, além de bancar outras despesas de logística - transporte, hospedagem, alimentação e arbitragem. Em contato com a reportagem, porém, não quis confirmar se esse dinheiro já foi repassado aos clubes.
Mas parece que nem estes benefícios satisfazem boa parte dos participantes. Sem dinheiro, diversas equipes - de Norte a Sul - não conseguem bater o martelo e cravar que irão participar da Série D em um ano de crise, no qual nem os Estaduais chegaram ao final.
"Estamos esperando uma posição da CBF. Se definir, com o Ministério da Saúde, que vai ter Série D e a CBF ajudar com questões como exames, que talvez precisem ser feitos para os jogos por conta deste cenário, a gente vai, sim, participar da Série D. Estamos nos organizando, é claro e evidente, ainda de longe", afirmou o presidente do São Raimundo-RR, Sérgio Carvalho.
O presidente do Goianésia-GO, Marco Antonio Mais, é outro que espera uma definição da CBF. "É certo que o Goianésia vai disputar a Série D, mas não sabemos com qual estrutura vamos conseguir formar a equipe, depois que tudo mudou. Precisamos nos reunir com os nossos patrocinadores, buscar novos, para saber com qual time poderemos contar", disse.
Também de Goiás, o Crac, da cidade de Catalão, vai jogar segundo seu mandatário Roberto Silva. Mas acredita ser complicado para os clubes se os jogos forem sem a presença de torcedores. "Vamos sim. Agora fica pergunta quando começará e será que vai ter? De portão fechado será inviável a disputa", comentou.
No Paraná, o Toledo confirmou que já recebeu o dinheiro da CBF. "Devido ao momento que estamos passando, estão havendo perguntas sobre a participação do TEC na Série D. Primeiro precisamos aguardar a definição da CBF: quanto ao calendário, se vai manter a fórmula, se vai ser de portão fechado ou não... São definições que vão impactar diretamente na decisão. Hoje o Toledo disputa a Série D, no mínimo com sua base. Vamos aguardar as definições", revelou o presidente Carlos Dulaba.
A falta de datas para início e término da competição, aliás, é apontada como um dos fatores que prejudicam o planejamento. Em princípio, a Série D começaria em 2 ou 3 de maio, com a fase preliminar, e conheceria o seu campeão em 22 de novembro. "Estamos aguardando um posicionamento da CBF quanto às datas e para ver se o regulamento continua o mesmo. Se haverá a fase preliminar ou se os clubes já vão entrar direto nos grupos ou se voltará o formato do ano anterior", contou o presidente do Baré-RR, Oziel Neto.
Os clubes que se posicionam favoráveis à disputa, em geral, se apegam ao sonho de conquistar o acesso à Série C, feito que garantiria um calendário mais cheio na próxima temporada. "O Brasiliense Futebol Clube entende que, em seu calendário, a competição nacional tem grande importância. Por esse motivo, o clube não pretende desistir de disputar a Série D", destacou o clube candango em uma nota oficial. O ex-senador Luis Estevão, dono do clube candango, o mantém em ação. No momento ele cumpre em prisão domiciliar, também beneficiado pelo coronavírus.
"Lutamos muito para conquistar esta vaga. Apesar das dificuldades que estamos enfrentando, vamos disputar, sim, a Série D. O Gama vai em busca de uma grande campanha nessa competição nacional", opinou o presidente do time brasiliense, Weber Magalhães, ex-presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal.
Além do São Caetano, o Estado de São Paulo tem direito a mais três vagas. Elas serão ocupadas por Novorizontino, Mirassol e Ferroviária. Sobre a atual situação, o clube de Novo Horizonte apenas disse, por assessoria de imprensa, que vai disputar a Série D e espera o dinheiro da doação.
No time de Mirassol, o presidente Edson Antônio Ermenegildo está ciente das dificuldades que terá pela frente e por enquanto garantiu a presença do clube. "O Mirassol tem planejamento para integrar os campeonatos da CBF, com o que, conforme nosso entendimento, deve ser o ideal para todas as agremiações de futebol. O caminho é espinhoso, mas é único. Vamos que vamos, por ora. Aguardando posicionamento da CBF", disse, sem revelar se já recebeu a ajuda da CBF. "(A ajuda) Significa que o campeonato será realizado. A saúde pública é primordial, mas o futebol ainda é a alegria do povão".
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