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Messi pode sair de graça do Barcelona caso a Catalunha se torne independente

Craque argentino se compromete a ficar no clube apenas se o time atuar em grandes campeonatos europeus

Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

Considerado como um dos principais instrumentos da independência da Catalunha, o Barcelona poderia ficar sem seu principal astro caso a separação da região com a Espanha de fato ocorresse. Lionel Messi incluiu em seu novo contrato com o clube uma cláusula que o permite deixar o time sem qualquer tipo de multa caso haja uma independência e o clube fique impedido de atuar em grandes campeonatos. 

A revelação foi publicada nesta sexta-feira pelo jornal El Mundo. O clube catalão não comenta os contratos de seus jogadores. Mas o Estado confirmou com fontes dentro do clube que, de fato, a concessão foi feita pelos diretores do time. Os cartolas consideram que o gesto de Messi é, na realidade, uma demonstração de seu compromisso com o clube, sempre que possa jogar uma grande competição nacional. 

Cláusula no contrato de Messi prevê que ele está ligado ao clube enquanto o Barça disputa as principais ligas europeias. Foto: Josep Lago / AFP

Oficialmente, o clube não adotou uma postura contra ou a favor da independência da Catalunha. Mas, nos bastidores, não tem evitado que parte de sua torcida use os jogos para empunhar a bandeira de uma região independente. Um de seus maiores nomes, Pep Guardiola, chegou a dizer que a Catalunha vivia “sob a ditadura da Espanha”. Gerard Piqué também foi alvo de polêmicas por parte de seu posicionamento. 

Com 30 anos, Messi fechou em novembro um contrato com duração até 2021, depois de muitas polêmicas e sugestões de que sua era no Barça teria terminado. Por 35 milhões de euros por ano, o argentino optou por permanecer. A multa estipulada para quem quiser levar Messi antes de 2021 é de 700 milhões de euros.

Seus advogados, porém, insistiram que não era apenas o salário que contaria. Uma eventual independência da Catalunha que deixasse o Barça fora do campeonato espanhol poderia modificar todos os cenários. 

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Pelo entendimento, Messi poderia sair livremente do clube caso o Barcelona não jogue o torneio espanhol. Madri já deixou claro que, em caso de secessão, o time de Messi não atuaria nos campos espanhóis. O argentino também poderia abandonar se o clube, com uma Catalunha independente, não fosse incluído em um dos três campeonatos europeus: Alemanha, França ou Inglaterra. 

Na prática, se o Barcelona apenas disputar uma eventual Liga Catalã, Messi deixaria o time que o formou sem pagar a multa multimilionária. 

Em outubro, um referendo repleto de controvérsias foi realizado por partidos que defendiam a separação da região. Madri acabou intervindo, prendeu alguns dos principais organizadores do movimento e convocou novas eleições regionais para o dia 21 de dezembro. Mas, nas urnas, os partidos que defendem a independência acabaram ganhando maioria simples no Parlamento Catalão, reabrindo os debates. 

Advogados do ramo esportivo consultados pela reportagem confirmaram que a cláusula é legítima, já que uma saída do Barcelona de seu principal torneio nacional significaria uma mudança profunda nas condições pelas quais o jogador foi contratado. 

Alguns sugerem que, mesmo sem a cláusula, Messi e todos os demais jogadores teriam grandes chances de conseguir sua liberação nos comitês da Fifa, que considera justamente que uma mudança de federação nacional por parte de um clube seria motivo suficiente para que um contrato fosse invalidado. 

Mesmo para que o Barcelona possa se unir a outra federação nacional, a petição teria de primeiro ser aprovada pela Uefa e pela Fifa.

Notícia atualizada às 11h58

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