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MP acusa MSI por lavagem de dinheiro

Entidade diz que a empresa parceira do Corinthians usa o time para "lavar" dinheiro. O acusado Kia Joorabchian faz pouco caso e reforça sua inocência.

Por Agencia Estado
Atualização:

Mesmo sem provas contundentes, o relatório final das investigações do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) aponta crime de lavagem de dinheiro da MSI na parceria com o Corinthians. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do MP, concluiu nesta quinta-feira os três meses de trabalho sobre o caso e repassou a documentação ao Ministério Publico Federal, que tem competência para apurar o suposto delito. "O crime é de ordem nacional, não convém a nós avançarmos", afirmou o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro. Momentos depois da apresentação, o iraniano Kia Joorabchian fez pouco caso das acusações. Citando o texto apresentado, declarou: "Eles usaram várias informações já conhecidas e só falaram do Boris Berezovski (boa parte do relatório é dedicada às condenações e processos contra ele na Rússia), não provaram nada contra mim e a MSI", declarou em tom de deboche. O homem-forte do Corinthians se disse ainda surpreso por descobrir que o MP-SP não tinha "autorização para investigar o caso". "Estava até agora na alçada estadual e não na federal, mais uma prova de que estamos sendo alvo de uma briga política, estimulada por alguns membros do clube insatisfeitos por terem perdido espaço." Carneiro e Roberto Porto, promotores responsáveis pela investigação no Gaeco, passaram três meses ouvindo integrantes da diretoria corintiana e funcionários da MSI com o objetivo de constatar a suspeita apresentada pelo deputado estadual e conselheiro do clube, Romeu Tuma Jr. Em determinado trecho do relatório, são claros na acusação: "... a parceria MSI-Corinthians está sendo utilizada para prática de lavagem de dinheiro obtido principalmente de Boris Berezovski, pessoa condenada a 20 anos de prisão, e que, atualmente, é procurada pelos crimes contra o sistema financeiro russo, participação em organização criminosa e outras fraudes..." Ao justificarem a contundência do texto, no entanto, deixam a desejar. "Não há provas cabais da participação do Berezovski. Confissões, transferências entre contas dele para o Corinthians, nada do tipo", respondeu Carneiro. Desde setembro de 2004, a oposição no clube, e desde janeiro deste ano, os promotores do Gaeco, fazem acusações, mas não conseguem prová-las. Tais evidências baseiam-se em uma fita cassete gravada em setembro onde Alberto Dualib, presidente do Corinthians, diz a conselheiros do clube que o milionário russo estaria por trás do negócio, e na viagem a Londres, em agosto, na qual a delegação corintiana visitou Berezovski e Badri Patarkatshivili, georgiano também suspeito de financiar a MSI. "Não há fatos novos, porém, os indícios são muito fortes", confirmou Porto. "Nos municiamos de informações de toda parte, agora entregamos o trabalho para quem pode ir além nas investigações", explicou Porto. Os promotores receberam informações do governo russo, da Agência Brasileira de Informações (Abin), Banco central do Brasil, Conselho De atividades Financeiras (Coaf) e Bradesco. Descontraído, Kia reafirmou que Berezovski não faz parte do acordo com o clube paulista, porém, não teria problema algum se participasse. "Eu liguei para o Boris e insisti para que ele entrasse na parceria, porque aí eu poderia defendê-lo abertamente." O iraniano se recusa, entretanto, a divulgar o nome dos verdadeiros financiadores da MSI. São pessoas, segundo ele, que não querem aparecer, não pretendem se sujeitar ao assédio da imprensa brasileira. "Garanto que todas são figuras conhecidas em seus países e sem problemas nenhum com a justiça", afirmou. A investigação será apreciada pelo procurador-geral do Ministério Público Federal, Cláudio Fontelles - em prazo incerto, mas que costuma durar de dez a quinze dias, de acordo com o promotor Carneiro. Após a leitura do relatório completo, com cerca de 700 páginas, o procurador decidirá ou não pela denúncia de crime de lavagem de dinheiro, na qual estariam envolvidos Kia, os dirigentes do Corinthians Alberto Dualib (presidente), Nesi Cury e Andres Sanchez (vices) e Paulo Angioni (diretor da MSI e procurador da Devetia, Just Sports e MSI de Londres, acionistas da filial do fundo de investimentos no Brasil).

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