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Na batalha de Nuremberg, Portugal elimina a Holanda

O gol de Maniche colocou os lusitanos nas quartas do Mundial, contra a Inglaterra. No jogo mais violento do torneio, o juiz mostrou 12 amarelos e 4 vermelhos.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Num jogo violento, com quatro expulsões e 12 cartões amarelos, Portugal se manteve invicto diante da Holanda ao vencer o jogo deste domingo por 1 a 0, no Frankenstadion, em Nuremberg, e garantir a sua classificação às quartas-de-final da Copa do Mundo da Alemanha. O time dirigido pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari pega na próxima fase a Inglaterra, que bateu o Equador. A vaga nas semifinais será disputada no próximo sábado, em Frankfurt. Com o resultado, os portugueses mantiveram a escrita de não perderem dos holandeses há cinco anos. O último triunfo do time de Felipão sobre os rivais havia sido na semifinal da Eurocopa de 2004. De quebra, o treinador gaúcho ampliou para 11 o número de triunfos consecutivos em Copas - ele já tinha em seu currículo sete vitórias com o Brasil em 2002 e três com Portugal na primeira fase na Alemanha. Essa será a terceira vez que Portugal enfrenta os ingleses em Mundiais. Os lusitanos foram derrotados nas duas ocasiões anteriores, em 1966 (Inglaterra) e 1986 (México). Com as quatro expulsões, a "Batalha de Nuremberg" entra para a história como o mais violento da história das Copas. Nunca um juiz havia mostrado tantos vermelhos. O recorde anterior eram de três, que haviam ocorrido nos jogos entre Itália x EUA, Croácia x Austrália (ambos na primeira fase deste Mundial), Brasil x Checoslováquia (França-1938), Brasil x Hungria (Suíça-1954) e Dinamarca x África do Sul (França-1998). Apesar da desclassificação, o goleiro Edwin Van der Sar se tornou o jogador com mais jogos com a camisa da seleção holandesa, com 113 no total - marca anterior pertencia ao zagueiro Frank de Boer (112). A partida Em busca da vingança, os holandeses começaram a partida marcando muito a saída de bola dos portugueses, mas de forma desorganizada. O time dos Países Baixos só parava os rivais com violência. Com menos de sete minutos de jogo, Van Bommel e Boulahrouz já haviam sido advertidos com cartões amarelos. Apesar disso, o time comandado por Marco Van Basten foi o primeiro a buscar o gol. Na primeira descida do time, o meia Mark Van Bommel fez boa jogada e arriscou de longe, rente à trave do goleiro Ricardo. Em seguida, Van Bronckhorst cobrou falta próximo da meia-lua, mas o camisa 1 lusitano fez a defesa. Muito recuada, a seleção portuguesa só conseguiu responder aos 23, quando conseguiu abrir o marcador. Em uma excelente jogada do ataque, Cristiano Ronaldo chamou a marcação dos zagueiros e tocou para Deco. O meia brasileiro naturalizado rolou para Pauleta, que deixou Maniche sozinho para soltar uma bomba, sem chances para Van der Sar - o volante lusitano já havia feito um golaço diante dos rivais no jogo realizado há dois anos pela principal competição européia. Aos 33, Portugal perdeu sua principal estrela, Cristiano Ronaldo, devido a uma lesão na perna direita após entrada dura do zagueiro Khalid Boulahrouz - o jogador deixou o campo chorando por causa das dores. A Holanda aproveitou a saída do rival e quase chegou ao empate logo em seguida. Numa linda jogada de Van Persie, o meia-atacante invadiu a área pela direita e deixou três zagueiros no chão. Na conclusão, ele chutou para fora, rente à trave direita de Ricardo. O momento mais polêmico da partida aconteceu aos 43. Após passe de Robben, Kuyt dominou na área e sofreu entrada violenta de Nuno Valente. Como o assistente já havia apontado impedimento, o juiz russo Valentin Ivanov não marcou pênalti claro. Três minutos depois, Portugal ficou com um jogador a menos quando Costinha recebeu cartão vermelho por interceptar um passe com a mão. Aproveitando a vantagem numérica em campo, a Holanda voltou para a etapa complementar disposta a empatar e quase conseguiu aos 3 minutos. Robben levantou na área para Cocu, que acertou uma bomba no travessão. Momentos depois, Van Bommel chutou forte de fora da área e Ricardo quase entregou, mas a bola foi para a linha de fundo. O clima tenso da partida aumentou aos 13 minutos, quando Figo aproveitou a desatenção do árbitro russo para acertar uma cabeçada no holandês Van Bommel - ele não foi advertido com cartão amarelo. Nervoso, Boulahrouz tomou as dores do companheiro e deu uma cotovelada no rosto do meia português numa disputa de bola. Ele recebeu o segundo amarelo e também foi expulso. Muito perdido na partida, o juiz Valentin Ivanov deixou de expulsar o meia Deco, que havia dado um carrinho por trás em Heitinga. Enquanto que o zagueiro holandês era atendido no gramado, Sneijder empurrou Petit e a confusão generalizada começou, com os jogadores das duas equipes se empurrando. Mas, aos 32, Deco não conseguiu escapar do vermelho ao segurar a bola antes da cobrança de falta. Minutos depois, foi a vez de Van Bronckhorst deixar o campo mais cedo. Exaltado, Felipão começou a jogar a culpa no holandês Marco Van Basten por causa do clima tenso, que gerou as quatro expulsões do jogo. Mesmo sem seu principal armador, Portugal quase ampliou nos acréscimos. Depois de segurar a pressão holandesa, o meia-atacante Tiago foi lançado, invadiu a área e bateu cruzado, muito perto da meta de Van der Sar. Para o confronto com a Inglaterra, a seleção de Portugal não poderá contar com Deco e Costinha, que irão cumprir suspensão automática - eles poderão ganhar mais alguns jogos de gancho, assim como Figo, que foi flagrado pelas câmeras de televisão dando uma cabeçada num rival. Ficha técnica: Portugal 1 x 0 Holanda Portugal: Ricardo; Miguel, Ricardo Carvalho, Fernando Meira e Nuno Valente; Costinha, Maniche, Deco e Figo (Tiago); Cristiano Ronaldo (Simão Sabrosa) e Pauleta (Petit). Técnico: Luiz Felipe Scolari. Holanda: Van der Sar; Boulahrouz, Ooijer, Mathijsen (Van der Vaart) e Van Bronckhorst; Mark van Bommel (Heitinga), Sneijder, Cocu (Hesselink) e Van Persie; Kuyt e Robben. Técnico: Marco Van Basten. Gols: Maniche, aos 23 minutos do primeiro tempo. Árbitro: Valentin Ivanov (Rússia). Cartões amarelos: Van Bommel, Boulahrouz, Van Bronckhorst, Sneijder, Van der Vaart, Maniche, Costinha, Petit, Figo, Deco, Ricardo e Nuno Valente. Cartões vermelho: Costinha, Deco, Boulahrouz e Van Bronckhorst. Local: Frankenstadion, em Nuremberg.

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