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Na chegada ao Palmeiras, muita tensão

Por Agencia Estado
Atualização:

A tensão foi a tônica nas imediações do Estádio Palestra Itália antes da partida entre Palmeiras e Deportivo Tachira. Ao invés de um ambiente de confraternização entre torcedores de um mesmo time durante a partida, o que se viu foi um desconforto evidente entre integrantes da Mancha Alviverde e da Torcida Uniformizada do Palmeiras (TUP), uma partida após os confrontos no domingo, antes do jogo do Santos, que resultaram em 62 pessoas presas e vários feridos. Mas, no final, a tolerância forçada pela repressão da polícia prevaleceu. Foram notórios outros efeitos da confusão, além da tensão. A Polícia Militar marcou presença entre as duas facções espalhadas pela Rua Turiaçu, munida de cassetetes e escudos, alerta para entrar em ação se necessário. Outra situação digna de nota foi a presença muito pequena de mulheres e crianças, que se dirigiam ao estádio visivelmente alertas e desconfiados. O fato é incomum em uma torcida que tem uma característica muito familiar, especialmente em um jogo de Copa Libertadores, de uma torcida só. Integrantes da torcida Mancha Alviverde, os bancários Sérgio Melo, e Rodrigo Cintra, mais o vendedor Maurício Bastos, ainda lamentavam as conseqüências do confronto do domingo. "É chato. Não podemos mais entrar no estádio com a nossa bateria, nossas faixas e camisas", disse Melo, que como todos os outros torcedores acatou as determinações da Federação Paulista de Futebol e da Polícia Militar de não entrar no estádio com uniformes das facções. Cintra fez questão de explicar que o problema da Mancha não é com a TUP, embora admita que não há confraternização entre as duas torcidas por ciúmes - a primeira teria se fortalecido a partir do enfraquecimento da segunda nos anos 90. "Na verdade foi uma questão pessoal. Alguns ex-integrantes da Mancha que fazem parte do grupos dos Carecas do ABC foram expulsos e passaram para a TUP. Domingo alguns caras da Mancha foram tirar satisfação". Melo fez questão de lembrar que, no geral, a torcida quer o fim às brigas. "Até por isso os diretores fizeram um comunicado se desculpando." Na TUP, a versão do confronto de domingo foi contada com algumas diferenças. "Eles vieram para cima da gente e o nosso pessoal só se defendeu. Ninguém aqui é de briga", garante o estudante João Luiz D´Andrea para quem o motivo da briga tem sido o fato de que a TUP tem se fortalecido com a saída de integrantes da Mancha descontentes com a maneira como a torcida é conduzida. Segundo ele, a TUP se diferencia da Mancha por uma postura mais democrática com relação à opinião de seus integrantes sobre o time e a forma de vestir e se comportar de seus integrantes. Ele confirmou a versão de outros membros da TUP, que não quiseram se identificar, de que os ânimos entre as torcidas se acirraram a partir do momento que a torcida não apoiou um manifesto da Mancha, no ano passado, pedindo a demissão de vários jogadores, como Muñoz e Pedrinho. Amiga de D´Andrea, a estudante Ana Cláudia Melo disse que após a briga sua mãe não queria que fosse ao estádio. "Ela nem está sabendo que estou aqui. Mas espero que ela entenda que a gente é família." Mas, o depoimento mais contundente foi o de um ex-integrante da Mancha, hoje na TUP, que não quis se identificar ou ser fotografado com medo de represálias. Ele explicou que trocou de facção por não concordar com o modo de agir das lideranças da Mancha e, por sua posição, ficou mal visto pelos ex-companheiros. Diz que é perigoso passar perto do bar onde o grupo se reúne. "Saí porque fazem questão que caras grandes, como eu, sempre participem das brigas. Sou de ficar na minha", contou. "Além disso, eles pegam no pé com coisas como corte de cabelo, colocar brincos ou piercing. Quando apareci lá de brinco foi a maior pressão. Acho que a TUP dá mais liberdade e todos se aceitam como são", conta.

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