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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Não vai dar certo!

Já tem torcedor entortando o nariz para o trabalho de Jesualdo, Tiago Nunes e Diniz

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Não vai dar certo! A frase não é minha. É de alguns amigos torcedores de Corinthians, Santos e São Paulo. Você já deve imaginar a quem eles se referem. Se não imaginam, ajudo. Aos técnicos Tiago Nunes, Jesualdo Ferreira e Fernando Diniz, respectivamente, dos três times citados. Nem o começo de temporada e de trabalho, exceto por Diniz, dão a esses profissionais tranquilidade para comandar. O desafio é grande num futebol brasileiro sem paciência. O treinador que ganha na quarta-feira será cobrado no domingo e assim sucessivamente até se encontrar numa encruzilhada, que pode ser um clássico ou uma sequência de maus resultados.

Dos três, Jesualdo é quem mais me parece pressionado. Seu trabalho à frente do Santos é fajuto. A sombra de Sampaoli e seus feitos ainda pairam no ar da Vila e assombram seus passos. Jesualdo não é nem nunca será Sampaoli. Ele vê futebol com outros olhos, menos agitado dentro de campo e também mais seguro. Para alguns, mais tradicional. Os resultados, claro, são outros. Nas duas últimas rodadas do Paulista, um empate seguido de uma derrota. As cornetas começam a tocar em Santos em tom cada vez mais alto.

Tiago Nunes, técnico do Corinthians Foto: Nilton Fukuda/ Estadão

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Mesmo a despeito de todos os fatores que podem explicar o cenário, o imediatismo dos resultados e das boas apresentações parecem empurrar o português para fora da Vila cada vez com mais força. E confesso que não vejo no Santos dirigentes parrudos capazes de segurar a onda do treinador. Não vai dar certo, me dizem os santistas que conheço, após sete partidas.

Jesualdo não está sozinho nessa. A desconfiança depois de um período de certeza absoluta começa a se voltar para o corintiano Tiago Nunes. Já são três rodadas sem ganhar no Paulistão, sendo uma delas a derrota do fim de semana para o Água Santa por 2 a 1 – já havia perdido para a Inter de Limeira e empatado com o São Paulo. Tiago tem as mesmas prerrogativas de Jesualdo, exceto pelo fato de não ser estrangeiro. Seu desafio é maior por estar num time de massa, de mais cobrança e que nos últimos anos aprendeu e se acostumou a ganhar alguma coisa.

A eliminação na fase classificatória da Libertadores 2020 foi razoavelmente “aceita” pelos torcedores. Mas isso pode virar com as más atuações e uma classificação não muito convincente do time no Estadual. Os clássicos, para Tiago Nunes, terão um peso enorme.

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Mas, diferentemente do presidente do Santos, Andrés Sanchez já deu mostras de coragem para segurar técnicos que acredita ser competentes, mesmo diante de fracassos retumbantes. Fez isso com Tite e Fábio Carille em sua primeira passagem pelo clube. E apesar das cobranças duras que o treinador corintiano já sente, Andrés parece estar longe de mudar de ideia sobre ele ser o cara para mudar o Corinthians.

Não seria demais supor que Tiago ficará no clube até o fim do mandato do presidente. Por enquanto, vejo o treinador isento das culpas pelos fracassos da equipe. Nem sempre será assim. Como disse, já há torcedor dizendo que ele não vai dar certo.

Dos três, o são-paulino Fernando Diniz é quem mais carrega a “ingratidão” da torcida nos ombros. Diniz já chegou ao Morumbi com a pecha de que “não vai dar certo” e, desde então, com muita calma, luta para provar o contrário. Não importa o que faça, como a vitória por 4 a 0 festejada diante do Oeste no sábado de carnaval, que sempre estará contra a parede, sendo cobrado, com são-paulinos torcendo o nariz para o seu trabalho, sempre cheio, é verdade, de altos e baixos. Diniz está no grupo dos técnicos que somente uma conquista é capaz de dar-lhes paz. Mesmo assim, por algum tempo apenas. Injustamente, a desconfiança ao seu trabalho precedeu sua chegada ao São Paulo, e com ela o eterno desafio de se superar a cada partida.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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