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'Não víamos o tetra como obrigação', Mauro Silva

Titular na campanha nos Estados Unidos relembra que o grupo via na Copa uma chance privilegiada de entrar para a história do futebol

Por Ciro Campos e Diego Salgado
Atualização:

O volante Mauro Silva foi titular durante toda a campanha da seleção brasileira no quarto título da Copa do Mundo, em 1994. Nesta quinta-feira a conquista completa 20 anos e na decisão, contra a Itália, o camisa 5 por pouco não foi herói. Veio dele um chute perigoso que bateu na trave e quase entrou depois de uma falha na defesa do goleiro Pagliuca. Em depoimento ao Estado, o ex-jogador relembra que o grupo vencedor foi formado pelas dificuldades dos anos anteriores.

"Aquele grupo via a disputa da Copa do Mundo como uma oportunidade, não tanto como uma obrigação. Não tínhamos medo de que não desse certo e transformamos a participação em um privilégio, porque era a chance da nossa equipe conquistar o que grandes jogadores não tinham conseguido, como Zico, Sócrates e Júnior.

Mauro Silva desarma Roberto Baggio durante a final de 1994 Foto: Arquivo/Estadão

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Éramos jogadores muito maduros, tanto é que vários do time viraram técnicos mais tarde, como o Dunga, o Zetti e o Leonardo. A regra nossa era ter cabeça fria, mas cabeça quente para jogar. Por isso conseguimos tirar a pressão e transformamos a disputa da Copa em um grande privilégio para todos nós.

As dificuldades no caminho do títulos nos obrigaram a se superar. Alguns tinham sido perdido ainda nas oitavas da Copa de 1990 e carregavam essa frustração. As Eliminatórias foram muito duras. Perdemos para a Bolívia, que foi a primeira derrota do Brasil na história. Ainda precisamos ganhar do Uruguai na última rodada em um jogo de vida ou morte. Por isso, o grupo estava unido e fechado para Copa. A gente sempre entrava em campo de mãos dadas. 

Um dos momentos mais difíceis foi contra os Estados Unidos. Era no dia da Independência deles, muito calor e ainda tivemos o Leonardo expulso. Depois o jogo com a Holanda também complicou bastante. Saímos ganhando por 2 a 0, o time deles empatou e tivemos de ter calma para ganhar.

A gente sabia que o povo brasileiro passava por um ano difícil. O Senna tinha morrido meses antes e tinha também a troca de moeda. O País estava sensibilizado, 24 anos sem ganhar a Copa e acho que isso levou muita gente a ir para ruas comemorar. Lembro que quando chegamos, no Recife, tinha uma multidão na praia de Boa Viagem para receber o time."

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