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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Neymar devia ser cortado

Mantê-lo na seleção viajando pelo Brasil após a acusação de estupro é expor o jogador

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Neymar está perdido e talvez ele deva pedir dispensa da seleção brasileira para cuidar de sua vida, dos problemas que o cercam, da saúde e do futuro. Tudo em sua vida, pessoal e profissional, parece fora do contexto de sua fama e do que se espera dele como maior jogador do Brasil. Os últimos fatos são assustadores, mesmo que ainda nebulosos. E destaco aqui que não há nenhuma intenção de julgar Neymar, muito menos de condená-lo. Jamais. Fico apenas nos últimos fatos. Dois, um na esteira do outro.

O primeiro deles é a acusação formal de estupro de uma brasileira em Paris. O outro é a Polícia Civil do Rio invadindo a Granja Comary, em Teresópolis, atrás do atacante para informá-lo, ao que se sabe, que ele está sendo investigado por divulgar imagens íntimas de uma mulher na internet, a mesma que o acusa de tê-la estuprado.

Robson Morelli é editor de Esportes e colunista doEstadão Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Neymar vive seu maior inferno astral, para dizer o mínimo. Já não se trata mais de contusão, recuperação longa para voltar a jogar ou mesmo troca de time. Muito menos de punição por agredir um torcedor rival na França. Nem mesmo sonegação fiscal ou bens apreendidos pela Polícia Federal.

Tudo isso parece pequeno diante da nova situação, a de acusação de estupro, que Neymar terá de se defender na Justiça, não tenho dúvidas disso.

Como há um Boletim de Ocorrência registrado em São Paulo, uma confissão do pai do jogador de que houve, de fato, o encontro de Neymar com a moça num hotel em Paris e das imagens divulgadas pelo jogador de parte do que ocorreu entre quatro paredes, certamente o caso vai adiante nas esferas judiciais até que se chegue a uma conclusão. E seja ela qual for, Neymar terá de descalçar as chuteiras de novo e se sentar no banco dos réus, mesmo que nada se comprove contra o jogador.

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Entendo que não há clima para Neymar continuar na seleção brasileira para a Copa América. Seu foco não está mais na competição tão importante para o Brasil após sequências de fracassos, mesmo com o carinho de todos os seus companheiros e da comissão técnica liderada por Tite. A cada bola perdida em campo, Neymar será hostilizado pela torcida. Deixá-lo em Teresópolis e, consequentemente, no giro que a seleção fará pelo País na Copa América (duas vezes em São Paulo e uma em Salvador na primeira fase), será expor o jogador a todo tipo de julgamento público, principalmente nos dias de hoje, de pouca tolerância, nenhuma compaixão e condenações aceleradas nas redes sociais, onde todos se manifestam e parecem ter razão de tudo.

Em algum momento, Neymar deixou que episódios outros tomassem conta de sua carreira no futebol. Em algum momento ele trocou os dribles, os gols e as jogadas geniais por qualquer outra coisa que não estivesse dentro dos 90 minutos de uma partida. Neymar estava fadado a ser maior do que ele é hoje no futebol. E isso nada tem a ver com o tamanho de sua fortuna, construída, vale lembrar a ele, do seu trabalho no Santos, Barcelona e PSG, além, claro, na seleção – mesmo que atualmente muitos contestem o que ele anda fazendo no clube francês e no time de Tite.

Diferentemente de seus amigos de baladas Lewis Hamilton e Gabriel Medina, que já foram vistos curtindo a vida com Neymar, o atacante do Paris Saint-Germain é o único dos três das conquistas rasas. Neymar não é campeão do mundo nem da Liga dos Campeões da Europa desde que resolveu fazer carreira ‘solo’ com a camisa 10. E o pior de tudo é saber que ele tem bola para ser muito mais do que é atualmente no futebol mundial. Muito mais.

Faz tempo que o atacante brasileiro não tem uma temporada limpa. Neymar me faz lembrar de Ronaldinho Gaúcho, um gênio que nos fez amar ainda mais o futebol, mas que nos ‘deixou’ cedo demais.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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