
22 de fevereiro de 2017 | 07h00
O maior clássico do mundo, como estará estampado no uniforme de Corinthians e Palmeiras nesta quarta-feira, completa 100 anos em 2017. A primeira vez que a bola rolou para os rivais foi em 6 de maio de 1917. Em Itaquera, a história continua pela quinta rodada do Campeonato Paulista.
No ano do centenário do Dérbi, os clubes serão retratados no curta-metragem Onipresença. Baseado em 8 mil fotografias de 14 profissionais, além do autor Anderson Rodrigues, a obra será exibida nas telas de Barcelona, entre os dias 16 e 26 de março, no Offside Fest, um dos principais eventos de cinema de futebol do mundo. No ano passado, o filme foi exibido em Israel (Jerusalém), Estados Unidos (Chicago), Brasil (São Paulo, no Museu do Futebol, e Três Passos), Uruguai (Punta del Este) e Colômbia (Buga).
As sequências fotográficas que se aproximam do vídeo, com a trilha sonora que mistura samba com rock metal, do músico Alexandre de Orio, em nada deixam a desejar quando o assunto é mostrar tudo o que aconteceu na partida do dia 31 de maio de 2015, na Arena do Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o Palmeiras venceu por 2 a 0, resultado que não anima alguns torcedores, mas Anderson Rodrigues defende: "Algumas pessoas disseram que teria sido perfeito se o Corinthians tivesse ganho por ter mais torcida e repercussão. Discordo. A vitória do Palmeiras na Arena se encaixou na proposta intrigante que eu buscava".
O Estado conversou com Anderson, que explica o início do projeto e os motivos pela escolha de Corinthians e Palmeiras. Confira:
Como surgiu a ideia do curta-metragem ?
Tudo começou na pós-graduação em Fotografia. Na época, atuava como repórter fotográfico em Esportes. No cotidiano da profissão e com os estudos, algumas situações me instigavam, incomodavam. Entre elas, a quantidade de imagens que produzimos e como somos bombardeados. Naquele momento precisava fazer um projeto e optei pelo futebol porque ele se enquadrava em todas estas discussões. É um espetáculo, um teatro real para o brasileiro, na qual a produção fotográfica é potente e com um mesmo foco: o jogo.
Por que você escolheu o clássico entre Corinthians e Palmeiras?
É um dos clássicos mais importantes do mundo. Este ano completará 100 anos. E, por sorte, ocorreu logo após a maturação do projeto. Dentro deste planejamento, era narrativa incrível, com muita rivalidade em jogo, 30 repórteres fotográficos em campo, numa partida entre o campeão brasileiro recebendo o time que depois seria campeão da Copa do Brasil. Sabia que teria apenas uma oportunidade para reunir todo material, mas não imaginava ainda qual roteiro seria em campo e no filme.
Como foram feitas as seleções das 8 mil fotografias?
Não entrei em contato previamente com os repórteres fotográficos pois não queria mudar a dinâmica. Antes, durante e após o jogo falei com todos. As apropriações foram logo após a partida. Não queria imagens depois, tratadas ou editadas tendo o filme como finalidade. Todo material bruto seria transformado numa obra, sem o caráter jornalístico e estético do mercado. Meu primeiro passo foi colocar todas as fotos em uma pasta, renomear e buscar um tratamento nas imagens único, algo que desse a impressão de um olhar onipresente, mas vindo de diversos ângulos. As fotos ficaram sem ordem cronológica e a montagem foi “manual” após a definição do roteiro que foi traçado de acordo com lances e momentos nos quais todos os fotógrafos registraram (gols, faltas, discussões, torcida) e, obviamente, com imagens ou momentos que considerava crucial para transmitir mensagens, embates.
Existe algum outro projeto em mente?
O curta-metragem começou como um projeto para pós-graduação e uma excelente oportunidade de “conversar” com o cinema. Após este longo processo, agora pretendo me dedicar aos trabalhos em fotografia.
ONIPRESENÇA (TRAILER) from Anderson Rodrigues on Vimeo.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.