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No Morumbi, rivalidade com mais de 70 anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro Corinthians x São Paulo, a gente nunca esquece. Cada torcedor corintiano ou são-paulino já teve um jogo de estréia na história desse clássico, da década de 40 à de 90. Há, porém, quem se lembre até dos tempos pioneiros, os anos 30, quando os dois clubes iniciaram a atual rivalidade. O jornalista Jorge Rodrigues Mello, de 88 anos, foi coordenador da equipe de Esportes da Rádio Bandeirantes na década de 60 e permanece um entusiasmado telespectador. Ele explica: "Foi por causa de alguns São Paulo e Corinthians que passei a ter mais interesse pelo futebol e pelo Tricolor, em minha época de garoto, antes de 1942, ano da chegada de Leônidas da Silva." Corinthians 2 x São Paulo 1, no Parque São Jorge, foi o primeiro clássico entre os dois times que hoje revivem, no Morumbi, 74 anos de disputas. O corintiano Neco enfrentou o são-paulino Friedenreich, em 25 de maio de 1930, quatro meses depois de o São Paulo ter sido fundado com jogadores remanescentes do Paulistano em parceria com a Associação Atlética das Palmeiras, da Floresta. Coincidência o uniforme ter as cores da bandeira paulista - na verdade, vermelho e branco do Paulistano; preto e branco da Palmeiras. O Corinthians, criado em 1910, já tinha enorme torcida e sete títulos paulistas. "Gambarotta abriu a contagem para o Corinthians, aos 17 minutos do primeiro tempo, Siriri empatou três minutos depois e Filó garantiu a vitória corintiana aos 28 minutos do segundo tempo", explica o jornalista Rubens Ribeiro no livro O caminho da bola, 50 anos de Paulistão, lançado em 2000. Eram dois grandes times. Corinthians - Tuffy; Grané e Del Debbio; Nerino, Guimarães e Munhoz; Filó, Neco, Gambarotta, Ratto e De Maria. São Paulo - Nestor; Clodô e Barthô; Milton, Biono e Arminana; Luizinho, Siriri, Friedenreich, Mário Seixas e Romeu. O Corinthians foi tricampeão em 1930, a dois pontos do Palestra Itália. O São Paulo ganhou o título de 1931: no antepenúltimo jogo, venceu o Corinthians por 4 a 1. Foi extinto em 1935, por causa de grave crise financeira, e reapareceu em 1936, com o mesmo uniforme, o antigo distintivo e outros dirigentes. Em 1938, o clube ganhou força na fusão com o Estudantes, do jogador Carlos Eduardo de Toledo, advogado paulistano, tio da hoje rainha Silvia, da Suécia. Em abril de 1939, clássico polêmico pelo título de 1938, no Parque São Jorge. No dia 25, caiu uma tempestade e a partida foi suspensa aos 22 minutos, quando o Tricolor vencia por 1 a 0, gol de Mendes. O jogo prosseguiu dois dias depois. O Corinthians empatou, gol de Carlito, e foi campeão invicto com o 1 a 1. Os são-paulinos alegaram que o gol havia sido feito com a mão. Os anos 40, que começaram com o Corinthians campeão de 1941, tiveram domínio Tricolor. O São Paulo, reforçado por Leônidas em 1942, ganhou o título de 1943. "A moeda caiu de pé", contrariando a tradição que impunha uma espécie de "cara ou coroa" entre Corinthians e Palestra Itália, então já Palmeiras, pelos títulos. O Tricolor foi campeão também em 1945, 1946, 1948 e 1949. O torcedor corintiano Henrique Garrute, contador, morador da Lapa, relembra: "A rivalidade nesse clássico ficou ainda maior nos anos 50 porque os dois times eram muito bons. De um lado, Gilmar, Luisinho, Baltazar... Do outro, Poy, De Sordi, Mauro... Valia a pena pegar o bonde e ir ao Pacaembu." Majestoso - Walter Abrahão, narrador esportivo da TV Tupi nos anos 60 e 70, diz que "é impossível esquecer a emoção desse clássico que ganhou o apelido de Majestoso". Ele cita o de 1957, em que o São Paulo, de Zizinho, conquistou o título paulista ao derrotar o Corinthians por 3 a 1, no Pacaembu. "Até hoje, esses confrontos não têm favorito. É muito comum acontecer a vitória do time que está em desvantagem no campeonato." O Corinthians tem sido campeão em anos ímpares desde 1995: cinco títulos. O Palmeiras levou a taça em 1996 e o São Paulo, em 1998 e 2000. Já em 2002, os clubes grandes ficaram fora do Paulista e o Ituano ganhou o título. Ano par, Corinthians em crise, São Paulo líder, mas o clássico deste domingo segue a tradição de não ser decidido na véspera.

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