
27 de abril de 2016 | 03h00
Ok, ânimo em alta. Esqueça as seis partidas anteriores – oito, para os são-paulinos, que passaram pela etapa preliminar. Agora, se trata de nova Libertadores, com o sistema de eliminação direta, em ida e volta, com o gol marcado fora de casa a ter peso dobrado, como critério de desempate.
Eis campeonato pródigo em surpresas a partir das oitavas. Preencheria várias colunas com exemplos de favoritos que tropeçaram, de zebras que cresceram, de campeões inusitados. Não precisa nem regredir muito: está aí o River Plate para confirmar. No ano passado, foi o pior classificado na primeira etapa e topou com o Boca Juniors.
Apesar da enorme tradição de rivalidade, era azarão. Na comparação entre ambos, perdia em tudo. Por causa de confusão na Bombonera, viu o adversário punido, herdou a vaga e encheu-se de moral até a conquista do título. Na edição deste ano, tem o Independiente del Valle como desafio a superar nas oitavas, com situação inversa à de 2015: é favorito, decide em seu estádio, mas fica com a pulga atrás da orelha.
Isso é problema lá dos gringos; para nós, interessa o quarteto brasileiro. Na teoria, na frieza do papel, não soa como despautério nem divagação ufanista botar fé em avanço de pelo menos três – Corinthians, Grêmio e Galo. O São Paulo corre por fora, o que pode ser-lhe útil; quanto menos badalação, mais chance de trabalhar na miúda.
O Corinthians superou expectativas – não porque tenha entrado como coadjuvante, mas pelas baixas sofridas nos meses iniciais da temporada. Tite remontou a tropa muito antes do imaginado e fez com que ela nadasse de braçada. Vá lá que o grupo não era nenhuma assombração, com Cerro Porteño, Santa Fé e Cobresal. Nem por isso houve cochilo, como o Palmeiras que... deixa pra lá, de novo. O campeão brasileiro cumpriu com eficiência o roteiro proposto, fechou a série com 13 pontos, 13 gols a favor (um dos melhores ataques) e 4 contra (das defesas menos vazadas). Saltou em condições de provocar estragos na concorrência.
O teste com o qual se depara não é bicho de sete cabeças nem galinha-morta. O Nacional, de Montevidéu, tem nome e lastro de campeão sul-americano e Mundial. Frequenta a Libertadores com a mesma regularidade com que disputa o Campeonato Uruguaio. Ou seja, não assusta com batalhas contra oponentes da região. Deu mostras ao bater o Palmeiras lá e cá. (Essa é outra história... deixa pra lá.)
Tite e rapazes tiveram baque na eliminação no Paulista. A derrapada diante do Audax, em Itaquera, acendeu a luzinha amarela. Técnico e jogadores receberam a primeira contestação do ano. Já há quem tema desastre na Libertadores, e isso vale como alerta, não como vaticínio.
A melhor estratégia consiste em voltar do Uruguai, depois de hoje, com situação confortável. E o que significa isso? Vitória, obviamente, empate (de preferência com gols) ou até derrota (por diferença mínima e/ou, se possível, com gol a favor.) Daí, torna a empreitada menos complicada na volta. Há risco, justamente porque é torneio diferente daquele disputado até a semana passada. Detalhe importante: que se treinem pênaltis, quesito que tem derrubado o Corinthians.
O perigo para Grêmio e Atlético está no fato de enfrentarem argentinos – Rosario Central e Racing, respectivamente. Ambos no momento são tecnicamente inferiores; todavia, sem chover no molhado, pertencem a uma escola espetacular. Já o São Paulo entra em campo amanhã com a obrigação de fazer resultado folgado contra o Toluca aqui. Porque no México o enrosco é enorme.
E o Palmeiras? Bem... deixa pra lá.
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