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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Números, sempre

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Por Antero Greco
Atualização:

O Corinthians ganhou o Brasileiro dez dias atrás, com méritos, folga, sem reparos. Foi o melhor, disparado. Agora, para não esvaziar as apresentações finais, e fingir que têm alto interesse, se recorre ao discurso de “bater recorde”. A ordem é superar campanhas de outros campeões nacionais e estabelecer sei lá qual porcentagem inédita de aproveitamento. Se alcançar a meta, será o “melhor da época dos pontos corridos”, que tem só 13 edições a partir de 2003. O apelo aos números vale apenas como ilustração, aperitivo, tira-gosto para o jogo deste domingo com o Sport, que passa na televisão e, portanto, precisa atrair o espectador. Como referência científica, se o termo couber, não tem valor algum. Entra para o terreno das curiosidades de uma equipe – no que já lhe é bem favorável e ressalta a proeza obtida em 2015. A comparação com outros campeonatos que seguem o formato de todos contra todos, em ida e volta, fica prejudicada por diversas peculiaridades. A primeira delas, o número de participantes. Em 2003 e em 2004, eram 24 concorrentes; 22, em 2005. Dali para a frente, os 20 atuais. A quantidade de vezes que uma equipe teve de jogar difere e interfere, em tudo – nos deslocamentos, no desgaste das tropas, no tempo de recuperação entre uma rodada e outra, nas advertências, nas contusões. Nas arbitragens... Houve erros decisivos? Elas influíram no resultado final? Ao menos em um episódio, sim – o torneio de 2005, com a repetição de diversas partidas por causa do escândalo do apito. Enfim, mundos distintos. Outros aspectos importantes: o local dos jogos, as condições climáticas e de gramado, a presença de público. E, acima de tudo isso, a composição dos elencos. Qual a qualidade dos concorrentes? Quais eram os destaques de cada time? Contavam com mais ou com menos jogadores de alto nível do que hoje? Ou os atuais são melhores? Vivemos tempos em que se buscam, nos algarismos, o extraordinário, o excepcional, a superação, o inédito. Há sofreguidão para detectar um novo fenômeno, uma marca que “faz história” e nos esquecemos de considerar o Humano, o imponderável, o acaso. Que, parece bobagem, mas pesam pra burro. Mais sensato e bacana medir o Corinthians pelo trabalho bem feito por Tite e colaboradores. Elogios cabem para a aplicação e a eficiência dos jogadores. O Corinthians que chegou ao sexto título do Brasileiro em 25 anos tem de ser exaltado por esbanjar eficiência, equilíbrio e seriedade. As cifras servirão para ilustrar transmissões e comentários; quem sabe, para animar conversa de botequim. Não para verdade absoluta.IRONIA TRICOLOR O São Paulo voltou a se comportar de maneira capenga, ao receber o Figueirense, na tarde de ontem, no Morumbi. Em boa parte do jogo irritou a torcida, passou sufoco, levou virada e no final... reviravolta e vitória por 3 a 2. Com o resultado, manteve-se no quarto lugar, foi a 59 pontos, se beneficiou do tropeço do Inter – em quinto com 57, após 1 a 1 com o Flu –, e só depende de si, na despedida contra o Goiás, para disputar a fase preliminar da Taça Libertadores de 2016. Ironias do destino que podem ajudar um time que, durante o ano, fez de tudo para se prejudicar: vendeu jogadores, teve diversos treinadores e viveu turbulência na política interna, até com a renúncia de presidente. O futebol é uma bênção.HORÁRIOS A propósito de São Paulo x Figueirense: absurdo que a penúltima rodada da Série A não seja toda disputada no mesmo dia e horário. É o mínimo que se esperaria de transparência e oportunidades iguais. Se não por causa da parte de cima, ao menos em consideração ao que se passa na zona da degola. Não faz sentido Figueirense e Avaí, dois clubes com risco de queda, terem jogado no sábado (à tarde e à noite). Como não é justo o Vasco atuar uma hora antes de Goiás e de Coritiba neste domingo. Estes últimos no mínimo saberão do que precisam. Não se pode mesmo esperar muito da CBF.

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