O Campeonato Brasileiro saiu de sua 36ª rodada ainda cheio de indefinições na parte inferior da tabela. Nunca a Série B assombrou tanto como nesta temporada. Apenas a Chapecoense já caiu. Há uma série de outras equipes que jogam para se afastar do Z-4. Há muito temor de cair para a Segundona.
E é fácil entender isso. O Cruzeiro, de Vanderlei Luxemburgo, que assinou contrato por mais duas temporadas e acena como esse sendo seu último projeto no futebol, vai para a sua terceira edição na B. O Vasco, que caiu na disputa passada, não conseguiu subir nesta, portanto, vai ficar mais um ano comendo o pão que o diabo amassou no futebol.
Bater na Série B e voltar na competição seguinte para a primeira divisão, feito uma pena rápida no purgatório, já não é mais um caminho tão certo assim. Daí o temor de cair. Há outros, como, por exemplo, perder as cotas de TV e os patrocínios, assim como as premiações mais gordas da Série A. Vira uma bagunça também montar equipes para disputar a Libertadores ou Copa do Brasil e a B do Campeonato Brasileiro. São torneios muito diferentes.
Dos grandes da vez, o Grêmio não dorme direito há meses, assombrado com seus maus resultados e com a permanência entre os quatro últimos na tabela. A derrota para o Bahia jogou um balde de água fria em suas pretensões de escapar da queda. Tem 35 jogos e permanece com a corda no pescoço.
Mas não é o único time importante a estar ameaçado. O Sport sente o mesmo dissabor, até pior, porque está, no momento, mais enterrado no fundo do poço do que o Grêmio. Há outros gigantes que flertaram com a degola durante praticamente toda a competição. O São Paulo e o Santos são dois deles. O Bahia também. Exceto pelo clube de Salvador, não penso que o time do Morumbi e o da Vila sofram mais com uma possível queda para a Série B.
Os torcedores mais míopes, motivados pela paixão do momento, vão bater no peito e dizer alto que seu time é ‘incaível’. Mas se a palavra não existe, a condição tampouco. Não seria demais afirmar que São Paulo e Santos deram sorte. Porque os times são tão ruins quanto Sport, Grêmio e Juventude, os ameaçados da vez. Alguns outros batem na Série A e voltam porque não conseguem se sustentar nela.
Daí a necessidade de todos esses clubes e outros mais de repensar suas gestões, a montagem dos elencos, a escolha dos treinadores, os gastos absurdos sem necessidade antes de reiniciar a temporada 2022.
Eles puderam constatar nesta edição do Brasileirão que bandeira e cor de camisa não dão mais as cartas, quando se tem um Red Bull Bragantino bem estruturado ou um Fortaleza com time bem montado. Há uma nova ordem em marcha no futebol e muitos clubes tradicionais não se deram conta disso ainda. Se não abrirem o olho logo, pode ser tarde.