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O campeão no Horto

Aula de futebol, nó tático, atuação irrepreensível... O futebolês vai tentar explicar a vitória do Corinthians sobre o Atlético Mineiro com expressões que normalmente não explicam nada. Não houve aula, não houve nó, houve apenas trabalho, da análise do adversário ao desempenho no campo, da escolha da estratégia de jogo ao desenvolvimento da equipe como bloco único, coerente tática e tecnicamente. 

Por Paulo Calçade
Atualização:

O Corinthians jogou o suficiente para eliminar, no campo do Horto, a esperança do time de Levir Culpi. Os 55% de posse de bola podem dar a impressão de que o Atlético dominou o adversário e o pressionou a ponto de desestabilizá-lo. Por sorte, os números não funcionam sem o contexto do campo.

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O Atlético não conseguiu fazer o Corinthians sofrer. Para não ser controlado, Tite trabalhou cada peça, cada movimento, setor por setor, individualidade por individualidade. Isso explica a dificuldade de encontrar um Lucas Pratto efetivo na partida e de sentir a eletricidade, representada por Luan, contagiar a equipe.

No primeiro tempo, durante 25 minutos, o Corinthians conseguiu subir a marcação, pressionou pela recuperação da bola e abocanhou espaços. Essa é uma das dificuldades do Galo, melhor e mais confortável do meio de campo para frente, sem combate na sua transição.

No ideário atleticano, a intensidade no campo ofensivo produz pressão até espremer o adversário contra seu próprio gol. Jogar no campo corintiano pode custar caro, afinal os contra-ataques foram responsáveis pelas últimas vitórias, inclusive em casa, contra o Flamengo.

Símbolo da maturidade da equipe, o primeiro gol foi primoroso. Felipe, o zagueiro, recuperou a bola de Pratto, o centroavante, e seguiu pela lateral. Cruzou para Jadson, o meia, que deu um passe espetacular para Malcom, o atacante, fazer de cabeça. Vagner Love e Lucca terminaram o serviço.

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O Corinthians é uma grande obra coletiva realizada por jogadores tecnicamente muito capazes. No jogo que praticamente decidiu o campeonato, entretanto, vale ressaltar o futebol de dois deles, de Felipe e de Jadson, com e sem a bola. Jogaram tanto que o gol se tornou um detalhe.CLÁSSICO Desde que Dorival Junior trouxe equilíbrio aos dois times que habitavam o gramado da Vila Belmiro, o que atacava muito bem e o que defendia mal, o Santos mudou o sentido do seu futebol. 

Havia uma divisão incompatível com o futebol que se joga atualmente. Quando atacantes e defensores perceberam fazer parte da mesma equipe, e que a sobrevivência de todos dependeria da coesão de tarefas, o Santos decolou.

Gabriel tornou-se um jogador mais solidário e Marquinhos Gabriel não só substituiu Geuvânio como superou o companheiro. No meio de campo, Tiago Maia e Renato formaram dupla afinada, o menino e o veterano, de recuperação e de passe.

É uma delícia ver a equipe jogar, principalmente nas partidas disputadas em casa. Fora ainda é necessário fazer ajustes, mesmo tendo vencido o São Paulo com facilidade na semifinal da Copa do Brasil, no Morumbi.

Até o primeiro jogo da final, dia 25, é possível melhorar, mas a missão é manter o que vem funcionando em ordem. Três semanas é tempo demais para Dorival, tempo demais para quem está pronto aguardando um adversário que ainda precisa trabalhar duro.

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Talvez o tempo não seja suficiente para Marcelo Oliveira fazer os ajustes necessários, como reconstruir o meio de campo, afinar a marcação e a condução da bola ao ataque.

Mas se Arouca conseguir voltar a tempo, é possível que o Palmeiras evolua e lute de verdade pelo título da competição, apesar da derrota na Vila.

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