Com barba, de bigode ou de cara limpa, ele sempre passa uma imagem de um homem sério, austero e de sorriso difícil, apesar do sentido de humor. Aos 63 anos, 30 deles no futebol, Fernando Manuel Fernandes da Costa Santos desfruta do fato de ter sido o técnico que levou Portugal ao título europeu em 2016 e que lhe valeu ser apontado como o melhor do mundo.
+ Portugal considera grupo da Copa 'enganoso' e prevê dificuldade
Ano passado, liderou mais uma vez Cristiano Ronaldo e companhia em uma campanha vitoriosa – nove vitórias e um empate – para se classificar para a Copa do Mundo da Rússia.
Seu contrato com a federação portuguesa vai até o fim da próxima Eurocopa, em 2020, quando defenderá o título conquistado há dois anos.
Mas por muito pouco toda esta carreira gloriosa não foi trocada por um emprego de engenheiro eletrotécnico e de comunicações. Fernando Santos foi um zagueiro, que às vezes jogava na marcação de meio de campo, sem dedicação aos treinamentos, atitude muito diferente que cobra de seus jogadores. Sem brilho, atuou por Benfica, Marítimo e Estoril.
A oportunidade de jogar bola era dividida com os estudos, obrigação imposta pelo pai. Formou-se engenheiro em 1977. Dez anos depois iniciou a carreira de técnico no Estoril. Chegou a pensar em voltar para a engenharia mas, em 1994, a Estrela da Amadora lhe fez proposta para ser treinador, não para trocar os holofotes do estádio José Gomes. E lá foi ele. As quatro temporadas na “equipa” o levaram para o grande desafio de dirigir o Porto.
Sua maior conquista em clubes foi o Português da temporada 1998-1999, quando foi chamado de o “Engenheiro do Penta”, lembrança aos cinco títulos nacionais seguidos dos Dragões.
Das três décadas como treinador, 13 anos se passaram no futebol grego, com passagens por AEK Atenas, Panathinaikos e PAOK, além da seleção grega, na qual participou da Euro 2012 (caiu nas oitavas para a Alemanha) e da Copa do Brasil, em 2014, quando também foi eliminado nas oitavas para a Costa Rica.
Para a Rússia daqui a menos de cinco meses, Fernando Santos promete surpreender mais uma vez. E ele diz ter uma ajuda muito grande para isso. Nos momentos finais da final da Euro, diante da França, Cristiano Ronaldo, machucado, ficou ao seu lado orientando os companheiros e iniciando a festa. Em um dos abraços do astro, o treinador coloca a mão no bolso, parecendo estar preocupado. Ele queria saber se o crucifixo que carrega há mais de 20 anos permanecia ali, a protegê-lo. “Sempre agradeço muito a Deus pai. Ele sempre me ajudou e sempre irá me ajudar.” Portugal confia e agradece.