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O fôlego de Romário está perto do fim

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Por Agencia Estado
Atualização:

Romário está cada vez mais distante de seu sonho de chegar aos mil gols - ainda não completou 900 - e muito próximo de encerrar a carreira. Não fala abertamente do assunto, mas amigos de infância acreditam que ele possa se despedir do futebol ao término do Campeonato Carioca, em abril. O fôlego e entusiasmo para disputar o Brasileiro de 2004 estão no fim. Aos 38 anos, sem condições físicas para correr em campo, mal tecnicamente e longe dos treinos regulares do Fluminense, o campeão do mundo em 1994 anda deprimido. Nem mesmo curte as baladas da noite carioca com a antiga freqüência. Não que tenha abandonado as pistas de dança onde ensaia passos de seu ritmo preferido, o hip-hop, mas tem optado por ficar em casa e refletir sobre a decisão de continuar ou encerrar as atividades. Recentemente, quase comprou um bar/boate na zona sul do Rio. No momento de fechar o negócio, hesitou e desistiu: não sabia se permaneceria na cidade para gerenciá-lo. "Cada um sabe a sua hora. O que posso dizer para ele é que parei ano passado e estou curtindo, como nunca, a minha família", comentou Bebeto, companheiro de ataque de Romário na campanha do tetracampeonato, nos Estados Unidos. Nos últimos dois meses, cada gol de Romário custou R$ 133 mil ao Fluminense - na verdade, ao patrocinador do clube. O atacante, cujo salário é de R$ 200 mil mensais, só marcou três vezes pelo Tricolor na temporada, um desempenho muito ruim e só comparável com o do período em que atuou no Catar por três meses em 2003 - na oportunidade, não fez nenhum gol e teve de devolver ao príncipe, dono do clube que o contratara, o relógio de ouro que ganhara ao desembarcar no país. Ele atuou em somente sete partidas das 13 disputadas pelo Fluminense em 2004. E já acumulava quatro contusões no ano: por causa de dores na panturrilha não enfrentou a Cabofriense, em 29 de janeiro; com fadiga muscular saiu no segundo tempo no Fla x Flu de 1º de fevereiro e ficou fora da estréia do Tricolor na Copa do Brasil, contra o Caxias, três dias depois. Um problema muscular na coxa direita o afastou do jogo com o América e uma lesão no joelho direito o deixou ausente da partida com o Americano, na rodada seguinte, ambos pelo Campeonato Carioca. Sem marcar um gol sequer há mais de 40 dias, Romário recebeu as primeiras vaias da torcida do Fluminense durante o clássico do último fim de semana, em que seu time foi goleado pelo Vasco por 4 a 0. Assim como ocorreu em outras partidas do Carioca, o atacante desperdiçou gols incríveis, da pequena área, sem ninguém a bloqueá-lo. A constatação de que seu brilhante futebol vem minguando não requer uma observação apurada. Desde 1998, Romário passou a ser temido apenas pela capacidade de concluir jogadas diante do goleiro, mais notadamente em chutes da pequena área. Mas a fonte parece ter secado. Em meio à escassez de gols e da falta de boas apresentações, Romário tem gasto horas e dias para resolver pendências particulares. Ficou a semana toda na Europa a fim de dar seqüência a um processo contra um investidor polonês que lhe teria dado um desfalque de cerca de US$ 5 milhões. Os problemas são mais extensos e prometem mais dor de cabeça. Nos próximos dias, vai ter de comparecer à Justiça do Rio para se defender numa ação promovida por sua ex-mulher, Mônica Santoro, que o acusa de não pagar a pensão alimentícia dos filhos. "Ele tem todo nosso apoio e solidariedade", disse o presidente do Fluminense, David Fischel. Uma semana antes da demissão do técnico Valdyr Espinosa, em primeiro de março, o dirigente repetira a mesma frase.

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