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(Viramundo) Esportes daqui e dali

O respeito caiu

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Por Antero Greco
Atualização:

De largada a ótima constatação: a última rodada do Brasileiro confirmou o São Paulo na Libertadores, que se junta aos já classificados Corinthians e Palmeiras. O trio de ferro estará na competição continental e prova a força do futebol paulista, que volta a dar as cartas no plano nacional. O Santos se despediu com dignidade, com os 5 a 1 sobre o Furacão, e a Ponte Preta resistiu bravamente pelo miolo da tabela. Bonito e bacana. Mas, para quem gosta do joguinho de bola sem ligar para cor ou origem de camisa, a jornada derradeira da Série A de 2015 teve também gosto amargo. A queda de um gigante como o Vasco é de partir o coração de esportista. Triste ver clube centenário, campeão, respeitado e popular, empurrado para o limbo pela terceira vez nos últimos oito anos – antes o vexame viera em 2008 e 2013.  Constrangedor e revoltante. A nau vascaína não foi a pique por causa do 0 a 0 com o Coritiba. A missão no Paraná se mostrava quase impossível, pois precisava de vitória e ainda torcia por tropeços de Avaí e Figueirense. Ou seja, torcia por sucessão de milagres.  Va lá, intervenções divinas ocorrem, não duvidaria jamais. Amém. Porém, não a todo momento, senão desvirtua. Havia um quê de esperança e enorme ceticismo, mesmo com o trabalho de recuperação da dupla Jorginho/Zinho, e com a dedicação dos atletas.  O jogo no Couto Pereira, na chuvosa tarde de ontem, representou a etapa final de drama que se arrasta há muito, tem origem interna e, ao menos por enquanto, sem perspectivas de mudança. O Vasco apequenou-se, em decorrência de seguidas administrações ultrapassadas, e paga caro por isso. Não se vive impunemente tantos anos sob o domínio do estilo personalista, egocêntrico e superado de Eurico Miranda. Não se passa incólume por experiência nada inovadora – decepcionante até – de Roberto Dinamite. E se deve arcar com as consequências ao ressuscitar a forma Eurico de governar e o retrocesso que isso significa. O futebol não tem mais espaço para senhor absoluto, caudilho, homem-forte, Rei Sol, aquele em torno do qual deve girar a vida do time. Chega de todo-poderosos, que se mande para escanteio a figura do cartola folclórico.  No caso específico, é necessário frisar que Eurico não é Vasco, o Vasco não pertence a Eurico e é superior a ele. Não cabem mais bravatas na base de “O respeito voltou”, não se deve dar espaço para performances em entrevistas coletivas usadas para mascarar a realidade, lançar alertas contra inimigos fictícios, reclamar de arbitragens e soltar ameaças suspeitas. Só fumaça.  O Vasco desabou por incompetência geral, por mentalidade arcaica que morreu e está à espera de enterro. Inadmissível que um clube com milhões de seguidores não tenha correntes políticas com mentalidade arejada, moderna, profissional e democrática.  Até quando as humilhações? Tricolor lá. Olha só, quem diria, o São Paulo vai à fase preliminar da Libertadores. Prêmio e tanto para clube que fez tudo errado, sobretudo nos bastidores. A quarta colocação não tem nenhuma contestação dentro de campo; veio com lisura. Surpreendeu por derrapadas, constantes trocas de treinador e saída de jogadores durante a temporada.  O desmanche continua, com a aposentadoria de Ceni, a dispensa de Luís Fabiano, a devolução de Pato para o Corinthians. Mas a vaga no torneio sul-americano deve servir de estímulo para planejamento adequado para 2016. Que seja sério.Apoteoses alvinegras. Notável a saideira do Corinthians: o empate com o Avaí lhe valeu a proeza de ser recordista na fase dos pontos corridos com 20 clubes (81). Merecido o vice do Atlético-MG, que durante boa parte do campeonato fez sombra aos corintianos. E digno o adeus do Santos, com os 5 a 1 sobre o Atlético-PR. Ah, se o Peixe não abrisse mão do Brasileiro por causa da Copa do Brasil... Tomara mantenha o elenco.

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