PUBLICIDADE

Publicidade

Oitavas da Libertadores testam poder dos times brasileiros

Das 16 equipes que brigam pela taça, os cinco do País têm maior poder econômico, mas todos juntos não chegam nem aos pés do Real Madrid

Por Ciro Campos , Daniel Batista e Paulo Favero
Atualização:

Os 16 times que seguem na briga pelo título da Copa Libertadores começam a fase de oitavas de final nessa semana. O primeiro brasileiro a entrar em campo será o Grêmio, que enfrenta o Godoy Cruz nesta terça-feira, às 19h15, em Mendoza, na Argentina (veja tabela completa abaixo). A luta vai durar até a decisão do título, marcada para final de novembro. Quem ficar com o troféu fica com a vaga no Mundial de Clubes, torneio em que o gigante europeu Real Madrid já tem a presença garantida.

Mesmo que se unissem, em vez de se enfrentarem, certamente as equipes não conseguiriam rivalizar com o Real Madrid no aspecto financeiro. O clube espanhol e possível oponente dos sul-americanos em Dubai tem elenco mais valioso do que a soma de todos os plantéis dos participantes desta fase da Libertadores.

Palmeiras enfrenta o Tucumán no Allianz Parque, pela fase de grupos da Libertadores. Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters

PUBLICIDADE

Segundo o site português TransferMarkt, especializado em transferências de atletas, o atual vencedor da Liga dos Campeões tem um valor de mercado do seu elenco avaliado em torno de incríveis R$ 3 bilhões. Já os 16 melhores times da América do Sul, somados, atingem pouco mais da metade desta cifra: R$ 1,9 bilhão.

O abismo de forças entre os continentes é o desafio para os clubes da América do Sul extrapolarem o domínio local e voltarem a conquistar o mundo. A Europa, com elencos renomados e contratações de peso, tem dominado a disputa do Mundial de Clubes da Fifa nas edições recentes. A vitória do Corinthians, em 2012, sobre o Chelsea, no Japão, foi a última vez em que o vencedor da Liga dos Campeões foi superado.

A possibilidade de recrutar craques com contratações caríssimas ajuda a explicar a distorção de valores entre os continentes de maior tradição no futebol. Apenas como exemplo, o português Cristiano Ronaldo vale, sozinho, R$ 368 milhões, mais do que qualquer uma das 16 equipes da Libertadores.

Se algum dos mais fortes times sul-americanos quiser ter o valor de mercado similar a alguma das estrelas do Real Madrid terá que ser menos exigente. Até mesmo a segunda peça mais valiosa do clube espanhol, o galês Gareth Bale, tem valor de mercado superior ao elenco mais caro da Libertadores. São R$ 295 milhões ante R$ 269 milhões do River Plate.

Real Madrid faturou a Liga dos Campeões com vitória sobre a Juventus. Foto: Carl Recine/Reuters

As equipes brasileiras mais valiosas, Atlético-MG e Palmeiras, respectivamente, têm como paralelo mais próximo no elenco merengue dois outros titulares. O alemão Toni Kroos é o de valor mais próximo dos mineiros, enquanto o francês Benzema é quem mais rivaliza com o atual campeão brasileiro, apesar dos mais de dez reforços contratados para este ano.

Publicidade

“Não é desmerecer ninguém, mas em qualquer confronto, competir entre equipes sul-americanas e enfrentar equipes europeias há uma diferença imensa”, disse o técnico colombiano Juan Carlos Osorio, ex-São Paulo e atualmente treinador do México.

A diferença financeira tem se refletido em um abismo técnico nos confrontos. Atualmente, o sonho do título mundial para os clubes da América do Sul é uma expectativa quase ingrata, pela qualidade dos adversários europeus. O retrospecto histórico nos últimos anos, inclusive, se inverteu. Antes, os encontros eram mais parelhos.

Durante a realização da Copa Intercontinental, entre 1960 e 2004, os times da América do Sul levaram a melhor, com 22 títulos, um a mais do que os europeus. Mas desde o início do Mundial feito pela Fifa, com a primeira edição em 2000, o equilíbrio acabou. O placar nesse novo formato está 9 a 4 para o velho continente.

POTÊNCIA LOCAL No âmbito sul-americano, os clubes brasileiros estão em outro patamar na comparação aos demais países do continente, exceto a Argentina. As duas surpresas nessas oitavas de final são os bolivianos Jorge Wilstermann e The Strongest. Cada um dos elencos tem valor de mercado que equivale a cerca de 10% dos plantéis brasileiros.

PUBLICIDADE

Wilstermann fará contra o Atlético-MG nas oitavas de final o confronto mais desequilibrado em temos de mercado. O elenco todo soma cerca de R$ 13 milhões, número próximo à avaliação do TransferMarkt do valor do volante Adilson.

“O futebol boliviano não se compara ao brasileiro em termos financeiros, assim como é a relação entre Brasil e Europa. Há uma grande diferença”, explicou o zagueiro brasileiro Alex Silva, ex-São Paulo, que atua no Jorge Wilstermann.

O São Paulo contratou meses atrás o meia Thomaz, que jogava no time boliviano, por um valor irrisório para os padrões nacionais. O clube precisou pagar a multa rescisória, orçada em apenas R$ 250 mil.

Publicidade

O adversário do Palmeiras, o Barcelona, do Equador, trata com reverência o confronto. As mídias sociais do clube consideram o jogo de ida como a visita do “Colosso das Américas”, assim como o presidente do clube, Francisco Cevallos, demonstrou respeito. “O Palmeiras é uma potência. É o atual campeão brasileiro, um participante assíduo da Libertadores e que tem jogadores de seleção no elenco”, disse em entrevista coletiva na última semana.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.