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OPINIÃO - Bom aluno e mau treinador

Mano pede crédito ao que a Seleção fez. O problema é que em dois anos sob seu comando, o time não fez nada

Por LUÍS AUGUSTO MONACO
Atualização:

Mano Menezes deve ter sido um aluno exemplar no curso de “media training” que frequentou para fazer bonito em suas entrevistas como treinador da Seleção Brasileira. Mesmo quando está sob fogo pesado ele se lembra dos ensinamentos da cartilha e tenta mostrar serenidade, dando as respostas em tom monocórdio e com aquele ar “eu sei exatamente o que estou fazendo”.Uma pessoa que não veja a Seleção jogar e acompanhe as declarações do treinador conclui facilmente que tudo vai às mil maravilhas. Mas a distância entre o que Mano fala e o que seu time mostra é imensa.O técnico cobra que “se dê crédito ao que a Seleção já fez”. Mas o que, exatamente, a Seleção fez? Não ganhou de nenhum adversário do primeiro escalão, fez uma campanha lamentável na Copa América e perdeu o ouro olímpico diante do único adversário decente que teve pela frente.Ele também diz que a vitória sobre a Suécia foi “uma resposta positiva dada poucos dias depois de uma decepção”, o que seria um sinal de força psicológica. Prefiro aguardar a resposta num jogo que não seja festivo e contra um adversário melhorzinho.Por fim, com o peito estufado e com gestos estudados que aprendeu no “media training”, diz ter a convicção de que a Seleção está no caminho certo. Seria o caso de ele explicar melhor que caminho é esse.Ele começou o seu trabalho montando o time com três atacantes (Robinho, Pato e Neymar), depois tirou um atacante para colocar outro meio-campista, nos amistosos de preparação para a Olimpíada voltou aos três atacantes (Hulk, Damião e Neymar) e a partir da semifinal olímpica abriu mão novamente de um deles. Bancou Sandro como cabeça de área e no jogo com a Suécia o deixou no banco dizendo que gosta de volantes que sabem sair para o jogo. Testou 11 goleiros, ninguém sabe quem é o titular e morreu na Olimpíada com dois (Gabriel e Neto) que estavam há quase um ano sem jogar.O discurso ensaiado e o ar blasé não colam.

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