PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Os cem primeiros dias

Um balanço deste início de trabalho nos grandes clubes de São Paulo

Por Marília Ruiz
Atualização:

Os nossos olhos e ouvidos estão anestesiados com a quantidade de propaganda política dos 100 primeiros dias dos nossos prefeitos. Aparentemente a política se apropriou como nenhuma outra área ao festejado número redondo do máximo, do completo. Os governantes adoram segmentar suas realizações pela amostragem de 100 dias, nossas eras são medidas em séculos (100 anos) e a palavrinha que inspirou o Google é o gigantesco 1 seguido de 100 zeros que foi nomeado “googol” pelo matemático americano Edward Kasner.

PUBLICIDADE

Nossos exageros também são sempre elevados à centésima potência: falamos 100 vezes a mesma coisa, 100 vezes repetimos erros infantis, 100 vezes por dia temos comportamentos hiperbólicos que nos fazem quem somos. E os técnicos? E os times? E os craques? E os cartolas do futebol?

Carille, Eduardo Baptista e Rogério Ceni também acabam de completar 100 dias à frente de seus respectivos clubes. A montanha russa da opinião pública só não afetou ainda a popularidade do ex-goleiro são-paulino, respaldado por uma vida inteira como ídolo do São Paulo. Mas como a imprensa não é um armazém de secos e molhados, Ceni já experimentou a caneta vermelha dos jornalistas que não enxergam as novidades que ele diz ter implementado no clube e enxergam aqui e ali problemas de posicionamento tático do time que ainda sofre gols demais – menos nesta nova etapa.

Carille tem o melhor/pior emprego do mundo: nunca havia sido tanto – para o bem e para o mal. O passado como aprendiz de Tite lhe confere expectativa exagerada. Com elenco fraco e remendado com o ano em andamento e, ainda, prejudicado pelo comportamento abaixo da crítica do seus chefes, todo dia ele precisa provar que pode ser treinador do Corinthians.

Entretanto, Carille e Ceni têm mais coisas em comum do que imaginam. Passados esses 100 dias, ou um pouco mais, a impressão ainda é de pré-temporada. Mesmo que no discurso ambos tenham dito que não há mais testes, a verdade é que Corinthians e São Paulo estão longe de terem os 11 titulares na boca dos seus torcedores.

Publicidade

Com propostas opostas, um absolutamente conservador (Carille) e o outro com intenção de ser ousado (vimos isso em alguns jogos), as equipes mostram mais problemas do que maravilhas. Incrível como a ausência de um Cueva, Jadson e até Rodriguinho mudam São Paulo e Corinthians.

A vida está bem mais tranquila para quem chegou cheio de interrogações. Virou letra comum em prosa jornalística ou em verso de torcedor enaltecer o elenco palmeirense. O exagero de opções para as posições já até confundiu Eduardo Baptista, mas agora ele começa a dominar a arte de escalar os seus. Os gritos de Cuca já são quase inaudíveis no Allianz Parque. Mas é preciso esperar mais 100 dias. Voltarei nisso.

DECEPÇÃO - Experiência sem paciência O Santos começou 2017 como favorito no Paulista. Os desfalques por doença/contusões e o futebol desaparecido de Lucas Lima, Zeca e Vitor Bueno atrapalharam a campanha do time que havia chegado a todas as finais desde 2009. A Libertadores é a prioridade. Mas a campanha do Estadual, com derrota nos clássicos, foi ruim.

DECEPÇÃO 2 - Fórmula para ser esquecida Quem quer que tenha imaginado que essa fórmula de disputa do estadual mais rico do Brasil seria, digamos, “satisfatória”, errou feio. Que bom seria se os cartolas, que já se mostraram repetidas vezes incompetentes, se reunissem com gente competente e decente para refazer o Paulista-2018. Como qualquer torcedor, já encaminhei a minha ideia. Façamos todos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.