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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Os méritos de Crespo na conquista do título paulista pelo São Paulo

Treinador argentino se encaixa bem no clube do Morumbi e conquista primeiro troféu com poucos meses de trabalho

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Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Desde o começo da temporada, o São Paulo deixou bem claro o desejo de erguer uma taça. Havia motivos para isso. Era o primeiro ano do novo presidente. O time tinha se acertado com a chegada de Hernán Crespo e de alguns poucos reforços, como Miranda e Benítez. E a fila de conquistas crescia de forma a começar a incomodar atletas e torcedores.

No Morumbi, dirigentes e comissão técnica se acertaram numa comunhão que há muito não se via. Sob a liderança de Daniel Alves, parecia claro também para o elenco que já estava na hora de o time confiar em sua condição e brigar por conquistas. Como o Campeonato Paulista Sicredi 2021 é o primeiro torneio a acabar, o São Paulo não teve receio de abrir mão de atuar com os melhores na Copa Libertadores para concentrar sua artilharia no Estadual. Sim, o Paulistinha que uns e outros não queriam, o São Paulo queria. 

Hernán Crespo beija taça do Paulistão Foto: Alex Silva/ Estadão Conteúdo

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Diante do Palmeiras, no Morumbi, na grande decisão após empate sem gols no Allianz Parque, o São Paulo colheu os frutos de sua organização.

Foi humilde em admitir que o regional estava de bom tamanho neste momento de secura. A sede era grande. Era tudo o que o clube precisava. A taça do Paulistão quebra jejum de 16 anos sem faturar o torneio. A última vez foi em 2005, em um Estado que não existe mais. Em 2012, o time ganhou a Sul-Americana. E de lá para cá, não festejou mais nada. A angustia foi crescendo e as cobranças aumentando a cada fracasso em jogos importantes e eliminação. Mas tudo isso ficou agora para trás. O torcedor vê um novo São Paulo, com os mesmos jogadores, mas todos diferentes. Eles estão mais confiantes. 

É preciso pontuar alguns personagens desta conquista. O primeiro deles é a chegada de Hernán Crespo, que beijou a taça lembrando os velhos tempos de atacante na Itália. O técnico argentino arrumou o time com os jogadores que tinha em mãos. Contou com o reforço de alguns bons atletas, mas a definição tática é toda sua. Trabalhou cada jogador individualmente. Fez a cabeça de todos eles. Mudou Daniel de posição. Escalou três zagueiros. Alternou atletas sem romper o laço. Fez por merecer cada abraço nesta final.

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Em campo, o São Paulo foi melhor do que o Palmeiras, que não queria a taça e depois passou a querer. Como diz Muricy Ramalho, o futebol pune. Diferentemente do Palmeiras, o São Paulo sempre quis ganhar o Paulistão.

Há de se ressaltar a volta de Muricy Ramalho ao clube. Um cara totalmente identificado com as cores são-paulinas. Julio Casares também mostra-se um presidente pé quente. Tem muitos torcedores que acreditam nisso. E no futebol, essas crenças são válidas. 

É preciso ressaltar ainda a disposição de alguns jogadores de mudar suas características para servir o time. Reinaldo virou ala. Daniel voltou a ser lateral com camisa 10. Os zagueiros se acertaram e passaram a oferecer mais segurança aos colegas. Volpi parou de usar os pés em dribles ‘cardíacos’ que deixavam o torcedor sem ar.

A conquista coloca um ponto final no jejum de títulos e abre caminho para passos mais largos na temporada. O São Paulo está preparado para outras conquistas. Passou no teste com Crespo no comando. Mais modesto financeiramente, mostra-se um desafiante de peso a Flamengo e ao próprio Palmeiras nos torneios que ainda virão.

Ao Palmeiras, fica a lição de querer ganhar sempre. De não abrir mão de nenhuma taça porque todas são importantes. O time perdeu três troféus no começo deste ano. Poderia ter tido sorte melhor se tivesse trabalhado com mais apetite nas disputas, a exemplo do que ocorreu na temporada passada.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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