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Osmar: humilde guerreiro

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Por Agencia Estado
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No estacionamento do CT do Palmeiras, na área reservada aos jogadores, há vários Audi, duas BMW, duas Mercedes-Benz e algumas picapes importadas. Há também um Gol branco, modelo 1.0, ano 2001. Pertence ao camisa 9, o atual artilheiro do time no Brasileirão, o homem encarregado de fazer gols e dar alegrias à torcida. Pertence a Osmar. Um cara simples ao extremo, sem vaidades, que não está nem aí para o fato de seu carro ser "popular" e contrastar com os dos colegas de time. Osmar, aliás, é tão simples que nem parece jogador de futebol - enquanto muitos gastam além do que recebem, principalmente com artigos de luxo, Osmar economiza. "Sou simples, mesmo. Não vou mudar meu estilo só porque hoje jogo num clube como o Palmeiras. E me preocupo com o futuro." Ele não quer saber de luxo por saber que, até há alguns anos, era um trabalhador comum - foi lavrador numa plantação de maracujá e depois entregador de gás nas ruas de Marília (SP), sua terra natal. Isso, antes de ir parar nas categorias de base do Rio Branco, de Americana (SP). Então, rodou por Mogi, União São João e Santo André, até chegar ao Palmeiras, em agosto, quando, aí sim, aos 24 anos, passou a receber um salário alto - cerca de R$ 20 mil mensais. Com essa quantia, até poderia dar a entrada numa "caranga importada", como dizem seus colegas. Mas prefere aplicar tudo na poupança. "Deve ser legal ter um carro bom. Mas não penso nisso agora. Minha prioridade é juntar um dinheirinho e comprar uma casa para a minha mãe em Marília." Gastar dinheiro em roupa de marca também não é um hábito para Osmar. Enquanto seus colegas adotam estilos chamativos, desfilando jóias e grifes valorizadas, Osmar veste o que lhe dão. A única jóia que carrega é um cordão de ouro com a letra A - de Adão, seu pai, falecido há seis meses em decorrência de um ataque cardíaco. "Tem uma empresa aí que me dá umas roupas para eu vestir quando eu for aparecer na televisão. O bom é que é na ?faixa? (de graça), né?", conta o atacante, sorrindo, consciente de que vestir-se com estilo não é o seu forte. Exemplo: na última entrevista coletiva que concedeu, quinta-feira, na manhã seguinte à vitória sobre o São Caetano (quando marcou um gol), Osmar apareceu na sala de imprensa com um boné enfiado na altura das sobrancelhas e uma camisa que tinha uma das golas desalinhada, por cima da jaqueta. "É legal ter um tênis de marca e tal, mas não ligo muito para o que visto. Não dou importância para isso. Só fui ao shopping uma vez." Tímido, fala pouco, mas não por não ter instrução. Sua educação é até acima da média da maioria dos boleiros. Fez o segundo grau completo e só não entrou na faculdade de agronomia por falta de dinheiro. "Um dia, ainda volto a estudar." Ele é como um "popstar às avessas". Não gosta de câmeras, luzes, microfones. Chega a pedir ao assessor de imprensa do clube para não dar entrevistas. Evita participar até das mesas-redondas do domingo, apesar de saber que pode sofrer "perseguição" de alguns jornalistas. "Não me preocupo com fama. Quero é fazer meu trabalho". diz Osmar, que por enquanto resiste à tentação de contratar um assessor ou um empresário de renome no meio. "Não preciso dessas coisas." Osmar sabe que, para ser um ídolo, não basta apenas fazer gols. É preciso carisma. O que o chateia é ouvir comparações. Principalmente com Vágner Love. "Eu sou eu, o Vágner é o Vágner. Ele fez uma história aqui no Palmeiras. E eu estou só começando."

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