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Outros já viveram crise do Flamengo

Por Agencia Estado
Atualização:

A destituição de Edmundo Santos Silva não é fato inédito no Brasil. Pelo menos dois outros clubes famosos viveram, no passado, situação semelhante à do Flamengo. O Corinthians tirou do cargo o presidente Miguel Martinez, em 1974, e o Palmeiras cassou Jordão Bruno Saccomani, em 1978. Em ambos os casos, a má administração foi o motivo para justificar o impeachment. Martinez teve gestão conturbada no Corinthians, que coincidiu com o período em que o clube amargava longo jejum de títulos. A oposição não lhe deu trégua, até que conseguiu tirá-lo do poder. O principal líder da ala contrária ao presidente era Vicente Matheus, que assumiu o controle do clube por oito meses, em mandato-tampão. O cartola, em seguida, ganhou as eleições e iniciou comando duradouro, interrompido quando fez seu sucessor, Valdemar Pires, no começo dos anos 80. A maior proeza de Vicente Matheus foi a conquista do Campeonato Paulista de 1977, depois de 24 anos de fila. Nessa mesma época, o rival Palmeiras assistia à ascensão de Saccomani à presidência, o ápice de décadas de trabalho no clube. O dirigente atuava na construção civil, enfrentava problemas de caixa em suas empresas e recorreu ao dinheiro do clube. O escândalo estourou em 1978 e resultou em sua demissão. Brício Pompeu de Toledo assumiu. O ?caso Saccomani? tornou-se tabu no Parque Antártica. Anos depois, o ex-cartola pagou o que devia ao doar terrenos para o Palmeiras. No entanto, nunca pôde voltar a freqüentar o Palestra Itália. Praga ? A Europa orgulha-se de ser modelo de transparência na gestão do futebol. Mas não se vê livre da praga da corrupção. Há exemplos famosos ? talvez o maior de todos seja o do Olympique de Marselha. O clube francês se tornou dos mais influentes em seu país e no continente, entre o fim dos anos 80 e começo da década de 90. Sob o comando do empresário e político Bernard Tapie, formou time forte, ganhou cinco títulos nacionais e, em 93, faturou a Copa dos Campeões pela primeira vez. Sob o verniz da eficiência, o Olympique escondia podridão. No fim do Campeonato Francês de 93, descobriu-se que a equipe de Tapie havia sido beneficiada por arranjos de resultados. A federação de futebol local abriu processo, que resultou na perda do pentacampeonato e no rebaixamento para a Série B. Além disso, o presidente e seus principais auxiliares passaram por julgamentos ? nos tribunais esportivo e comum. Tapie foi condenado à prisão, perdeu mandato político, teve problemas com suas atividades comerciais e foi obrigado a abrir mão da presidência do Olympique. O clube ainda ficou sem o título europeu e esteve à beira da falência. Só recentemente, recuperou parte do prestígio. O Milan também viveu momentos dramáticos nos anos 80. Primeiro, com o escândalo da loteria esportiva, que o relegou à Segunda Divisão. Em seguida, com acusações de corrupção contra Giuseppe Farina, seu proprietário. O dirigente teve de passar o bastão, em 85, para Silvio Berlusconi, então empreendedor em ascensão. Com o dinheiro de seus investimentos, de suas tevês, o milionário evitou a bancarrota e formou um dos times mais famosos dos 103 anos de vida do Milan, em que brilharam os holandeses Van Basten, Rijkaard e Gullit. O caso mais recente de mau gerente é o de Giorgio Corbelli, presidente do Napoli. Há pouco mais de um ano, tirou o controle do clube de Corrado Ferlaino e garantiu que reorganizaria o time, relegado à Segunda Divisão. O projeto faliu porque, em março, a polícia descobriu que Corbelli fraudou milhares de pessoas que compraram ?obras de arte? que vendia em leilões por televisão. O presidente perdeu o cargo, foi para a prisão e o Napoli sofreu intervenção.

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